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Ocupação pré-cabralina
Os arqueólogos dividem os antigos habitantes da pré-história brasileira
em três grupos, de acordo com o modo de vida e ferramentas. Assim, temos os
povos: caçadores-coletores, do litoral e os agricultores. Estes grupos foram, posteriormente,
denominados pelos colonizadores europeus
como "índios".
Existem registros arqueológicos comprovando a presença humana no arquipélago do Marajó e na região de Santarém desde 3000 a.C. No Marajó, os povos agricultores habitavam em cabanas ou
casas subterrâneas, deste 3 500 anos atrás. Estes povos conheciam a cerâmica, os corantes, compostos medicinais naturais, praticavam a coivara (queimadas para limpar a terra) e plantavam mandioca. A mais conhecida cultura deste grupo é a cerâmica marajoara, que possui decoração e tamanho peculiares.
O período de 500 a 1300 foi o auge da cultura marajoara.
Ocupação portuguesa
Em 1500, o
navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón foi o
primeiro europeu a navegar pela foz do Rio Amazonas. Em 26 de agosto de 1542, o espanhol Francisco de Orellana
chegou também à foz do rio Amazonas, por via fluvial partindo de Quito,
no Equador. Em 28 de outubro de 1637, o português Pedro Teixeira partiu de Belém, foi até Quito e voltou: durante a expedição, ele fincou
um marco de pedra na confluência dos rios Aguarico e Napo, na atual fronteira entre Equador e Peru,
assegurando, para Portugal e, posteriormente, para o Brasil, a posse da maior
parte da Amazônia, incluindo a totalidade do atual território paraense.
Língua geral setentrional e nheengatu
Através do Diretório de 1757 e do Alvará de 1758, o Marquês de Pombal proibiu
o ensino da língua geral setentrional
(na época, a língua mais falada no Pará) nas escolas das ordens religiosas. Essa proibição do ensino formal da língua
acelerou a transformação da língua geral setentrional no nheengatu. O nheengatu permaneceu como a língua mais falada no
Pará até a seca de 1877, que levou,
para a Amazônia, milhares de retirantes nordestinos falantes da língua
portuguesa.
Cabanagem
De 1835 a 1840,
ocorreu a revolta da Cabanagem.
Ciclo da borracha
Primeiro ciclo
O Pará apresenta
uma economia sem relevância até cerca de 1880, quando começa o ciclo da borracha: muitos migrantes são recebidos,
principalmente da Região Nordeste do Brasil,
para realizarem a extração do látex em latifúndios pertencentes à elite da
capital, Belém. Durante quase quarenta anos, Belém do Pará foi a residência de
"barões da borracha", sendo construída, na cidade, uma réplica de Paris
pelo então prefeito Antônio Lemos: uma reforma urbana
invejável até por Rio de Janeiro e São Paulo. A província
tornou-se estado com a proclamação da República do
Brasil, em 15 de novembro de 1889.
Na década de 1910, termina o ciclo da borracha, voltando o Pará à pobreza e
passando a ser apenas um mero fornecedor de matérias-primas para o sudeste brasileiro.
Segundo ciclo
Na Segunda Guerra Mundial,
pelas mãos de Getúlio Vargas, foi criado
o Banco de Crédito da Borracha
para incentivar a retomada da extração de látex para a exportação, com a
demanda dos Estados Unidos, o que
ficou conhecido como o Segundo Ciclo da Borracha. Na mesma época, o governo estadunidense, interessado na localização estratégica de
Belém, implanta importantes obras na capital, como o aeroporto, a vila militar
e o Grande Hotel. Porém o
segundo ciclo não tarda a findar: com a rendição do Japão, cessam
os interesses militares dos Estados Unidos, são liberadas as colónias produtoras de
borracha na Ásia, perdendo novamente a preferência pela borracha
amazônica, sendo o Pará renegado outra vez à pobreza:
intensifica-se o papel de fornecedor de matérias-primas para a crescente
indústria da Região Sudeste do Brasil.
Redescoberta nos anos 1950/1960
Por volta de 1960,
o Pará foi "redescoberto": o presidente Juscelino Kubitschek
construiu Brasília e, paralelamente, construiu rodovias radiais ligando
diversas regiões do país à nova capital, sendo a rodovia Belém-Brasília uma delas. Mudou a temática
de transportes no Pará e na Amazônia, que era quase completamente fluvial, passando a ser rodoviarista. Essa estrada facilitou o escoamento de produtos
e pessoas em direção ao Distrito Federal e ao
resto da nação.
A colonização do Sudeste Paraense e a mineração em
Carajás
Já nos governos militares,
criou-se uma concepção de que a Amazônia possuía um solo extremamente fértil
(tese rechaçada recentemente), sendo um "vazio demográfico" que deveria
ser devastado e ocupado para ser o "celeiro agrícola da nação", para
garantir a posse das terras ao Brasil e para amenizar conflitos por terras em
outras regiões, com o lema "terras sem homens para homens sem terra".
Paralelamente,
foram realizadas prospecções minerais no Sudeste do Pará (região que tem Marabá como cidade-polo), responsáveis por descobrirem as Reservas de Carajás:
gigantescas reservas mineralógicas que deveriam ser exploradas.
Foi realizado um
grande plano de colonização das terras que margeavam as estradas, na linha
entre Belém e Brasília (Sudeste do Pará), onde foram implantadas agrovilas e
rurópoles. Muitos migrantes foram atraídos, principalmente do Nordeste e do Sul
do Brasil, porém fracassaram os planos de assentamento: os colonos abandonaram
seus lotes e mudaram-se para as maiores cidades do Sudeste Paraense,
ocasionando inchaço populacional, grilagem de terras, constituição de
latifúndios, devastação, desterritorialização de populações tradicionais e
corrida pelo ouro em Serra Pelada. O que foi um clima
extremamente propício para que o Sudeste Paraense se tornasse um local
desflorestado, dominado por uma elite agrária, muito produtivo (de bens
primários) e principalmente extremamente violento. Antes dos planos de
colonização, o Pará tinha cerca de 80 municípios: agora são 143 municípios,
quase todos criados no Sudeste do estado.
Nessa época
(década de 1980), houve a construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí,
que é a maior hidrelétrica 100% brasileira e que faz parte do plano de
crescimento econômico da região: ela foi inaugurada pelo presidente João Figueiredo, servindo
principalmente como fornecedora de energia a baixo custo para os grandes
projetos minerais e secundariamente para a população comum do estado.
Atualidade
Atualmente, com
uma economia baseada na exploração mineral, o Pará é a maior reserva
mineralógica do planeta: 75% de todas as exportações do Pará é minério,
principalmente proveniente das Reservas de Carajás; 13% de madeira, também
proveniente principalmente do Sudeste Paraense; 2% de pimenta e 10% de outros produtos
(principalmente energia elétrica, da hidroelétrica de Tucuruí). Sua capital é
uma metrópole comparável a Belo Horizonte, Porto Alegre ou a Brasília, com vôos para a Europa, Miami e Caribe sem necessidade de conexão em outras regiões
brasileiras. Goza de uma infraestrutura urbana herdada do Ciclo da Borracha, onde ocorrem frequentes e seguidos booms imobiliários promovidos por
grandes construtoras; a indústria estadual, ainda fraca, é baseada na
siderurgia para exportação, seu setor primário (agropecuária e mineração) é
concentrada no Sudeste do estado, sua rede de transportes valoriza o
rodoviarismo e despreza o fluviarismo, maior potencial de transportes da
Amazônia, por uma imposição dos brasileiros.
O Estado pode ser dividido basicamente em três grandes
áreas:
1. Nordeste
Paraense: menor região em território, cerca de 22% do estado, possui a capital,
Belém do Pará, que também é sua
cidade-pólo e a 10º maior cidade brasileira em número de habitantes [1 437 600,
segundo dados do Censo 2009]. Sem dúvida essa é a região com a melhor qualidade
de vida, possui uma grande malha viária, bom estado de conservação da floresta
amazônica e maior presença do poder público. Especializada no setor terciário
(comércio e serviços), há pouca concentração fundiária e melhor infraestrutura
para o turismo e estabelecimento de escritórios: é a região mais populosa e
povoada, onde a população é "tradicionalmente paraense" (origem basicamente
luso-indígena). Aí estão os menores municípios do Pará em cobertura
territorial. É dominada por uma elite ligada aos setores de comunicação,
construção civil e supermercadista.
2. Sudeste
Paraense: A região que mais gera riquezas do estado, cobrindo cerca de 25% do
mesmo, tem Marabá como cidade-polo. Possui um grande parque agromineral
voltado para a exportação, é onde estão situadas as Reservas de Carajás e o
maior número de latifúndios. Apenas cerca de 20% da população é paraense. É a
região do Bico do Papagaio, onde há a maior concentração de conflitos
fundiários no Brasil. A violência atual na região já é mais amena, se comparada
a décadas atrás. A região não para de receber migrantes, principalmente
nordestinos empobrecidos, visando a empregos simples e subempregos, e
fazendeiros sulistas emergentes visando à aquisição de terras para o
empreendimento do agronegócio. Existe a previsão que serão
mais um milhão nos próximos três anos, uma situação preocupante. Ainda com
muitos conflitos no campo e dominada por uma elite aristocrática ligada a
terra, essa região está quase toda devastada. Possui 1,3 milhões de habitantes
e 14 milhões de cabeças de gado: mais de 10 cabeças de gado per capita.
3. Oeste do Pará:
compreende mais da metade de todo o Estado, é a região menos povoada e menos
populosa, que menos gera riqueza, onde a floresta amazônica está melhor
preservada. Esta região compreende o centro, o sudoeste, o oeste e o noroeste
do Pará, tem Santarém como cidade-polo.
Tendo sua população tradicionalmente de paraenses, a região vem sofrendo
recente crescimento econômico com o escoamento de soja
produzida no Mato Grosso (maior produtor sojeiro do
planeta) através da hidrovia Tapajós-Teles Pires
e da rodovia Santarém-Cuiabá, o produto é transportado
até o porto de Santarém, onde é
embarcado diretamente para a exportação internacional. 5% de toda a soja
exportada por Santarém já é de produção própria. A região é dominada por uma elite
de comerciantes e de fazendeiros tradicionais e possui os maiores e menos
habitados municípios do Pará, em extensão territorial, entre eles Altamira, que é o maior município do mundo.
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