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Xavantes, uma das etnias indígenas que habitam o território
mato-grossense desde antes do período colonial português
O estado de Mato Grosso já
passou por diversas levas de ocupação humana, desde as dos índios até a chegada dos
luso-descendentes, durante o período de colonização
portuguesa do Brasil, por meio das expedições dos bandeirantes em
busca de pedras preciosas e índios para servirem de escravos. A mais recente leva é a chegada
de migrantes da Região Sul do Brasil, a partir da década
de 1980.
Ocupação indígena
Desde o
século 9, já existiam, na região do alto rio Xingu,
grandes aldeias indígenas em formato circular que abrigavam, cada uma, até 2
000 pessoas. Essas aldeias eram cercadas por fossos e paliçadas e
eram interligadas entre si por estradas de até quarenta metros de largura,
formando uma rede de aldeias que chegou a abrigar, no total, até 50 000
pessoas. Essa rede de aldeias atingiu seu auge no século 13, vindo a
desaparecer antes da chegada dos primeiros europeus à região. A maior dessas
aldeias recebeu o nome de Kuhikugu.
Mapa do século XVIII da "Chapada das
Minas" durante a corrida do ouro na região
No século
16, quando os primeiros europeus chegaram à região do atual estado de Mato
Grosso, ela era habitada por uma grande diversidade de povos indígenas,
pertencentes principalmente a quatro grupos linguísticos: tupi, macro-jê, aruaque e caribe.
Expedições de origem europeia
O que hoje
conhecemos como Mato Grosso já foi território espanhol, levando-se em conta os
limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas - pelo qual o
Brasil teria menos que 30% de seu atual território. As primeiras incursões
europeias no território do Mato Grosso datam de 1525, quando Pedro Aleixo
Garcia foi em direção à Bolívia,
seguindo as águas dos rios Paraná e Paraguai.
Posteriormente, portugueses e espanhóis foram atraídos à região devido aos
rumores de que haveria muita riqueza naquelas terras ainda não devidamente
exploradas. Também vieram jesuítas espanhóis,
que criaram missões entre os rios Paraná e
Paraguai com o objetivo de assegurar a posse espanhola da região contra as
possíveis tendências expansionistas dos portugueses.
Mapa português para colonização de Vila Bela da Santíssima Trindade,
primeira capital da Capitania de Mato Grosso
Foram feitas
diversas expedições, entre elas as entradas e
as bandeiras.
As entradas eram financiadas por Portugal e
partiam de qualquer lugar do Brasil, não ultrapassando o Tratado de Tordesilhas. As bandeiras foram
financiadas pelos paulistas. Somente eles foram ao oeste, ultrapassando a
linha de Tordesilhas.
Durante as
bandeiras, em 1718 uma expedição de bandeirantes organizada por Pascoal Moreira Cabral Leme chegou
ao Rio Coxipó em busca dos índios coxiponés e
logo descobriu ouro nas margens do rio, alterando assim o objetivo da
expedição. Em 8 de abril de 1719, foi fundado o Arraial da Forquilha às margens
dos rios dos Peixes, Coxipó e Mutuca. O nome
"forquilha" vem do fato de que, neste ponto de encontro dos rios, era
formado o desenho de uma forquilha. Esse núcleo deu origem à atual cidade de Cuiabá.
A região de Mato Grosso era subordinada à Capitania de São Paulo governada por
Rodrigo César de Meneses para fiscalizar a exploração do ouro e da renda. O
governador da capitania mudou-se para o Arraial de Cuiabá, que em 1726 foi
elevado a categoria de vila, recebendo um novo nome: Vila Real do Senhor Bom
Jesus de Cuiabá. Em 1748, foi criada a capitania de Mato Grosso, concedendo, a
coroa portuguesa, isenções e privilégios a quem ali quisesse se instalar.
Os motivos
pelos quais ocorreram as expedições para o oeste do Brasil são
diversos. A coroa portuguesa precisava ocupar as terras a oeste para se
defender da ocupação espanhola de oeste para leste e preservar o
Tratado de Tordesilhas. As expedições feitas pelos paulistas foram de caráter
principalmente econômico: procura por mão de obra escrava indígena e exploração
de ouro e pedras
preciosas. As monções em 1722 foram realizadas
com o fim de realizar trocas de mercadorias de consumo por ouro nas áreas de
mineração. O atual território mato-grossense somente veio a ser reconhecido
como português pelo Tratado de
Madri, em 1750.
Igreja Matriz, vestígio da colonização
portuguesa no município de Vila Bela da Santíssima Trindade
Governadores coloniais
A partir
de 1748, Mato Grosso e Goiás foram
desmembradas da capitania de São Paulo, criando-se, então
a capitania de Mato Grosso, com os seguintes governantes:
·
Antônio Rolim de Moura Tavares de 1751 a 1765, fundou a primeira
capital Vila Bela da Santíssima Trindade.
·
Luís Pinto de Sousa Coutinho
de 1769 a 1772, expulsou os jesuítas e
fundou vários fortes e
povoados.
·
João Carlos Augusto d'Oeynhausen e Gravembourg (Marquês de
Aracati) de 1807 a 1819: iniciou a transferência da capital de Vila Bela
para Cuiabá.
A mudança da
capital foi por motivos de distância e dificuldade de comunicação com os
grandes centros do Brasil. O processo de transferência foi iniciada no governo
de João Carlos Augusto d'Oeynhausen e Gravembourg e grande parte da administração foi transferida no governo
de Francisco de Paula Magessi de Carvalho. Por dificuldades na administração, a
capital retornou a Vila Bela. Somente em 1825, por um decreto
de dom Pedro I,
a capital ficou definitivamente em Cuiabá.
Quilombo do Piolho
Na segunda
metade do século 18, existiu o quilombo do
Piolho, entre a atual fronteira do Mato Grosso com a Bolívia e
a atual cidade de Cuiabá. O quilombo abrigou negros e
índios fugidos da escravidão e foi destruído por
duas bandeiras enviadas pelo governo
colonial português em 1770 e 1791.
Província de Mato Grosso
Cinco anos
antes da proclamação de Independência do
Brasil, todas as capitanias se tornaram províncias.
O primeiro acontecimento político da época foi a Rusga, em que os grupos
políticos liberais e conservadores queriam reformas políticas, sociais e
administrativas. Em 1864 iniciou-se a Guerra do Paraguai. Paraguai fazia fronteira
com Mato Grosso (na região do atual Mato Grosso do Sul). Mato Grosso participou da
guerra com índios e protegendo as fronteiras do
estado na época.
Divisão do país
Depois de
uma pequena divisão do estado durante a Revolta Constitucionalista de 1932,
quando o sul formou um pequeno governo durante 90 dias, em 1977 o governo
federal decretou a divisão do Estado de Mato Grosso, formando, então, Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul devido à "dificuldade em desenvolver a região
diante da grande extensão e diversidade".
Em 1943, a área localizada a
noroeste, com pequena área do estado do Amazonas às
margens do Rio Madeira, passou a constituir o Território Federal do Guaporé, que,
atualmente, constitui o estado de Rondônia.
Além disso,
do mesmo ano de 1943 a 1946, uma pequena porção do território mato-grossense
localizada a sudoeste constituiu o Território de Ponta Porã.
Evolução territorial do Mato Grosso em mapas
(1709-atual)
·
1709
Mato Grosso em 1709, como parte da capitania de São Paulo
Mato Grosso em 1709, como parte da capitania de São Paulo
·
1789
Mato Grosso em 1789
Mato Grosso em 1789
·
1822
Mato Grosso em 1823, durante o Primeiro Reinado
Mato Grosso em 1823, durante o Primeiro Reinado
·
1889
Mato Grosso em 1889, após a Proclamação da República do Brasil
Mato Grosso em 1889, após a Proclamação da República do Brasil
·
1943
Mato Grosso em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial e após a criação do Território Federal do Guaporé, atual estado da Rondônia
Mato Grosso em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial e após a criação do Território Federal do Guaporé, atual estado da Rondônia
·
1990
Mato Grosso nas configurações atuais e após a criação do Mato Grosso do Sul
Mato Grosso nas configurações atuais e após a criação do Mato Grosso do Sul
Mapa do atual estado de Mato Grosso
Parque do Xingu
Em 1961, por
iniciativa dos Irmãos Villas-Bôas, foi criado, no norte do
estado, o atual Parque Indígena do Xingu, visando a
abrigar diversas tribos indígenas brasileiras.
O cultivo da soja
Colheita mecanizada de soja em Rondonópolis em
2009
A partir da
década de 1980, o cultivo da soja introduzido por migrantes da Região Sul do Brasil com apoio do
governo federal cresceu enormemente no estado, levando este, na
década seguinte, a atingir o primeiro lugar na produção dessa leguminosa no
país.[7] Essa
expansão agrícola, incluindo a expansão da criação de gado bovino, vem gerando,
no entanto, preocupações relativas ao desmatamento e
aos conflitos entre posseiros e indígenas pela posse da terra.
Vista atual de Cuiabá, a capital do estado
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