História da Alemanha
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História da Alemanha
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Antiguidade
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Idade Média
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Formando uma nação
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Império Alemão
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Alemanha moderna
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A história da Alemanha inclui os acontecimentos ocorridos nos territórios de língua alemã que correspondem aproximadamente ao Estado formado em 1871 em Versalhes, quando o Império Alemão, dirigido pela Prússia, foi constituído.
O Sacro Império Romano Germânico, que
existiu desde o século VIII até 1806,
é considerado o primeiro Reich alemão (Reich, Império, em alemão,
termo usado para descrever os sucessivos períodos históricos do povo alemão).
No momento de maior extensão territorial, o Império incluía o que são hoje a
Alemanha, a Áustria,
a Eslovênia,
a República Checa, o oeste da Polônia,
os Países Baixos, o leste da França,
a Suíça e
partes da Itália
central e setentrional. A partir de meados do século XV,
passou a ser conhecido como o "Sacro Império Romano da Nação
Germânica". O Império Alemão de 1871-1918 é chamado de o
Segundo Reich, de modo a indicar a sua descendência do império medieval.
Segundo o mesmo raciocínio, Adolf Hitler referia-se à Alemanha Nazista
(1933-1945) como o Terceiro Reich.
O termo "germanos"
é usado para referir-se ao grupo ou grupos étnicos oriundos da Idade do Bronze
Nórdica, que falavam línguas germânicas e ocupavam a chamada Germânia.
A partir do período histórico do Sacro Império, pode ser empregado o termo
"alemães" para designar os habitantes do Império.
Germanos e romanos
Torre de observação do Limes
restaurada.
Entre 800 e 70
a .C., as tribos germânicas no norte migraram para
território celta,
avançando até os rios Oder e Reno e
para o que é hoje a Alemanha meridional.
Por volta de 58
a .C., os romanos,
por meio de uma sucessão de campanhas militares, tornaram o Reno a fronteira
nordeste do Império Romano, o que levou à romanização da
margem esquerda do rio e a incorporação das sociedades celtas centro-europeias
ao Império. Construíram-se fortes romanos em Colônia, Trier, Coblença,
Mogúncia
e em outros locais de modo a permitir a defesa da fronteira renana, onde os
romanos e os germanos se encontravam frente a frente. Em 9 d.C., um exército
romano chefiado por Públio Quintílio Varo foi derrotado pelo chefe
germano Armínio,
na Batalha da Floresta de Teutoburgo. A Germânia
até o Reno e o Danúbio permaneceram fora do Império Romano.
A partir de 90 d.C., os romanos construíram o Limes, uma linha
defensiva de 550
quilômetros do Reno até o Danúbio, planejada para conter
as incursões germânicas na fronteira, bem como uma série de fortificações (como
os de Wiesbaden,
Augsburgo,
Ratisbona
e Passau).
O século III assistiu à aparição de grandes tribos germânicas ocidentais - alamanos,
francos,
catos, saxões,
frísios,
turíngios.
Em cerca de 260, os germanos finalmente romperam o Limes e a fronteira
do Danúbio.
No século IV, o avanço dos hunos Europa adentro deu
início a um período chamado de Grandes Migrações, que mudou completamente o
mapa do continente europeu. Ao unificar os francos e conquistar a Gália,
o rei merovíngio
Clóvis
tornou-se o fundador do Reino Franco. Em 496, os francos derrotaram os alamanos,
aceitaram a fé católica e passaram a ser apoiados pela Igreja.
As províncias romanas ao norte dos Alpes já eram cristãs
desde o século IV, e centros cristãos, como Augsburgo, foram mantidos mesmo
após a queda do Império Romano do Ocidente. Entretanto, a
partir de 600 d.C., houve um novo esforço missionário cristão dirigido às
tribos bárbaras. Os mosteiros de Würzburg,
Ratisbona, Reichenau e outros foram fundados por monges irlandeses. A
atividade missionária no Reino Franco continuou pelas mãos do monge anglo-saxão
Bonifácio,
que estabeleceu o primeiro mosteiro a leste do Reno, em Fritzlar.
Dioceses
episcopais sob autoridade papal foram criadas para propagar a fé cristã nas
terras germânicas.
Sacro Império Romano
Carlos Magno,
por Albrecht Dürer.
Em 751, Pepino, o Moço
(erroneamente chamado O Breve), Prefeito do Palácio sob o rei merovíngio,
assumiu o título de rei dos
francos
e foi ungido pela Igreja; os reis francos passaram então a atuar
como protetores do Papa.
Os sucessores de Pepino lançaram uma longa campanha contra os pagãos saxões,
os quais terminaram por ser conquistados e convertidos a força, quando suas terras
foram anexadas pelo Reino Franco.
Durante a Idade da Pedra
os bosques alemães estavam povoados por grupos de caçadores e coletores.Nos
séculos II AC e V DC os romanos que tiveram contato com as tribos
germânicas e tentaram sem êxito estender seu domínio até o rio Elba.
De 772 a
814, o Rei Carlos Magno estendeu o império carolíngio até a Itália
setentrional e os territórios de todos os povos germânicos,
inclusive os saxões e os bávaros. Em 800,
a sua autoridade na Europa Ocidental
foi confirmada com a sua sagração como imperador, em Roma, estabelecendo-se,
assim, o que viria a chamar-se Sacro Império Romano-Germânico. O reino
franco foi dividido em condados e suas fronteiras eram protegidas por marcas.
Entre 843 e 880, após disputas entre os netos de Carlos
Magno, o império carolíngio foi dividido, conforme o Tratado de Verdun
(843). O império germânico desenvolveu-se a partir do reino franco do leste, a Frância oriental (Francia Orientalis). A
linha carolíngia oriental extinguiu-se com a morte de Luís, o Menino (911), filho de Arnulfo da Caríntia, De 919 a 936, os povos
germânicos (francos, saxões, suábios e bávaros) foram unidos pelo Duque Henrique da Saxônia, que assumiu o título de
rei. Pela primeira vez, o termo Reino (Império) dos Germanos (Regnum
Teutonicorum) foi aplicado ao reino franco.
Em 936, Otão I, o Grande foi coroado em Aachen. Fortaleceu a
autoridade real ao nomear bispos
e abades
como príncipes do Império (Reichsfürsten), estabelecendo uma igreja
nacional (Reichskirche). Em 951, casou-se com Adelaide da Borgonha
(viúva do rei dos lombardos), recebendo então a coroa lombarda. As principais
ameaças externas ao reino foram contidas quando Otão derrotou os húngaros
na Batalha de Lechfeld (955) e subjugou os eslavos
entre o Elba e o Oder. Em 962, foi coroado imperador, em Roma, a exemplo de
Carlos Magno, passando a exercer portanto uma forte influência alemã sobre o
Papado.
Em 1033,
a Borgonha foi incorporada ao Reino dos Germanos, durante o
reinado de Conrado II, primeiro imperador da dinastia
sália (ou francônia).
Durante o reinado de seu filho, Henrique III, a Alemanha apoiou a reforma
clunicense da Igreja — a "paz de Deus", a proibição da simonia
(compra de cargos eclesiásticos) e o celibato dos sacerdotes. A autoridade
imperial sobre o Papa atingiu o ápice. O Império continuava a expandir-se para
o oriente — uma fortaleza imperial (Pfalz) foi construída em Goslar.
A Questão das Investiduras começou quando Henrique IV e o Papa Gregório VII divergiram a respeito das
nomeações para cargos eclesiásticos. O imperador viu-se obrigado a submeter-se
ao Papa em Canossa,
em 1077, após haver sido excomungado. Em 1122, uma reconciliação temporária foi obtida
entre Henrique V e o Papa, mediante a Concordata de Worms. Foram conseqüências da
Questão das Investiduras um enfraquecimento da Reichskirche otoniana e o
fortalecimento dos príncipes seculares alemães.
O período entre 1096 e 1291 é conhecido como a Época das Cruzadas.
Estabeleceram-se ordens religiosas de cavalaria, inclusive os Templários,
os Cavaleiros de São João e a Ordem Teutônica.
A partir de 1100, fundaram-se novas vilas em torno de
fortalezas imperiais, castelos, palácios episcopais e mosteiros.
As vilas começaram a estabelecer direitos e liberdades municipais, enquanto a
população rural continuava na servidão.
Diversas localidades tornaram-se Cidades Livres Imperiais, que não dependiam de
príncipes ou bispos, mas estavam diretamente sujeitas ao Imperador. As cidades
eram governadas por patrícios (comerciantes). Os artesãos formaram corporações, regidas
por normas estritas, que procuravam obter o controle das cidades. O comércio
com o oriente e o norte intensificou-se quando as principais cidades comerciais
se uniram na Liga Hanseática, sob a liderança de Lübeck.
A expansão germânica em direção ao oriente fez com que
camponeses e citadinos alemães, bem como a Ordem Teutônica, colonizassem
territórios habitados pelos eslavos a leste do Oder (Boêmia,
Silésia,
Pomerânia,
Polônia
e Livônia),
formando vilas e cidades.
Entre 1152 e 1190, durante o reinado de Frederico I (Barbarossa), da dinastia Hohenstaufen,
chegou-se a um entendimento com o partido guelfo, por meio da cessão do Ducado
da Baviera
a Henrique o Leão, Duque da Saxônia. A Áustria
tornou-se um ducado separado, devido ao Privilegium Minus de 1156.
Barbarossa tentou recuperar o controle da Itália. Em 1177, o Imperador e o Papa
finalmente lograram reconciliar-se, em Veneza.
Em 1180, Henrique o Leão foi considerado fora-da-lei e a
Baviera foi outorgada a Otão de Wittelsbach (fundador da dinastia
que governaria a Baviera até 1918); a Saxônia foi dividida.
O período de 1184 a 1186 assistiu ao zênite do império de
Barbarossa. O poder dos senhores feudais foi reduzido através da nomeação de
funcionários imperiais. A sofisticação da vida na corte levou ao
desenvolvimento da cultura e da literatura alemãs.
Entre 1212 e 1250, Frederico II estabeleceu um Estado moderno e
com administração profissional na Sicília.
Continuou a conquista da Itália, causando conflitos com o Papa. No Império,
concederam-se grandes poderes soberanos a príncipes seculares e eclesiásticos,
o que fez surgir Estados territoriais independentes. O conflito com o Papa
minou o poder do Império, pois Frederico II foi três vezes excomungado. Após
sua morte, a dinastia dos Hohenstaufen caiu, seguindo-se um interregno durante
o qual não houve Imperador.
Em 1226,
a Ordem Teutônica conquistou e evangelizou partes da Prússia,
cuja população foi dizimada por aqueles cavaleiros, que haviam sido convidados
a entrar na Polônia por Conrado da Masóvia, um duque polonês. Mas a partir de
1300 o Império começou a perder território em todas as suas fronteiras.
O fracasso das negociações entre o Imperador Luís IV e o Papado fez com que, em 1338, seis
dos sete eleitores declarassem em Rhens que doravante a
eleição por todos ou pela maioria automaticamente conferiria ao eleito o título
real (rei dos romanos) e o governo do Império, dispensada a confirmação papal.
Entre 1346 e 1378, o Imperador Carlos IV de Luxemburgo, rei da Boêmia,
procurou restaurar a autoridade imperial.
Da Dança da Morte, por Hans Holbein, o Jovem (1491).
Em meados do século XIV, a Peste Negra
dizimou a Alemanha e a Europa. Os judeus
foram perseguidos com pretextos religiosos e econômicos; muitos fugiram para a
Polônia.
A Bula Dourada de 1356 determinava que, no
futuro, o Imperador seria escolhido por sete eleitores — os arcebispos
de Mogúncia,
de Trier e
de Colônia, o rei da Boêmia, o conde Palatino do
Reno, o duque da Saxônia e o Marquês de Brandemburgo.
Em seguida aos desastres do século XIV, a sociedade europeia
moderna veio à luz gradualmente, resultado de mudanças econômicas, religiosas e
políticas. Surgiu uma economia monetária, que provocou descontentamento entre
cavaleiros e camponeses. Um sistema proto-capitalista
evoluiu aos poucos a partir do feudalismo. A família Fugger, por meio de suas atividades
comerciais e financeiras, ganhou notoriedade; seus membros tornaram-se homens
de finanças junto a governantes eclesiásticos e seculares.
A nobreza viu o seu monopólio das armas e das habilidades
militares ser minado com a aparição de exércitos mercenários
e de soldados de infantaria. Tornaram-se comuns as atividades de nobres
inescrupulosos (os Raubritter, que cobravam impostos ilegais). A partir
de 1438, os Habsburgos,
que controlavam a maior parte do sudeste do Império (o que corresponde hoje a
Áustria e Eslovênia e, depois de 1526, Boêmia e Morávia),
lograram assegurar para si a dignidade de Sacro imperador até 1806 (exceto no
período 1742-1745). Esta situação, porém, causou crescente desunião entre os
governantes territoriais alemães e impediu que, diferentemente do que ocorreu
na França
ou na Inglaterra,
todas as regiões da nação fossem reunidas em um só Estado nacional.
Durante seu reinado (1493-1519), Maximiliano I procurou reformar o Império:
criou-se uma Suprema Corte Imperial (Reichskammergericht), cobraram-se
impostos imperiais, aumentou-se o poder da Dieta Imperial (Reichstag).
As reformas, entretanto, foram frustradas pela contínua fragmentação
territorial do Império.
Reforma Religiosa e Guerra dos Trinta Anos
Martinho Lutero.
No início do século XVI, era crescente o descontentamento
na Alemanha com os abusos na Igreja Católica
e havia um desejo de reforma. A Reforma Religiosa (ou Protestante) começou em
1517, quando Martinho Lutero pregou as suas "95 Teses"
no portão da igreja do castelo em Wittenberg.
Em 1515, uma rebelião de camponeses da Frísia
instaurou-se. Liderados por Pier Gerlofs Donia e Wijerd Jelckama,
milhares de frísios
lutaram contra a supressão de seus territórios pelo Imperador Carlos V. As hostilidades só tiveram fim em
1523, com a intervenção do exército holandês, quando as forças rebeldes
(organizadas no Arumer Zwarte Hoop)
perderam seus líderes, capturados e decapitados.
Em 1521, Lutero foi declarado fora-da-lei pela Dieta de Worms.
Mas a Reforma propagou-se rapidamente, com o incentivo das guerras do Imperador
Carlos V contra a França e os turcos.
Escondido no Castelo de Wartburg, Lutero traduziu a Bíblia
para o alemão, lançando as bases da moderna língua alemã.
Em 1524, estalou a Guerra dos Camponeses, na Suábia,
Francônia
e Turíngia,
contra os príncipes e senhores governantes, segundo a pregação de certos
sacerdotes reformistas. Mas as revoltas, apoiadas por nobres com experiência
militar tais como Götz von Berlichingen e Florian Geyer (na Francônia) e pelo
teólogo Thomas Münzer (na Turíngia), foram reprimidas
pelos príncipes territoriais.
A Contra-Reforma teve início em 1545 na Alemanha. O impulso
principal foi dado pelos Jesuítas, ordem fundada pelo espanhol Ignácio de Loyola. O centro e o nordeste da
Alemanha tornaram-se protestantes, enquanto que o oeste e o sul permaneceram
predominantemente católicos. Na Guerra da Liga de Esmalcalda, em 1546-7, Carlos V
derrotou os governantes luteranos.
A Paz de Augsburgo (1555) reconheceu a fé luterana.
O tratado
também determinava que a religião de um Estado seria a do governante (Cuius regio, eius religio).
Carlos V abdicou em 1556. O Império Habsburgo foi
dividido, quando a Espanha foi separada dos territórios germânicos. Em 1608-9, a União Protestante e a Liga Católica foram formadas.
O período de 1618 a 1648 foi marcado na Alemanha pela Guerra dos Trinta Anos. As causas foram os
confrontos entre católicos e protestantes, os esforços dos diversos Estados dentro
do Império no sentido de concentrar poder e a tentativa, da parte do Imperador,
de concretizar uma união política e religiosa. A causa imediata da guerra foi o
levante da nobreza protestante da Boêmia contra o Imperador (Defenestração de Praga), mas o conflito
ampliou-se, tornando-se uma guerra europeia, com a intervenção do Rei Cristiano IV da Dinamarca (1625-29), do
Rei Gustavo II Adolfo da Suécia (1630-48) e da
França, sob o Cardeal Richelieu, regente do jovem Luís XIV (1635-48). A Alemanha foi o maior
teatro de operações da guerra e o palco da disputa final entre França e os
Habsburgos pela supremacia na Europa. Como resultado da guerra, grandes áreas
da Alemanha foram destruídas, com a perda de algo como um terço da sua
população, e houve um empobrecimento geral.
A guerra terminou em 1648, com a Paz de Vestfália, celebrada em Münster
e Osnabrück:
a França e a Suécia receberam territórios anteriormente alemães, e os Países Baixos
tornaram-se independentes do Sacro Império. O poder dos príncipes territoriais
aumentou, em detrimento da autoridade imperial central, que se viu
irreparavelmente abalada.
Fim do Sacro Império
Romano
A partir de 1640, Brandemburgo-Prússia começara a
destacar-se, sob o governo do Grande Eleitor, Frederico
Guilherme. A Paz de Vestfália fortaleceu ainda mais a Prússia, por
meio da aquisição da Pomerânia Oriental. Um sistema
absolutista de governo foi adotado.
Em 1701, o Eleitor Frederico de Brandemburgo
foi coroado "rei na Prússia". No período de 1713 a 1740, o Rei Frederico Guilherme I, também conhecido
como o "Soldado Rei", estabeleceu um Estado altamente centralizado.
Entrementes, Luís XIV de França conquistara partes da Alsácia
e Lorena
(1678-1681), e invadira e devastara o Palatinado (1688-1697). Luís XIV
aproveitou-se dos problemas do Império com os turcos, que ameaçavam a Áustria,
mas terminou por desistir do Palatinado.
Em 1683, os otomanos sofreram uma derrota
fora dos muros de Viena,
nas mãos de tropas polonesas chefiadas pelo Rei João Sobieski;
a cidade era defendida por forças alemãs e austríacas sob comando de Carlos IV, duque de Lorena.
A Hungria
foi reconquistada e receberia, mais tarde, colonos alemães. A Áustria,
governada pelos Habsburgos, tornou-se uma grande potência.
Partições da Polônia.
Durante a Guerra de Sucessão Austríaca (1740-1748), Maria Teresa da Áustria logrou obter o
reconhecimento de sua ascensão ao trono, mas teve que ceder a Silésia a Frederico II da Prússia, ao fim das Guerras
Silésias e da Guerra dos Sete Anos. A Prússia, por sua vez,
tornou-se uma grande potência após a Paz de Hubertsburg, em
1763, celebrada com a Áustria e a Saxônia. Começou então a rivalidade entre
Áustria e Prússia pela liderança da Alemanha.
A partir de 1763, tanto a Prússia quanto a Áustria adotaram
o "despotismo esclarecido": a economia
desenvolveu-se, providenciaram-se reformas legais (inclusive a abolição da
tortura e a melhoria do status dos judeus), teve início a emancipação
dos servos e promoveu-se a educação.
No período 1772-1795, a Prússia participou da partilha da Polônia, ocupando territórios a
oeste da Grande Polônia, o que começou uma
resistência polonesa de séculos contra a presença alemã.
A Revolução Francesa provocou uma nova guerra
entre a França e vários países a leste, inclusive a Prússia e a Áustria. Em
seguida à Paz de Basileia com a Prússia, em 1795, a França recebeu a
margem esquerda do Reno.
Napoleão I da França recomeçou a guerra com o
Sacro Império. Em 1803, ele aboliu quase todos os territórios eclesiásticos,
estados pequenos e cidades livres imperiais. Estabeleceram-se novos estados de
tamanho médio no sudoeste da Alemanha. A Prússia ganhou, por sua vez,
território no noroeste.
O Sacro Império Romano-Germânico foi dissolvido
formalmente em 6 de agosto de 1806, com a renúncia do último Sacro Imperador,
Francisco II (a partir de 1804, Francisco I da Áustria). A dinastia de
Francisco manteve o título de Imperadores Austríacos até 1918. Em 1806, a Confederação do Reno foi criada, sob a proteção
de Napoleão.
A Paz de Tilsit foi assinada em 1807, após a derrota do exército
prussiano frente às forças revolucionárias francesas em Jena e Auerstedt: a Prússia cedeu à França todas
as suas possessões a oeste do Elba e estabeleceu-se o Reino da Vestfália,
governado pelo irmão de Napoleão, Jérome. O Ducado de Varsóvia recuperou alguns dos
territórios prussianos conquistados à Polônia.
No período de 1808 a 1812, a Prússia foi reconstruída e uma série de
reformas regulou a administração municipal, a liberação dos camponeses e a
emancipação dos judeus. A reforma do exército foi empreendida pelos generais
prussianos Gerhard von Scharnhorst e August von Gneisenau.
Em 1813, tiveram início as guerras de liberação, em
seguida à destruição do exército napoleônico na Rússia
(1812). Após a Batalha das Nações em Leipzig,
rompeu-se o controle francês sobre a Alemanha. A Confederação do Reno foi
dissolvida.
Em 1815, Napoleão foi definitivamente derrotado em Waterloo por forças do Reino Unido,
comandadas pelo Duque de Wellington, e da Prússia, sob Gebhard Leberecht von Blücher.
Liga Alemã
Após a queda de Napoleão, os monarcas e estadistas europeus reuniram-se
em Viena
em 1814, com vistas a reorganizar a Europa, sob a
liderança do príncipe austríaco Metternich.
Dentre os princípios políticos pactuados no Congresso de Viena, incluem-se a restauração,
legitimidade e solidariedade dos governantes em prol da repressão a ideias
revolucionárias e nacionalistas.
Liga Alemã, 1815-1866.
No território do antigo Sacro Império Romano, formou-se a Liga Alemã
(Deutscher Bund), uma união fraca de 39 estados (35 príncipes reinantes
e 4 cidades livres), sob a liderança da Áustria,
com uma Dieta Federal (Bundestag) sediada em Frankfurt am Main.
Em 1819, o estudante Karl Ludwig Sand assassinou o
escritor August von Kotzebue, que havia escarnecido as
organizações liberais de estudantes (que promoviam ideais patrióticos de uma Alemanha
unida). O Príncipe Metternich usou este caso como pretexto para convocar uma
conferência de Prússia, Áustria e outros oito estados em Karlsbad,
que promulgaram os "decretos de Karlsbad": adotou-se a censura
e as universidades
foram postas sob supervisão. Perseguiram-se "demagogos", isto é,
indivíduos acusados de divulgar ideias nacionalistas ou revolucionárias.
Em 1834, estabeleceu-se a Zollverein,
uma união aduaneira entre a Prússia e a maior parte dos demais estados alemães,
com a exclusão da Áustria.
O crescente descontentamento com a ordem política e
social imposta pelo Congresso de Viena levou à eclosão, em 1848, da Revolução de Março nos estados alemães. Em
maio, foi criada a Assembleia Nacional Alemã
(ou Parlamento de Frankfurt), com o objetivo de preparar uma constituição
nacional alemã.
Mas a Revolução de 1848 terminou por fracassar: o Rei Frederico Guilherme IV da Prússia recusou
a coroa imperial, o Parlamento de Frankfurt foi dissolvido, os príncipes
reinantes reprimiram os levantes pela força e a Liga Alemã foi restabelecida em
1850.
Em 1862, o Príncipe Bismarck
foi indicado como primeiro-ministro da Prússia — apesar da objeção dos liberais
e dos socialistas,
que o consideravam um reacionário.
Em 1864, intensificou-se a controvérsia entre a Prússia e
a Dinamarca
acerca do Schleswig,
que — diferentemente do Holstein — não integrava a Liga Alemã e que nacionalistas
dinamarqueses desejavam incorporar ao Reino da Dinamarca. A disputa levou à Segunda Guerra do Schleswig, durante a
qual os prussianos, com a Áustria, derrotaram os dinamarqueses. A Dinamarca
viu-se compelida a ceder os Ducados do Schleswig e do Holstein à Áustria e à
Prússia. Mais tarde, a administração de ambos os ducados provocou tensões entre
estes dois países que foram a causa imediata da Guerra Austro-Prussiana (1866). Os prussianos
venceram-na, com o sucesso decisivo na Batalha de Königgrätz, sob o comando de Helmuth von Moltke.
Confederação
da Alemanha do Norte
Em 1867, dissolveu-se a Liga Alemã. Em seu lugar, surgiu
a Confederação da Alemanha do Norte (Norddeutscher
Bund, em alemão), sob a liderança da Prússia. A Áustria foi excluída, e
permaneceria fora dos assuntos alemães ao longo do restante do século XIX e no
século XX.
A Confederação existiu até 1871, quando da fundação do Império Alemão. Por meio dela, a Prússia logrou
controlar os 22 estados da Alemanha setentrional, mantendo a Alemanha
meridional em sua zona de influência por meio da Zollverein.
Império
Alemão
Era de Bismarck
Império Alemão, 1871-1918.
A controvérsia entre a França
e a Prússia
acerca da sucessão do trono espanhol por um candidato alemão — a quem se opunha
a França — provocou a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871). Em seguida
à declaração de guerra francesa, tropas prussianas e sul-alemãs, sob o comando
de Moltke, invadiram a França em 1870. O exército
francês terminou por capitular na Batalha de Sedan.
O Imperador Napoleão III foi feito prisioneiro e o Segundo Império francês desmoronou. Após a
rendição de Paris,
foi celebrada a Paz de Frankfurt am Main: a França obrigava-se a ceder à
Alemanha a Alsácia
e a parte germanófona da Lorena,
que eram territórios ricos em Ferro e Carvão, pagar indenizações, e teve seu
contingente de soldados limitado a cem mil soldados além de não poder manter
QGs em um raio de 100Km com a fronteira Alemã. As concessões territoriais
feriram o orgulho nacional francês profundamente e formariam um obstáculo à
concórdia franco-alemã. Além disso, o Kaiser Guilherme I da Prússia foi coroado no Palácio
de Versalhes, outra humilhação simbólica para a França.
A partir desse dia, em 1870, o francês olhava para o
relógio contando os segundos para a revanche. Vale lembrar que esse fato, além
de criar a maior rivalidade da história da Europa Contemporânea com base no
nacionalismo agressivo e no revanchismo francês, mostrou que a Alemanha já
nasceu uma potência, pois uma coisa é derrotar a França, e outra é derrotar uma
França Napoleônica.
As políticas domésticas de Bismarck,
na qualidade de Chanceler da Alemanha, caracterizaram-se por
sua luta contra os supostos inimigos do estado protestante
da Prússia. Na chamada Kulturkampf ("luta cultural",
1872-1878), buscou ele limitar a influência da Igreja Católica
e de seu braço político, o Partido do Centro Católico, por meio de diversas
medidas — como a instituição do casamento civil —, mas sem grande sucesso. Os
grupos não-alemães da população do Império Alemão, tais como as minorias
polonesas, dinamarquesas e francesas, sofriam discriminação e foram objeto de
uma política de germanização.
A outra suposta ameaça era a ascensão do Partido dos
Trabalhadores Socialistas (mais tarde, Partido Social-Democrata da Alemanha),
cujo propósito declarado era estabelecer uma nova ordem socialista através da
transformação das estruturas políticas e sociais existentes. A partir de 1878,
Bismarck procurou reprimir o movimento social democrata, proibindo sua
organização, assembleias e a maioria de seus periódicos. Por outro lado, ao
instituir um sistema de previdência social, esperava ele ganhar o apoio
das classes trabalhadoras do Império.
A prioridade de Bismarck era proteger o poder alemão em
expansão, por meio de um sistema de alianças
e ao procurar conter crises até que a Alemanha estivesse preparada para
provocá-las. Nesse sentido, era de particular importância conter e isolar a
França, pois Bismarck temia que esta formasse uma aliança com a Rússia
e se vingasse de sua perda da Alsácia e da Lorena.
Bismarck
em 1879.
Em 1879, Bismarck concluiu a Dúplice Aliança da Alemanha
com a Áustria-Hungria, cujo objetivo era fornecer assistência
militar mútua em caso de um ataque russo. A formação da Dúplice Aliança levou a
Rússia a adotar uma posição mais conciliatória e a celebrar, em 1887, com a
Alemanha, o Tratado de
Resseguro ou Tratado de Segurança Mútua (do alemão Rückversicherungsvertrag):
as duas potências concordaram em fornecer apoio militar mútuo em caso de ataque
francês contra a Alemanha ou de ataque austríaco contra a Rússia. Em 1882, a Itália
aderiu à Dúplice Aliança, formando-se então a Tríplice Aliança. Os italianos procuravam
defender seus interesses na África do Norte
contra a política colonial francesa. Em troca do apoio alemão e austríaco, a
Itália comprometeu-se a socorrer a Alemanha em caso de uma agressão militar
francesa.
Birmarck custou a acatar as aspirações do Imperador
Guilherme I no sentido de tornar a Alemanha uma potência mundial através da
aquisição de colônias alemãs ("um lugar ao sol"). Birmarck
desejava de todas as maneiras evitar tensões com as potências europeias que
ameaçassem a segurança da Alemanha. Mas quando, entre 1880 e 1885, o quadro
internacional se mostrou auspicioso, Birmarck acedeu, estabelecendo-se então
algumas colônias ultramarinas alemãs: na África
(Togo, Camarões,
Sudoeste Africano Alemão e África Oriental Alemã) e na Oceania
(Nova Guiné Alemã, o Arquipélago de Bismarck e as Ilhas Marshall).
O Kaiser Guilherme I morreu em 1888, sucedendo-o
seu filho, Frederico III, o qual reinou por apenas 99
dias, até a sua morte. Subiu ao trono, então, o jovem e ambicioso Guilherme II, filho de Frederico. Bismarck
renunciou em 1890, devido a divergências políticas e pessoais com o novo Kaiser,
que desejava ser o "seu próprio chanceler".
Era Guilhermina
Apesar das declarações de Guilherme II em contrário, logo
após a renúncia de Bismarck a política externa alemã sofreu uma inflexão,
mudando de rumo com o objetivo de aumentar a influência da Alemanha no mundo (Weltpolitik).
O Tratado de Segurança Mútua (Resseguro) com a Rússia não foi renovado. Com
isto, Rússia e França formaram uma aliança de oposição à Tríplice Aliança, a
qual estava enfraquecida devido a divergências entre a Áustria e a Itália.
A partir de 1898, a expansão colonial alemã no Sudeste da
Ásia (Baía de Kiauchau, as Marianas,
as Carolinas, Samoa) começou a causar
problemas com o Reino Unido, a Rússia, o Japão e
os Estados Unidos.
A construção da Ferrovia
de Bagdá,
financiada por bancos e pela indústria pesada alemã, cujo propósito era ligar o
Mar do Norte
com o Golfo Pérsico através do Bósforo,
também colidiu com interesses geopolíticos e econômicos britânicos e russos.
De modo a proteger o comércio e as colônias de ultramar
alemães, o Almirante von Tirpitz deu
início a um programa de construção de belonaves
em 1898, o que ameaçava diretamente a hegemonia britânica nos mares e causou,
conseqüentemente, o colapso das negociações com vistas à formação de uma
aliança entre Reino Unido e Alemanha. Esta última via-se cada vez mais isolada.
A política de poder imperialista
e a defesa determinada dos interesses nacionais terminaram por levar à eclosão
da Primeira Guerra Mundial, em 1914, tendo como
causa imediata o assassinato do herdeiro do trono austríaco, Francisco Fernando, e sua mulher, em Sarajevo,
em 28 de junho de 1914, nas mãos de um nacionalista sérvio.
Outras causas para a guerra, indicadas por historiadores, são as políticas
opostas levadas a cabo pelas potências europeias, a corrida armamentista, a rivalidade
germano-britânica, as dificuldades do Estado multinacional austro-húngaro, a
política russa para os Bálcãs
e as apressadas mobilizações e ultimatos (na premissa de que o conflito seria
de curta duração). A Alemanha lutou ao lado da Áustria-Hungria e do Império Otomano
contra Rússia, França, Reino Unido, Itália e vários outros Estados menores.
Houve combates também no Oriente Próximo
e nas colônias alemãs.
No ocidente, a Alemanha lutou uma guerra de posições com
batalhas sangrentas. Após uma rápida marcha através da Bélgica,
as tropas alemãs foram detidas no Marne, ao norte de Paris. Desde então, o fronte
na França mudou muito pouco até o final do conflito. No oriente, não houve
vitórias decisivas contra as forças russas. O bloqueio naval britânico no Mar
do Norte trouxe sérias conseqüências para o suprimento alemão de
matérias-primas e alimentos. A entrada dos Estados Unidos na guerra, em 1917,
em seguida à declaração alemã de conduzir uma guerra submarina irrestrita,
constituiu-se no ponto de inflexão em desfavor da Alemanha.
No final de outubro de 1918, unidades da marinha alemã em
Kiel recusaram-se a
lançar-se ao mar para uma última grande operação numa guerra que davam como
perdida. Em 3 de novembro, a revolta espalhou-se para outras cidades.
Estabeleceram-se os chamados conselhos de trabalhadores e os de soldados.
O Kaiser Guilherme II e todos os príncipes
reinantes alemães abdicaram. Em 9 de novembro, o social-democrata Philipp Scheidemann proclamou a República. Em
11 de novembro, assinou-se o armistício em Compiègne.
República de
Weimar
Nos termos do Tratado de Versalhes, assinado em 28 de junho
de 1919, a
Alemanha deveria ceder a Alsácia-Lorena,
Eupen-Malmédy, o Schleswig
Setentrional e a área de Memel. A Polônia foi restaurada e, após plebiscitos e levantes independentistas,
foram-lhe entregues Posen,
a Prússia
Ocidental e a Alta Silésia. Todas as colônias seriam entregues aos Aliados. As
margens direita e esquerda do Reno
seriam permanentemente desmilitarizadas. O Sarre, centro industrial
importante, seria governado pela Liga das Nações por 15 anos, seus campos de carvão
administrados pela França.
Para assegurar o cumprimento do tratado, tropas aliadas ocupariam a margem esquerda (alemã) do
Reno por um período entre 5 e 15 anos. O exército alemão ficaria limitado a 100
mil oficiais e soldados; o estado-maior seria dissolvido; grandes quantidades de material
bélico seriam entregues e a fabricação de munições, rigidamente controlada. A
marinha sofreria redução semelhante; ficava proibida a utilização de aeronaves
militares. A Alemanha e seus aliados deveriam aceitar a exclusiva responsabilidade
pela guerra e pagar compensações financeiras pelas perdas e danos sofridas
pelos Aliados.
Os humilhantes termos da paz provocaram indignação entre
os alemães e enfraqueceram drasticamente o novo regime democrático.
Em 11 de agosto de 1919, entrou em vigor a constituição
de Weimar,
sendo Friedrich Ebert o primeiro Presidente da República.
Os dois maiores inimigos do novo regime eram o Partido Comunista Alemão
(KPD) e o Partido
Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), que abusariam
das liberdades democráticas para lutar contra a República de Weimar. Já nos primeiros meses de
1920, fracassou uma tentativa de golpe de Estado
feita pelo extrema-direita Wolfgang Kapp em Berlim; greves e
rebeliões em outras cidades foram violentamente reprimidas.
Em 1922,
a Alemanha foi o primeiro Estado a estabelecer relações
diplomáticas com a União Soviética, por meio do Tratado de Rapallo.
Quando a Alemanha deixou de pagar a indenização de
guerra, tropas francesas e belgas ocuparam o distrito do Ruhr,
altamente industrializado (janeiro de 1923). A resistência passiva subseqüente
foi bem-sucedida mas levou à hiperinflação — os que perderam as suas fortunas tornar-se-iam
inimigos da República de Weimar e eleitores da direita antidemocrática.
Em setembro de 1923, com a deterioração da economia, o Chanceler Gustav Stresemann
pediu o fim da resistência passiva no Ruhr. Em novembro, seu governo lançou uma
nova moeda, o Rentenmark (posteriormente, Reichsmark), e tomou outras medidas
para controlar a hiperinflação. Nos seis anos seguintes, a situação econômica
melhorou. Em 1928, a
produção industrial alemã voltou aos níveis de 1913.
Na noite de 8 de novembro de 1923, seiscentos integrantes
armados das SA cercaram uma cervejaria em Munique,
onde os dirigentes do estado da Baviera e os comandantes locais do exército alemão se
encontravam para uma reunião pública. As tropas de assalto eram chefiadas por Adolf Hitler.
Nascido em 1889, na Áustria, ex-voluntário no exército alemão durante a Primeira Guerra Mundial, na época membro do
NSDAP, Hitler era até então desconhecido. Procurou forçar os presentes a se
juntarem a ele numa marcha contra Berlim para tomar o poder (o chamado Putsch da Cervejaria). Foi posteriormente preso
e condenado a cinco anos de detenção, mas terminou por ser solto com apenas um
ano de prisão, no fim de 1924.
As eleições nacionais de 1924 foram ganhas pela direita
(na chamada Ruck nach Rechts). O Marechal-de-Campo Hindenburg, monarquista, foi eleito Presidente.
Em outubro de 1925, Alemanha, França, Bélgica,
Reino Unido
e Itália
celebraram o Tratado de Locarno, que reconhecia as
fronteiras franco e belgo-germânicas. Ademais, o Reino Unido, a Itália e a
Bélgica comprometeram-se a ajudar a França caso a tropas alemãs reocupassem a Renânia
desmilitarizada. O tratado preparou a entrada da Alemanha na Liga das Nações,
em 1926.
O crash de Wall Street
em 1929 e a conseqüente Grande Depressão foram sentidos na Alemanha,
cuja economia foi abalada. No início de 1932, o desemprego
no país já atingia mais de seis milhões de pessoas. Ocorreu também uma crise
política, devido à incapacidade de os partidos políticos representados no Reichstag
constituírem uma maioria para indicar o governo. Em março de 1930, o Presidente
Hindenburg nomeou Heinrich Brüning para o cargo de chanceler. De
maneira a fazer aprovar seu pacote de medidas de austeridade contra uma maioria
de parlamentares sociais-democratas, comunistas e do NSDAP, Brüning lançou mão
de decretos de emergência e chegou mesmo a dissolver o Parlamento.
O NSDAP saiu vitorioso nas eleições de julho de 1932, com
38% dos votos (e o apoio da pequena burguesia, da juventude, dos desempregados
e da população rural), o que lhe deu a maior bancada no Reichstag. O KPD
comunista, por sua vez, passou a ser o terceiro maior partido no Parlamento,
com 15%. Juntos, portanto, os partidos antidemocráticos de esquerda e direita
detinham agora a maioria no legislativo alemão. Em 30 de janeiro de 1933,
pressionado pelo ex-Chanceler Franz von Papen
e outros conservadores, o Presidente Hindenburg nomeou Hitler para o cargo de
chanceler.
Terceiro
Reich
Ascensão dos nazistas
O Chanceler Adolf Hitler
acusou os comunistas
pelo incêndio criminoso do prédio do Reichstag,
ocorrido na noite de 27 de fevereiro de 1933, e logrou convencer o Presidente Hindenburg a assinar o "decreto
do incêndio do Reichstag", que suspendia importantes direitos
políticos e humanos e permaneceu em vigor até 1945. Foram
detidos e enviados para campos de concentração 11 mil comunistas e socialistas,
que ficaram à disposição da nova polícia secreta, a Gestapo.
Apesar do terror e do uso sem precedentes da propaganda política,
as últimas eleições livres, de 5 de março, não permitiram ao NSDAP
constituir a maioria parlamentar que Hitler esperava. Entretanto, o chanceler
logrou convencer os necessários 2/3 do Parlamento (com o auxílio dos Partidos
Popular Nacional Alemão e do Centro Católico, e com a ausência de parlamentares
mortos ou detidos, considerada voluntária para os fins da votação) a aprovar a
chamada "lei dos plenos poderes" (23 de março de 1933), que conferia
a seu governo plenos poderes legislativos. Apenas os sociais-democratas se
opuseram à lei, que foi a base da ditadura
nazista,
da dissolução dos Laender, dos sindicatos
e dos partidos políticos (exceto o nazista).
Estabeleceu-se um Estado
centralizado e totalitário, que substituiu a constituição liberal de Weimar. A Alemanha
deixou a Liga das Nações. A Reichskonkordat
(uma concordata
entre a Santa Sé
e a Alemanha nazista), negociada com o anticomunista Papa Pio XI,
concedeu ao regime de Hitler o reconhecimento internacional, no momento em que
as potências viam os desdobramentos políticos na Alemanha com desconfiança.1
Entrementes, muitos dirigentes das SA nazistas estavam
decepcionados. O chefe do Estado-Maior das SA, Ernst Röhm,
pressionava a favor da incorporação daquele contingente à Wehrmacht
(exército alemão), sob seu comando. Hitler, sentindo-se ameaçado, ordenou em 30
de junho de 1934 que as SS
capturassem Röhm e seus tenentes e os executassem sem julgamento.
As SS tornaram-se uma organização independente sob o
comando do Reichsführer SS Heinrich Himmler.
Este também viria a ser o supervisor da Gestapo e dos campos de concentração e,
mais tarde, da polícia comum.
O regime demonstrou especial hostilidade contra os judeus. Em setembro
de 1935, o Reichstag aprovou as chamadas leis raciais de Nuremberga,
contra os cidadãos judeus: estes perderam a nacionalidade
alemã e foram proibidos de casar-se com alemães.
Hitler restabeleceu a força aérea
alemã e o serviço militar obrigatório. O rearmamento era
uma violação ostensiva do Tratado de Versalhes, mas nem o Reino Unido,
nem a França
ou a Itália
fizeram mais do que passar notas de protesto.
Em 1936,
a Renânia desmilitarizada foi reocupada por tropas alemãs. O Tratado de Locarno obrigava o Reino Unido a
intervir em favor da França, mas, apesar dos protestos franceses, o governo
britânico decidiu nada fazer. O caso fortaleceu a posição de Hitler na
Alemanha. Sua reputação aumentaria ainda mais com os Jogos Olímpicos,
que se realizaram naquele ano em Berlim e em Garmisch-Partenkirchen e mostraram-se um grande
sucesso de propaganda para o regime.
Expansão e derrota
Após estabelecer o "Eixo Roma-Berlim" com Mussolini
e assinar o Pacto Anti-Comintern com o Japão,
ao qual a Itália aderiria no ano seguinte, em 1937, Hitler sentiu-se capaz de
partir para a ofensiva em política externa. Em 12 de março de 1938, tropas
alemãs entraram na Áustria, onde uma tentativa de golpe nazista havia fracassado
em 1934. Quando Hitler chegou a Viena,
foi recebido com vivos aplausos. Quatro semanas depois, 99% dos austríacos
votaram em favor da anexação (Anschluss)
de seu país à Alemanha. Com isso, Hitler concretizou a antiga ideia de um
império alemão com a inclusão da Áustria — a solução "grande-alemã"
que Bismarck
havia rejeitado quando, em 1871, uniu as terras germânicas, sob a liderança da Prússia.
Embora a anexação violasse o Tratado de Saint-Germain-en-Laye, que
proibia expressamente a unificação da Áustria com a Alemanha, as potências
ocidentais, mais uma vez, limitaram-se a protestar.
Em seguida à Áustria, Hitler voltou-se para a Tchecoslováquia,
onde uma minoria étnica alemã de 3,5 milhões de habitantes nos Sudetos
estavam a exigir direitos iguais e auto-governo. Na Conferência de
Munique, de setembro de 1938, Hitler, Mussolini, o Primeiro-Ministro
britânico Neville Chamberlain e o Primeiro-Ministro
francês Édouard Daladier convieram em que os
tchecoslovacos deveriam ceder os Sudetos à Alemanha. Hitler declarou então que
todas as reivindicações territoriais alemãs haviam sido atendidas. Mas apenas
seis meses após Munique, em março de 1939, o dirigente alemão usou os
desentendimentos entre eslovacos e tchecos como pretexto para invadir o
restante da Tchecoslováquia, transformando-a no Protetorado da Boêmia e Morávia. Neville
Chamberlain viu-se compelido a reconhecer que sua política de apaziguamento para com Hitler
havia fracassado.
Em seis anos, o regime nazista preparou o país para a Segunda Guerra Mundial. A liderança nazista
buscou eliminar ou subjugar a população judaica na Alemanha e posteriormente
nos países ocupados, por meio de deportações forçadas e genocídio,
hoje conhecido como o Holocausto. Política semelhante foi adotada para outros grupos
étnicos e nacionais vistos pelos nazistas como "sub-humanos", tais
como os Roma,
os poloneses e os russos, considerados uma ameaça à "pureza da raça ariana"
alemã, bem como para com deficientes físicos e mentais.
Infantaria alemã na Polônia.
Após a anexação dos sudetos e do resto da
Tchecoslováquia, a Alemanha, juntamente com a União Soviética, invadiu a Polônia,
em setembro de 1939, fato considerado como o início da Segunda Guerra.
O ano de 1945 viu a Alemanha e seus parceiros do Eixo
(Itália e Japão) derrotados pelas forças combinadas dos Estados Unidos,
do Reino Unido, da União Soviética e outros. A maior parte da Europa estava em
ruínas, dezenas de milhões de pessoas haviam sido mortas (em grande parte,
civis), dentre as quais seis milhões de judeus e muitas outras pessoas dos
territórios ocupados. A Segunda Guerra resultou na destruição da
infra-estrutura política e econômica alemã, causou a sua divisão e considerável
perda de território na Europa Oriental e deixou um legado de humilhação.
Alemanha desde 1945
Konrad Adenauer, Alemanha Ocidental, Alemanha Oriental
e Reunificação da Alemanha
Divisão alemã em 1946.
Os alemães referem-se com freqüência a 1945 como a Stunde
Null (a hora zero), para descrever o quase-total colapso do país. Na Conferência de Potsdam, a Alemanha foi dividida
pelos Aliados
em quatro zonas de ocupação militar; as três zonas a oeste viriam a formar a República Federal da Alemanha (conhecida
como Alemanha Ocidental), enquanto que a área ocupada pela União Soviética se tornaria a República Democrática da Alemanha
(conhecida como Alemanha Oriental), ambas fundadas em 1949. A Alemanha Ocidental
estabeleceu-se como uma democracia capitalista e a sua contraparte oriental, como um Estado comunista
sob influência da URSS. Em Potsdam, os Aliados decidiram que as províncias a leste dos
rios Oder e Neisse
(a "linha Oder-Neisse") seriam transferidas para a Polônia
e a Rússia
(Kaliningrado).
O acordo também determinou a abolição da Prússia
e a repatriação dos alemães que residiam naqueles territórios, formalizando o
êxodo alemão da Europa Oriental.
As relações entre os dois Estados alemães do pós-guerra
mantiveram-se frias, até a política de aproximação com os países comunistas da
Europa Oriental promovida pelo Chanceler ocidental Willy Brandt
(Ostpolitik),
nos anos 1970, cujo conceito principal era "Dois Estados alemães dentro de
uma nação alemã". O relacionamento entre os dois países melhorou e, em
setembro de 1973, as duas Alemanhas tornaram-se membros da Organização das Nações Unidas.
Durante o verão de 1989, mudanças políticas ocorridas na
Alemanha Oriental e na União Soviética permitiram a reunificação alemã. Alemães
orientais começaram a emigrar em grande número para o lado ocidental, via Hungria,
quando o governo húngaro decidiu abrir as fronteiras com a Europa Ocidental.
Milhares de alemães orientais ocuparam missões diplomáticas da Alemanha
Ocidental em capitais do leste europeu. A emigração e manifestações em massa em
diversas cidades pressionaram o governo da Alemanha Oriental por mudança, o que
levou Erich Honecker a renunciar em outubro; em 9 de
novembro de 1989, as autoridades alemãs orientais surpreenderam o mundo ao
permitir que seus cidadãos cruzassem o Muro de Berlim
e outros pontos da fronteira comum e entrassem em Berlim Ocidental e
na Alemanha Ocidental - centenas de milhares aproveitaram a oportunidade. O
processo de reformas na Alemanha Oriental culminou com a reunificação da Alemanha, em 3 de outubro de
1990.
Juntamente com a França
e outros países europeus, a nova Alemanha tem exercido um papel de liderança na
União Europeia. É um dos principais defensores
da união monetária, de uma maior unificação
nas áreas de política, defesa e segurança europeias. O governo alemão expressou
interesse em assumir um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações
Unidas.
Imigração alemã no Brasil
Notáveis
teuto-brasileiros:
Vera Fischer1 · Ernesto Geisel2 · Gisele Bündchen3 Arthur Friedenreich4 · Lya Luft5 · Dunga6 Ana Hickmann · Oscar Niemeyer · Eike Batista Gustavo Kuerten · Letícia Birkheuer · Rodrigo Hilbert |
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População total
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Regiões com população significativa
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Línguas
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Português. Minorias falam Alemão e o Hunsrückisch,
um alto dialeto alemão
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Religiões
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Cristianismo, a maioria luteranos
e católicos.
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Grupos étnicos relacionados
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A imigração alemã
no Brasil foi o movimento migratório ocorrido nos séculos XIX
e XX de alemães
para várias regiões do Brasil.
As causas deste processo podem ser encontradas nos freqüentes problemas sociais
que ocorriam na Europa
e a fartura de terras no Brasil. Atualmente, estima-se que 5 milhões de
brasileiros têm ao menos um antepassado alemão.8
Um teuto-brasileiro
ou germano-brasileiro (em alemão:
Deutschbrasilianer) é um brasileiro que tem
pelo menos um ascendente etnicamente alemão, podendo ou não ter uma forte
afinidade cultural com povos tradicionalmente considerados germânicos, ou seja,
alemães,
austríacos,
suíços
(dos cantões germânicos), ou originários das partes germânicas tanto da República Checa
como da Rússia9
(veja o artigo "Alemães do Volga"), Alto Adige/Südtirol (Italia),
Alsácia-Lorena (França),
etc. sendo que classificar qualquer pessoa como germano-brasileira permaneceu
sempre uma questão de parâmetros flexiveis. Também são consideradas
teuto-brasileiras as pessoas nascidas nos países germânicos mas redicadas
permanente- ou temporariamente no Brasil, especialmente pessoas que gozaram ou
que ainda hoje usufruem certa notoriedade.
Presença antes da grande imigração
Não imigrantes, mas que estiveram no Brasil e que não
podem deixar de ser citados, como originários da região onde hoje se situa a
Alemanha:
- O primeiro "alemão" a
chegar no Brasil: o astrônomo e cosmógrafo Meister
Johann, exercendo a função de náutico de Pedro Álvares Cabral.
Natural de Emmerich, atual Alemanha, por ocasião da descoberta, emitiu o
"certificado de nascimento do Brasil". Consta que também o
cozinheiro de Pedro Álvares Cabral
seria originário da região onde hoje se localiza a Alemanha.
- O início da
imigração
Pintura retratando a chegada dos
primeiros imigrantes alemães do Rio Grande do Sul,
em 1824.
Os primeiros imigrantes não portugueses foram os suíços,
trazidos ao Brasil a mando do Rei Dom João VI. Em 1818, o governo assenta
famílias suíças
nas serras fluminenses. Estas fundam o município de Nova Friburgo.
No mesmo ano, colonos alemães são mandados para a Bahia.
Em 1820, chegam os primeiros suíços a Nova Friburgo,
no estado do Rio de Janeiro. Dom João VI
tentava atrair mais imigrantes. Em 1823, após a independência, foram criados os
batalhões de estrangeiros, para garantir a soberania nacional. Então, a busca
oficial por colonos (nesta fase, alemães) passou a ser uma política imperial.10
Em maio de 1824, Nova Friburgo recebe a primeira leva de
imigrantes alemães, trazidos ao Brasil pelo Imperador Dom. Pedro I, devido ao
grande número de suíços que haviam abandonado as terras friburguenses.
Em julho de 1824, os primeiros alemães chegam ao Sul do
Brasil, sendo assentados à margem sul do Rio dos Sinos,
onde a antiga Real Feitoria do Linho Cânhamo fora
adaptada para servir como sede temporária dos recém-chegados, na atual cidade
de São Leopoldo.11
Em 1828,
colonos alemães se instalaram nas adjacências da cidade de São Paulo (Santo Amaro).
Prejudicação da
imigração
A Imigração,
no início do século XIX, passava por novos desenvolvimentos econômicos: a industrialização teve um grande impulso,
necessitando de mão-de-obra especializada, o que causou a ruína de muitos
artesãos e trabalhadores da indústria doméstica. Sem poderem desenvolver suas
atividades artesanais, esses trabalhadores livres começaram a formar um
exército de mão-de-obra (barata) assalariada para a indústria que estava
nascendo.
Com os novos maquinários, também houve o aumento de
produtividade no campo junto à diminuição de mão-de-obra, causando o desemprego
de camponeses. Como a Alemanha passava por uma desintegração de sua estrutura feudal,
muitos camponeses que eram apenas servos ficaram sem o trabalho e sem o direito
de morar nas terras, ao mesmo tempo em que a população aumentava. Sem a terra
para viver, migravam para as cidades e somavam ao número de proletariados.
“Parece-me que os nossos bons compatriotas nesta natureza
sul-americana livre, onde estão expostos a lutas peculiares contra obstáculos
naturais, desenvolvem, ainda mais determinação em resolver e agir…Por entre
dificuldades começaram eles, mas conquistaram o solo e os que na Alemanha
eram criados tornaram-se senhores pelo direito do trabalho”
|
— Robert Avé-Lallemant - Viagem pela
Província do Rio Grande do Sul, 1858.12
|
A imigração
também não acontecia somente por insatisfação social com as novas perspectivas
do século XIX. Nessas mudanças econômicas que agitavam o continente europeu, a
indústria desenvolveu as cidades e causou o despovoamento dos campos. À medida
que a riqueza aumentava, a saúde e o acesso a novos gêneros alimentícios
melhoravam, e a população aumentava. Então a princípio, os governos europeus
incentivavam e encorajavam a emigração, como válvula de controle do aumento da
população. Com a introdução da máquina a vapor
e inovações como o transatlântico com propulsão a hélice, milhões de pessoas se
movimentavam entre os continentes, em uma emigração que não obedecia a nenhum
planejamento, dependendo somente de decisões pessoais, entre elas a
insatisfação, o medo, ou o desejo de uma vida melhor.
O governo alemão também encorajava grupos de
empreendedores a conhecer novas terras para conseguir mercado para os produtos
alemães. Para algumas colônias, chegou-se a fazer o planejamento, e a
contratação de administradores e profissionais liberais para a formação das
colônias, que vinham para o Brasil e formavam sua vida aqui. Embora desejadas,
as relações comerciais entre as colônias alemãs e sua terra de origem foram
modestas, muitas vezes restando somente aos colonos a identificação cultural
com a terra de origem, pois não mais tinham contato com ela.
Os alemães que imigraram para o Brasil eram normalmente
camponeses insatisfeitos com a perda de suas terras, ex-artesãos, trabalhadores
livres e empreendedores desejando exercer livremente suas atividades, perseguidos
políticos, pessoas que perderam tudo e estavam em dificuldades, pessoas que
eram "contratadas" através de incentivos para administrarem as
colônias ou pessoas que eram contratadas pelo governo brasileiro para trabalhos
de níveis intelectuais ou participações em combates.
Imigração voltada
para a colonização
A imigração alemã no Brasil foi, inicialmente, uma
iniciativa de colonização e povoamento. Este projeto foi arquitetado pelo
Rei D. João VI e, posteriormente, pelo imperador D. Pedro I.
A colonização continuou a ser efetuada pelo imperador D. Pedro II, durante o Segundo Reinado.
A concentração da colonização alemã no Sul do Brasil
possui uma explicação: grande parte da região estava despovoada e as fronteiras
com as ex-colônias espanholas ainda não estavam bem-definidas. Em conseqüência,
a falta de povoadores na região poderia culminar numa fácil invasão
estrangeira. Com a Independência do Brasil, a imigração portuguesa
declinou por um certo tempo. O governo brasileiro se viu obrigado a procurar
novas fontes de imigrantes: vieram alguns suíços,
porém foram os alemães aqueles que ficaram incubidos de colonizar o Sul do
País.
A imigração durante o século XIX
Rio Grande do Sul
Em 1824 chegam os primeiros colonos alemães ao Rio Grande do Sul,
sendo assentados na atual cidade de São Leopoldo.
Os alemães chegavam em pequeno número todos os anos, porém eram em número
suficiente para se organizar e expandir pela região.
Nos primeiros cinquenta anos de imigração, foram
introduzidos entre 20 e 28 mil alemães ao Rio Grande do Sul, a quase totalidade
deles destinados à colonização agrícola. Os primeiros colonos vieram de Holstein,
Hamburgo,
Mecklemburgo
e Hanôver.
Depois, passaram a predominar os oriundos de Hunsrück
e do Palatinado.
Além desses, vieram da Pomerânia, Vestfália
e de Württemberg.14
Outras colônias foram criadas na sequência, como Três Forquilhas,
Nova Petrópolis, Teutônia,
Santa Cruz,
São Lourenço, Colônia Santo Ângelo, Colônia de Santa Maria do Mundo Novo,
etc.
Mapa mostrando a dispersão das
colônias alemãs no Sul do Brasil em 1905.
Em algumas décadas, a região do Vale do Rio dos Sinos estava quase que
completamente ocupada por imigrantes alemães. A colonização transbordou da
região, se expandindo por outras áreas do Rio Grande do Sul. É notável que a
colonização alemã foi efetuada em terras baixas, seguindo o caminho dos rios. Na década de 1870,
praticamente todas as terras baixas do interior do Rio Grande do Sul estavam
sendo ocupadas pelos alemães, porém, as terras altas não atraíam os colonos,
permanecendo desocupadas até a chegada dos italianos,
em 1875.
Mapa mostrando a dispersão das
colônias alemãs no Sul do Brasil em 1911.
Santa Catarina
Ao contrário do que sucedeu no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina
a colonização alemã não foi promovida através do governo, mas por iniciativas
privadas. A Primeira Colônia alemã no Estado foi São Pedro de Alcântara,
fundada em 1º de março de 1829. As colônias alemãs mais importantes foram
criadas a partir de grupos como Hermann Blumenau
e Ferdinand Hackradt (em 1850 a Colônia Blumenau) e pela Sociedade Hamburguesa
(em 1851, a
Colônia Dona Francisca, atual Joinville),
ao norte do litoral do estado. A partir do início do século XX,
imigrantes alemães foram trazidos do Rio Grande do Sul para ocupar novas
colônias no oeste do estado. Essas colônias já não eram exclusivamente alemãs,
pois também continham outros grupos de imigrantes, principalmente italianos.
Paraná
No Paraná
os alemães também marcaram forte presença em todas as regiões do estado. A
primeira colônia foi fundada em 1829 em Rio Negro.
Em 1855 alemães originários da Prússia fundam as Colônias de Terra Nova e Santa
Leopoldina em Castro. Entre 1877 e 1879, chegou número
apreciável de alemães vindos da Rússia
(os alemães do rio Volga, ver artigo: Alemães-Bessarábios).
Arquitetura Típica - Colônia
Jordãozinho - Entre Rios - Guarapuava - PR.
A maior parte dos imigrantes chegou no início do século
XX, vindos diretamente da Alemanha, e se estabeleceram sobretudo nas regiões leste e sul
(em cidades como Curitiba, Ponta Grossa, Palmeira, Rio Negro, Ivaí, Irati, Cruz Machado,
entre outras). Em meados dos anos 1950, pessoas oriundas de colônias alemãs em Santa Catarina
e Rio Grande do Sul também migraram para a Região
Oeste e Sudoeste do estado. Nesta mesma época Suábios
da região do Rio Danúbio criaram Entre Rios, em Guarapuava,
e imigrantes oriundos de Danzig ocuparam a região de Cambé e
Rolândia,
no Norte do estado. A cidade de Rolândia, muito perto de Londrina
é sede de um consulado alemão, que atende as regiões Oeste e Norte do estado. A
cidade também realiza anualmente a Oktoberfest
de Rolândia, grande evento que recebe mais de 60.000 pessoas, sendo vista por
muitos como a segunda cidade mais alemã do Paraná,
atrás apenas de Marechal Cândido Rondon.
Em Curitiba, os imigrantes alemães começaram a chegar, em maior
número, a partir de 1833, e influenciaram fortemente a cultura e a economia
local. Muitos casarões existentes nos bairros Fanny, Hauer, Juvevê, Lamenha
Pequena, Pilarzinho, São Francisco, Vista Alegre e Xaxim, ainda mantém a
arquitetura alemã. Para preservar a cultura germânica, os imigrantes
organizaram-se em sociedades teuto-brasileiras, como o Clube Concórdia, Clube
Rio Branco, Duque de Caxias, Clube Thalia, Graciosa Country Club e a Sociedade
Morgenau.
Hoje, a maior colônia de alemães Paranaenses está no
município de Marechal Cândido Rondon, que guarda na
fachada das casas, na culinária e no rosto de seus habitantes a marca da
colonização. Outras cidades do oeste paranaense, como Cascavel,
Missal
e Quatro Pontes
apresentam forte imigração alemã. Na região Centro-Oeste do estado, mais
precisamente no município de Campo Mourão
é realizada pela comunidade alemã a tradicional festa da Costelinha, onde o
município conta com igrejas luteranas e dois colégios alemães.
Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro foi o primeiro dentre todos os
estados brasileiros a receber imigrantes alemães, tendo estes imigrantes
chegado em 3 e 4 de maio de 1823, quando rumaram para a colônia suíça de Nova Friburgo.
Já em Petrópolis,
a imigração alemã foi concebida pelo alemão (posteriormente naturalizado
brasileiro) Júlio Frederico Koeler (ou Julius Friedrich
Koeler), major do Império Brasileiro. O pitoresco do projeto de
Koeler foi o fato de batizar os quarteirões com nomes de cidades e acidentes
geográficos das regiões (Rheinland e Hessen) de onde vinham os colonos alemães:
Kastellaun (Castelânea), Mosel (Mosela), Bingen, Nassau, Ingelheim, Woerrstadt,
Darmstadt e Rheinland (Renânia). As terras foram arrendadas para Koeler e,
através dele, aos imigrantes, resultando em um sistema de foro e laudêmio
(enfiteuse) pago aos herdeiros de Dom Pedro II até hoje. Estes imigrantes
chegaram em Petrópolis no ano de 1837.
Espírito Santo
No Espírito Santo, os principais imigrantes de
origem germânica foram os pomeranos (provenientes de uma área entre a Alemanha
e a Polônia).
A imigração alemã se deu entre 1846 e 1879, se estabeleceram principalmente no Centro-Sul
do Estado, a primeira colônia fundada foi a de Santa Isabel , cuja sede,
denominada pelos primeiros alemães de Campinho, foi construída a primeira
igreja luterana da América do Sul.
No século XIX, entraram no Espírito Santo 3.933 alemães e
foi computada a entrada de 79 alemães a partir do ano de 1900, totalizando a
entrada de 4.012 indivíduos. Embora contados como "alemães", a
maioria desses indivíduos eram provenientes da então província da Pomerânia,
principalmente da parte oriental daquela província, das cidades de Belgard, Greifenberg,
Kolberg (Kołobrzeg),
Kowak, Labes (Łobez),
Regenwald e arredores. Essa região, desde a II Guerra Mundial,
passou a fazer parte da Polônia.17
Regiões
de origem dos alemães entrados no Espírito Santo (1812-1900)17
|
|
Região
|
Número
de imigrantes
|
Pomerânia
|
2.224
|
Renânia
|
247
|
Hesse
|
240
|
Prússia
|
226
|
Saxônia
|
194
|
Outras
regiões
|
351
|
Total
|
3.933
|
Não
consta
|
451
|
Os pomeranos, originários de uma região entre a Alemanha
e a Polônia,
começaram a chegar ao estado no ano de 1859, se dirigiram um pouco mais ao
norte que os alemães, se estabelecendo principalmente em Santa Maria de Jetibá e Domingos Martins, Os pomeranos
estabeleceram suas colônias em total isolamento do resto do Estado, preservando
muito de sua cultura e hábitos, como por exemplo o idioma, sendo a cidade de Santa Maria de Jetibá uma cidade bilíngue.
Um número considerável de imigrantes também eram
originários da região da Renânia, sobretudo das montanhas do Hunsrück,
no vale do rio Reno.
Dos alemães que foram para o Espírito Santo, 63% eram oriundos da Pomerânia, 7%
da Renânia
e 7% de Hesse,
6% da Prússia e 6% da Saxônia, 3% de Westphalia,
2% de Baden e
2% de Brandenburg,
1% da Baviera
e outro porcento de outras regiões.17
Esse número reduzido de alemães que imigrou para o
Espírito Santo a partir do ano de 1847 se multiplicou e deu origem a uma
quantidade considerável de descendentes. Segundo estimativas do historiador Jean Roche,
no ano de 1930 havia 30 mil descendentes de alemães no estado (cerca de 4% da
população total), número que saltou para 70 mil indivíduos em 1961
(aproximadamente 5% da população capixaba).
São Paulo
A colonização alemã no São Paulo
aconteceu principalmente durante o século XIX,
quando chegaram os primeiros colonos vindos da Alemanha.
Em 1827,
desembarcavam os primeiros alemães no porto de Santos,
levados a Santo Amaro.
Os grupos seguintes fixaram-se em Itapecerica da Serra, São Roque
e Embu,
ou foram levados para Rio Claro e as plantações de café no
interior de São Paulo.
Restante do Brasil
O Sul do Brasil recebeu a esmagadora maioria dos
imigrantes alemães, porém, a presença germânica no Sudeste do Brasil é notável.
Em Minas Gerais,
a maior colônia alemã estabeleceu-se em Juiz de Fora,
onde em 1858
chegaram aproximadamente 1.200 colonos, o que representava cerca de 20% da
população da cidade na época.
Mais recentemente, a partir da década de 1970,
sulistas descendentes de alemães têm migrado para a Região Centro-Oeste do Brasil em busca de
melhores condições de vida no campo.
A imigração em números
Imigração alemã no Brasil por décadas de
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) |
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|
Imigração Alemã
|
|||||||||||
Décadas
|
1824-1847
|
1848-1872
|
1872-1879
|
1880-1889
|
1890-1899
|
1900-1909
|
1910-1919
|
1920-1929
|
1930-1939
|
1940-1949
|
1950-1959
|
1960-1969
|
Imigrantes
|
8.176
|
19.523
|
14.325
|
18.901
|
17.084
|
13.848
|
25.902
|
75.801
|
27.497
|
6.807
|
16.643
|
5.659
|
Os alemães não chegaram ao Brasil em grandes contingentes, como
ocorreu com os portugueses e italianos. Porém, a imigração ocorreu durante longo tempo,
desde 1824, com a chegada dos primeiros colonos, até aproximadamente a década de 1960,
quando chegaram as últimas levas significativas. Alcançou seu número máximo na década de 1920,
após a I Guerra Mundial. Houve, de certa forma, dois
ciclos de imigração alemã no Brasil: o primeiro decorrente da política de colonização,
sobretudo nos estados do sul do Brasil, incentivado pelo governo brasileiro, e
um outro ciclo posterior, sem incentivo oficial do governo brasileiro.
Durante muitas décadas, os alemães chegaram a ser o maior
grupo de imigrante a entrar no Brasil, superando inclusive os portugueses.
Esse período aconteceu em grande parte do século XIX.
População de origem alemã por estados
|
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Estado
|
1872[3]
|
1890[4]
|
1920[5]
|
1940 [6]
|
1950[7]
|
7%
|
|
20,5%
|
22,34%
|
|
|
|
13,3%
|
|
19,3%
|
21,6%
|
|
|
|
|
6,9%
|
|
|
|
|
|
2,5%
|
|
A política imigratória
A princípio, o governo brasileiro sempre reconheceu,
desde a independência, que a imigração
estrangeira seria indispensável para o crescimento do país.
Por iniciativa de Dom Pedro I,
foram criadas colônias alemãs de norte a sul do Brasil, porém
com enfoque nos estados do Sul (1824). Os imigrantes alemães se reuniam em
grupos e formavam as colônias, onde podiam exercer suas profissões, e não tinham
restrições em relação ao idioma,
religião
ou tradição.
Por muito tempo diversas colônias ficaram isoladas, algumas até esquecidas e
desprovidas de ajuda, gerando grandes lutas de sobrevivência dos colonos
alemães nas novas e isoladas terras, com clima diferente e em muitos casos,
ataques ou hostilidade por parte de brasileiros (índios
ou não). As vias de acesso que foram prometidas não foram cumpridas, e, se
chegaram, foram décadas mais tarde. A construção de uma infra-estrutura básica
também falhara, com o governo descumprindo suas promessas iniciais.
Algumas colônias sobreviveram, mesmo que de forma
precária, voltando a um estilo precário de vida, havia muito tempo já extinto
na Alemanha. Outras colônias conseguiram se desenvolver e se expandir
demograficamente, desenvolvendo sua economia
e novos trabalhos, alguns desconhecidos dos brasileiros, pois tinham técnicas
diferentes, ganhando mercado de trabalho nacional e também internacional,
através da venda de produtos coloniais e matérias-primas, e a importação
de manufaturados e equipamentos que não eram produzidos no Brasil.
Devido às falhas na política de imigração, o governo
brasileiro resolveu mudar as regras, pretendendo assim atrair somente colonos
com condições econômicas de se estabelecerem no país e se desenvolverem. Os
colonos passariam a arcar com os custos da viagem e também a pagar pelas
terras.
Assim sendo, a imigração
que inicialmente tinha uma política de povoamento, de ocupações de espaços
vazios e demográficos, agora tratava de garantir que os imigrantes se tornassem
mão-de-obra para as lavouras de café.
Com a expansão da lavoura cafeeira
(1840) e com a proibição do tráfico de escravos (1850), o governo
brasileiro sentiu a necessidade de aumentar a quantidade de trabalhadores
livres, o que se intensifica com a chegada das leis que pré-anunciavam a abolição
por completo da escravidão. Para suprir a falta de mão-de-obra, medidas foram
tomadas para atrair mão-de-obra européia, e o direito de trazer imigrantes,
antes sob o controle do governo imperial, foi aumentado, assim cada província
poderia ter sua própria política de imigração e promover como quisesse maneiras
de realizá-la.
Surgiram as companhias de colonização,
criadas para promover a colonização no Brasil, que compravam terras baratas e
as revendiam caras aos colonos. Os proprietários das companhias de colonização
enriqueceram rapidamente, enquanto muitos colonos se endividaram e voltaram à
Alemanha.
Surgiram também jornais alemães especializados e
destinado aos emigrantes, como o Allgemeine
Auswanderungs-Zeitung (1847-1871), de Rudolstadt,
e o Deutsche
Auswanderer-Zeitung (1852-1875), de Bremen. Estes
jornais publicavam informações sobre imigrações, como informações sobre os
países que recebiam imigrantes, reportagens sobre as colônias, listas dos
navios e datas de partidas, preços de passagens, anúncios, etc…
Investiu-se em propagandas para atrair os imigrantes para
o Brasil, onde tratavam o Brasil como sendo o paraíso. Cartazes, jornais,
folhetos, livros e fotografias eram distribuídos na Europa, através de agências
contratadas e com ajuda das companhias de colonização, para estimular a vinda
dos imigrantes.
Os problemas na imigração
O governo alemão proibiu em 1859 a emigração para o
Brasil devido a um forte movimento que surgiu na Alemanha contra esta
emigração, devido a diversos problemas.
Os problemas começavam já na vinda para o Brasil, nos
navios, em viagens que poderiam durar cerca de 3 a 4 meses pelo Oceano Atlântico. Em algumas situações,
imigrantes esperavam o navio por cerca de dois meses no porto de Hamburgo,
em condições precárias, onde inclusive ocorriam óbitos. Muitas viagens foram
feitas em navios com excesso de passageiros, onde as pessoas viajavam
espremidas, com alimentação deficiente e má higiene, quando não aconteciam
inúmeros óbitos por causa de epidemias. Também muitos imigrantes morriam ao chegar ao
Brasil, por causa de doenças tropicais.
Ao chegar ao Brasil, os imigrantes alemães sofreram para
se adaptar ao clima
brasileiro, ao idioma
e às novas condições de vida, normalmente primitivas, que já não tinham em seu
país de origem.
Em alguns casos, chegavam ao Brasil e por não estarem
suas terras demarcadas, ficavam alojados em prédios ocupados antes por escravos,
aguardando durante meses o assentamento em seus lotes. Também por problemas na
demarcação de terras, muitas brigas surgiam.
O isolamento das colônias também dificultava a adaptação
ao novo ambiente, na medida em que faltava acesso a tratamento médico
para doenças
ou partos,
(quando a colônia não tinha seu próprio médico) e muitos morriam por não
chegarem a tempo na cidade mais próxima, pois dependiam de transporte
por tração, o que era lento e poderia levar horas ou dias. A distância, mas
também a falta de dinheiro, dificultavam o acesso a tratamentos.
A situação precária para sobrevivência causava muita
decepção e desgosto,
pois não eram as perspectivas que tinham quando decidiram emigrar. As promessas
de que iriam para o "paraíso" aumentavam o sofrimento, quando estavam
frente a frente a matas fechadas para derrubarem a machado, onde inclusive as
mulheres ajudavam.
A espera pelo cumprimento de promessas como o
desenvolvimento da região com a construção de vias de acesso e a promessa de
subsídio com dinheiro ou instrumentos de trabalho (ferramentas,
sementes,
gado, material de
construção) não foram cumpridas na maior parte das colônias alemãs. A liberdade
de culto de religião, apesar de declarada, era somente tolerada, pois ia contra
a constituição brasileira. Para tanto, os
imigrantes protestantes não poderiam construir prédios que tivessem a
aparência de igreja, como usando sinos e cruzes.
Muitas terras recebidas pelos imigrantes eram
simplesmente "ingratas": secas e ácidas,
sem capacidade de boa produção de alimentos para a própria subsistência.
Até descobrirem quão inférteis eram aquelas terras, já haviam investido
trabalho, sementes e tempo ao tentar cultivá-las, e entre a espera da colheita
e a frustração de não conseguir colher nada, passavam fome.
Quando os imigrantes eram empregados em alguma fazenda,
muitos se viram na condição de "semi-escravos", quando trabalhavam
por horas a fio, e não recebiam tudo o que fora prometido pelo trabalho, isso
quando não eram maltratados pelos donos das fazendas.
A imigração durante o século XX
Foi no século XX
que chegou a maior parte dos imigrantes alemães ao Brasil. Só na década de 1920
desembarcaram 70 mil alemães no país. A maior parte desses imigrantes não mais
iam para as colônias rurais, pois rumavam para os centros urbanos: eram
operários, artífices e outros trabalhadores urbanos, professores, refugiados
políticos. A cidade de São Paulo recebeu a maior parte dessa nova onda de
emigração alemã: em 1918 viviam na cidade cerca de 20 mil alemães. Outros
rumaram para Curitiba,
Porto Alegre
e Rio de Janeiro.
Também houve grupos de alemães na década de 1940
que emigraram para o Brasil
por conta da Segunda Guerra Mundial.
Nacionalização e assimilação
O brasileiro comum em geral manteve uma postura entre a
desconfiança e a hostilidade ao imigrante alemão. A opinião geral ficou mais
contundente após a Unificação da Alemanha, com a percepção que as
relações entre as colônias do sul do Brasil e a Alemanha pudessem desencadear
um movimento ameaçador à integridade do Brasil. Ideia essa que se estendeu com
intensidade variável por quase quarenta anos, até a Primeira Guerra Mundial24
sendo propalada por diversos intelectuais, com grande destaque para as obras de
Sílvio Romero,
paladino do “perigo alemão”.
Esse temor, por outro lado era infundado, já que grande
parte dos imigrantes haviam emigrado antes da reunificação e o carinho e o
sentimento de reciprocidade em relação à terra natal era dedicado à aldeia ou à
família, e não à nação. Estes imigrantes pioneiros e os Brummer
chegados em 1851,
ao receberem os novos grupos, pós-reunificação ( os Reichsdeutsche ou alemães
do Império), não se harmonizaram bem, considerando-os eruditos demais,
excessivamente apegados à região de origem e defensores de um país que não
dizia respeito à sua história.
A suspeita de antibrasilidade ganhou reforço pela questão
religiosa, com a presença de imigrantes luteranos;
pelo relativo isolamento dos colonos em locais de difícil acesso; pela falta de
escolas oficiais e portanto pela ausências de educação para os filhos de
imigrantes de forma a que aprendessem o idioma português; pelo sucesso
empresarial de alguns imigrantes, que passaram a dominar alguns mercados
locais. Isto levava a casos em que políticos locais, como João José Pereira Parobé declarassem que
preferiam o atraso econômico do estado a ver a prosperidade depender dos povos
de origem germânica.
A antipatia em relação a Alemanha também se baseou em
alguns episódios diplomáticos, entre eles:
1. o desejo
manifesto do governo alemão de adquirir uma colônia na América;
2. o desembarque
de marinheiros alemães da canhoeira Panther, em Santa Catarina, em 1905, sem
autorização do governo brasileiro, para buscar e prender um marinheiro acusado
de deserção;
3. a manobra
feita para aumentar os preços do café iniciada em 1906 liderada pelo alemão
Hermann Sielcken. A manobra deu resultados, porém o consórcio
se desfez em 1913, e alguns de seus fundos foram confiscados pelo governo
alemão no início da Primeira Guerra Mundial
Na década de 1940,
o presidente Getúlio Vargas declarou guerra à Alemanha e
proíbiu o uso da língua alemã no Brasil, além de confiscar bens de imigrantes
alemães. Isso afetou imediatamente as colônias alemãs do País. Foi a partir
desse momento que as colônias que ainda se mantinham isoladas no campo passaram
a se abrir para a cultura brasileira e à miscigenação
com outras etnias.
Nas colônias mistas do Sul do Brasil, o casamento entre alemães
e italianos
tornou-se um fenômeno comum. Mesmo nas colônias etnicamente alemãs, torna-se
cada vez mais raro ver-se pessoas com ascendência puramente alemã: o casamento
entre descendentes de alemães com pessoas de outras etnias tornou-se algo
comum.
O projeto de nacionalização dos estrangeiros arquitetado
por Vargas surtiu grande efeito. Os alemães no Brasil, de fato, viviam em um
mundo à parte da realidade brasileira: confinados em colônias etnicamente
alemãs, os imigrantes estudavam em escolas
para alemães e tinham na sua cultura herança total germânica. Entre os
descendentes, havia o sentimento de Deutschtum: mesmo nascidos no Brasil
e, portanto, tendo como nacionalidade a brasileira, os teuto-brasileiros ainda
viviam totalmente ligados à Alemanha.
Depoimento importante é da escritora gaúcha Lya Luft,
nascida na colônia de Santa Cruz do Sul:
Na minha família se falava "nós, os alemães, e eles, os
brasileiros". Isso era uma loucura, porque nós estávamos há gerações no
Brasil. E como eu era uma menininha muito contestadora, um dia, com 7 ou 8
anos, numa Semana da Pátria, me dei conta: "Por que falam 'die Brasilianer
und wir'?". Eu quero ser brasileira (…) Eu nasci em 1938 e logo em
seguida começou a guerra. Em casa falávamos alemão, mas em seguida tive que
falar português porque o alemão foi proibido. Minhas avós falavam alemão.
Nenhuma conheceu a Alemanha. Eu me lembro delas sempre lendo. Isso é uma
coisa legal que eu tenho delas – todo um imaginário dos contos de fadas33
.
|
Em visitas às colônias alemãs do Sul, membros do governo
brasileiro se horrorizavam ao ver brasileiros com nomes alemães e que mal
conseguiam falar o português. Embora fosse um elemento importante
para a diversidade étnico-cultural do Brasil, as colônias alemãs eram um meio
fácil da propagação nazista. A nacionalização do governo Vargas foi um grande
divisor de águas: de uma geração para outra, os descendentes de alemães
perderam praticamente toda a sua identidade e se tornaram essencialmente
brasileiros.
A influência alemã no Brasil
Comemoração da oktoberfest na cidade gaúcha
de Igrejinha.
A mistura de imigrantes de diversas partes da Alemanha
não criou conflitos e nem divergências no Brasil: com o passar do tempo,
criou-se uma identidade teuto-brasileira compartilhada por todos. Um
exemplo claro são os pomeranos. Esse povo foi, durante séculos, marginalizado pelos
alemães, o que levou milhares deles a emigrar. Apesar de não se considerarem
alemães, no Brasil os pomeranos acabaram sendo agrupados entre os alemães. A
cidade de Pomerode,
colonizada por pomeranos, é conhecida por ser a cidade mais alemã do Brasil,
mesmo que os antepassados da população da cidade nem ao menos se consideravam
como sendo alemães.
Em diversas localidades do Brasil, mas em especial na
Região Sul, são evidentes as marcas dos imigrantes alemães. O estado de Santa Catarina
é considerado o mais alemão do Brasil. Aproximadamente 20% da sua
população é de ascendência alemã, a maior porcentagem dentre os estados
brasileiros. As cidades do interior do estado ainda preservam a arquitetura
germânica das casas, bem como a língua alemã
e festas populares, como a Oktoberfest, são marcas fortes da imigração alemã no Sul do
Brasil.
Os descendentes de imigrantes alemães que se fixaram nas
colônias rurais do Brasil durante o século XIX acabaram por criar uma
identidade teuto-brasileira. Embora nascidos no Brasil, esses colonos mantinham
laços culturais estreiros com a Alemanha natal: a língua alemã era falada pela
maioria e os hábitos continuavam os mesmos, inclusive houve vários jornais de língua alemã nas colônias.
A língua alemã do Sul
do Brasil
No ano 2009,
a imigração alemã ao Brasil meridional completou 185 anos. Apesar de seu abandono e da
falta de reconhecimento pelas autoridades como capital cultural intangível e
mesmo, periodicamente, vítima de políticas exterminatórias agressivas, o idioma
alemão perdura como um falar regional brasileiro.
Parque homenageando a arquitetura dos
imigrantes, em Nova Petrópolis.
A beleza das cidades germânicas do
Brasil, como Gramado,
atrai milhares de turistas.
O alemão e seus diversos dialetos eram a língua principal
entre os milhares de alemães e seus descendentes no Brasil. Todavia, com a campanha de nacionalização de Vargas,
iniciada na década de 1930, o alemão foi sendo substituído pelo português. Os
fatores para a língua alemã ter sobrevivido no Brasil por diversas gerações são
que, em muitos casos, professores eram trazidos da Alemanha
para educar os filhos dos colonos. O meio rural também facilitou, haja vista
que em muitas colônias alemãs o contato com a língua portuguesa era mínimo.
Os falantes de alemão no Brasil se dividem em dois
grupos: nas regiões mais humildes e rurais, onde a presença dos professores
alemães foi mínima, falam-se dialetos, dependendo de que região da Alemanha
vieram os povoadores. O dialeto mais difundido é o Riograndenser Hunsrückisch (que poderia
ser traduzido como hunsriqueano rio-grandense). Outros muitos falam outros
dialetos minoritários também distintos. Aqueles que frequentavam escolas e
vivem em áreas mais urbanizadas, falam o alemão padrão culto hochdeutsch,
como por exemplo a internacionalmente renomada autora rio-grandense do sul Lya Luft.
O ex-presidente Ernesto Geisel também pode ser citado, sendo
que lia Goethe
em seu texto original.
Estima-se que haja um milhão de falantes de alemão no
Brasil, a grande maioria bilíngues com o português.
A etnia
teuto-brasileira
A imigração alemã no Sul do Brasil deixou marcas
profundas na etnia
da população. Nos estados de Santa Catarina,
Paraná
e Rio Grande do Sul, parte significativa da
população tem origens alemãs. Números menores se encontram em todo o Sudeste e
Centro-Oeste do país.
Conceito sociológico
Além de ser um termo de designação étnica, o conceito de
"teuto-brasileiro" também se tornou um conceito sociológico, alvo de
uma série de discussões acadêmicas, relacionadas ao papel do imigrante e
descendente de alemães no Brasil a partir da década de 1930. Emílio Willems, Artur Hehl Neiva, Carlos Henrique
Oberacker Junior, Egon Schaden, entre outros, foram pesquisadores acadêmicos que
retomaram a noção de "teuto-brasileiro", inserindo-a em um contexto
mais brando que os debates acerca do "perigo alemão" no Brasil, comum
desde o início do século XX, sobretudo no sul do Brasil.
Miscigenação
Antes de falar do processo de miscigenação do imigrante
alemão no Brasil, é necessário fazer uma distinção entre dois grupos: os alemães
católicos e os luteranos. Para os primeiros, sem dúvida, a aproximação com os
brasileiros se mostrava inevitável, principalmente enquanto não havia igreja na
colônia, o que forçava os colonos a ter uma maior convivência com o elemento
brasileiro a fim de praticar a sua religiosidade. Isso, somado à interação por
fatores econômicos e pessoais, aumentavam as chances de casamentos mistos. Para
os luteranos, por outro lado, o contato com os brasileiros se limitava à esfera
econômica, uma vez que tendiam a se isolar devido ao caráter germanizante da
sua religião, favorecendo a prática de endogamia.
Dados estatísticos de duas comunidades alemãs, uma localizada em Curitiba
(Paraná) e outra em São Lourenço (Rio Grande do Sul) confirmam isso.
Nos registros de matrimônios de uma paróquia de Curitiba,
dos alemães católicos que se casaram entre 1850 e 1919, 42,88% o fizeram com
pessoa de origem alemã, enquanto que a maioria (57,12%) contraiu matrimônio com
pessoa de outra etnia. Situação bastante antagônica se dava entre os
evangélicos: 93% dos alemães luteranos casaram com pessoa de etnia alemã e
apenas 6,9% com pessoa de outra origem. Situação semelhante foi verificada
entre os alemães de São Lourenço, embora nesta localidade os casamentos
intra-étnicos predominaram tanto entre católicos como entre protestantes. Entre
1861 e 1930, dos católicos alemães de São Lourenço, 73,9% contraíram matrimônio
com pessoa de etnia alemã e 26,1% com de outra origem. Já entre os luteranos,
apesar de haver dados escassos, para o período entre 1903 e 1930, verificou-se
que 96,9% deles casaram com alemães e apenas 3,1% com não alemães.
Verifica-se, portanto, que a religião era um elemento que
tinha notável influência nos padrões matrimoniais dos alemães no Brasil. O luteranismo
não encontrava adeptos entre os brasileiros e seus cultos, em alemão,
desencorajavam a participação de elementos de fora da comunidade. A própria
religião luterana configurava um elemento germanizante e, tendo em vista a
tradição católica que predominava no Brasil, fazia com que seus seguidores se
unissem e impedissem a infiltração do elemento brasileiro. Já os alemães de fé
católica tinham maior afinidade com os brasileiros e com eles conviviam mais,
aumentando as chances de contraírem matrimônios mistos.
Outros fatores também influenciaram os padrões nupciais
dos alemães no Brasil. A própria forma como as colônias agrícolas se
organizavam, formando "ilhas" perdidas do restante da população
brasileira, muitas vezes separadas por florestas, favorecia o isolamento. Os
imigrantes muitas vezes chegavam e se reuniam em pequenos grupos e se sentiam
deslocados numa terra estranha, onde não encontravam com quem se identificar
até que um novo grupo alemão chegasse. Portanto, principalmente para os
primeiros imigrantes, era praticamente inconcebível procurar um cônjuge fora do
grupo alemão, pois a sua comunidade representava a continuidade do que ficara
para trás.
Mais tarde, surgiram preconceitos de parte a parte e
representações sociais ligadas ao preconceito de raça. De um lado, os alemães
olhavam a mulher brasileira como uma má dona-de-casa e o homem brasileiro como
pouco trabalhador. Os brasileiros também olhavam com estranheza os alemães
devido aos seus costumes e características raciais tão diferentes das suas.
Assim, essas condições psicológicas, naturais e
religiosas exerceram influência nas características matrimoniais que tiveram os
alemães no Brasil.
Reavivando a cultura
Teuto-brasileira
A oktoberfest
é uma das tentativas de resgatar as tradições alemães no Brasil.
Nas últimas décadas, vê-se uma tentativa de reavivar a
cultura germânica nas áreas de colonização alemã.41
Exemplos são festas populares, como a Oktoberfest.
Todavia, tais manifestações são mais turísticas
que representações de cultura étnica. A Oktoberfest, por exemplo, só se
popularizou na região na década de 1980:
não foi trazida pelos imigrantes, mas importada como forma de alavancar a
economia regional. Cidades de colonização alemã começaram a ressuscitar a
arquitetura enxaimel,
trazida pelos imigrantes, embora o estilo arquitetônico esteja extinto na
Alemanha desde o século XVIII.
Os descendentes de alemães estão completamente integrados
à sociedade brasileira há mais de três gerações. O que se assiste nas antigas
colônias alemãs é uma tentativa de alavancar o turismo local, usando do que
restou de uma cultura teuto-brasileira extinta desde a década de 1940 para
promover festas ditas "alemãs". A cidade de Pomerode,
por exemplo, tem como slogan
"a cidade mais alemã do Brasil". De fato, o município foi povoado por
pomeranos,
povo mais relacionado aos eslavos
do que aos germânicos.
Durante séculos, os pomeranos foram explorados pelos alemães e sua cultura é
bastante diferente da cultura alemã. Ignorando os fatos históricos, Pomerode se
orgulha em se dizer a "mais alemã do Brasil".
Alemão como língua
oficial
Em um processo de revitalização, e através de um forte
apelo de brasileiros germanófonos para a adoção da língua alemã
como vernáculo oficial das cidades colonizadas
por alemães, o município de Pomerode foi o primeiro a adotar a língua alemã como
co-oficial no município. O processo de vernaculação oficial do alemão deve se
repetir nos próximos anos em todo município em que a maioria da população
seja descendente de imigrantes alemães, de forma que escolas públicas
ensinem obrigatoriamente a língua alemã, e serviços públicos também sejam
prestados em alemão.
Também foi aprovada em agosto de 2011 a PEC 11/2009, emenda
constitucional que inclui no artigo 182 da Constituição
Estadual a língua pomerana,
junto com a língua alemã, como patrimônios culturais do Espírito Santo.
Municípios
brasileiros que possuem língua co-oficial pomerana
(ou Pommersch)
Municípios
em que a língua pomerana
é co-oficial no Espírito Santo.
Espírito Santo
Minas Gerais[]
- Itueta
(apenas no distrito de Vila Nietzel)
Santa Catarina
Rio Grande do Sul[
Rondônia
Municípios
brasileiros que possuem língua co-oficial hunsriqueana (ou Hunsrückish
Rio Grande do Sul
Santa Maria do Herval
Santa Catarina[
- Antônio Carlos
- Treze Tílias
(o ensino da língua é obrigatório nas escolas,
estando em fase de oficialização nos serviços públicos do município)
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