Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A história da Índia tem início, com
o registro arqueológico, da presença do homo sapiens há
cerca de 34 000 anos. Uma civilização da Idade do
Bronze emergiu em época aproximadamente contemporânea às
civilizações do Oriente Médio. Como regra, a história da Índia
abrange todo o subcontinente indiano, correspondente às
atuais República da
Índia, Paquistão, Bangladesh, Sri Lanca, Nepal e Butão.
A civilização do Vale do Indo surgiu
no século XXXII a.C. e atingiu a maturidade a partir
do século XXV a.C. Seguiu-se-lhe a civilização védica. A origem dos indo-arianos é
um ponto de relativa controvérsia. A maioria dos estudiosos acredita em algum
tipo de hipótese de migração indo-ariana,
segundo a qual os arianos, um povo semi-nômadepossivelmente
da Ásia Central ou do norte do Irã, teriam
migrado para o noroeste do subcontinente entre 2000 a.C. e 1500 a.C.. A
natureza de tal migração, o local de origem, e até mesmo a própria existência
dos arianos como povo distinto, são fortemente discutidos. Até algumas décadas
atrás, havia quase unanimidade sobre a ocorrência de uma invasão ariana que
teria ocorrido aproximadamente 1500 a.C. e que teria destruído a civilização do
Vale do Indo, mas achados arqueológicos e geológicos recentes levaram a
questionar essa teoria.
Os autores
que aceitam a hipótese da invasão ou migração ariana consideram que a fusão da
cultura védica com as culturas dravídicas que lhe eram
anteriores (presumivelmente os descendentes da civilização do Vale do Indo)
aparentemente resultou na cultura indiana clássica, embora os detalhes
específicos do processo são controversos. Alguns entendem, por outro lado, que
a civilização do Vale do Indo era essencialmente védica e que se teria
espalhado para partes da Europa entre o sexto e o segundo milênio a.C..
Os
nascimentos de Mahavira e de Buda no século
VI a.C. marcam o começo da fase mais bem registrada da história
indiana. Pelos 1500 anos seguintes, a Índia produziu a sua civilização clássica
e, segundo alguns historiadores, a maior economia do
mundo antigo entre os séculos I e XV d.C., ao controlar entre um-terço e
um-quarto da riqueza mundial até a época mogol,
após o quê declinou rapidamente sob domínio britânico.
Às incursões
por exércitos árabes e centro-asiáticos nos séculos VIII e XIII
seguiram-se as de comerciantes da Europa, a partir do final do século XV.
A Companhia Inglesa das Índias
Orientais foi fundada em 1600 e iniciou,
desde 1757,
a colonização de
partes da Índia. Na altura de 1858, após derrotar uma confederação sique no Panjabe em 1849, a coroa britânica
assumira o controle político de virtualmente todo o subcontinente. Tropas
indianas no exército britânico desempenharam um papel vital em ambas as guerras
mundiais. A resistência não-violenta ao colonialismo britânico, chefiada por Mahatma
Gandhi, Vallabhbhai Patel e Jawaharlal
Nehru, levou à independência frente ao Reino Unidoem 1947. O subcontinente foi
partilhado entre a República da Índia, secular e democrática,
e a República Islâmica do Paquistão. Como resultado de uma guerra entre aqueles dois países em 1971, o Paquistão Oriental
tornou-se o Estado independente de Bangladeche.
No século XXI, a Índia tem obtido ganhos expressivos em investimento e
produção econômicos, constituindo-se na maior democracia do mundo, com
uma população de mais de 1000 milhão de pessoas, e na quarta maior
economia do planeta (critério PPP).
Fora do sul
da Ásia, a história, a cultura e a política da Índia freqüentemente se sobrepõem
aos países vizinhos. A cultura, economia e política indianas exerceram
influência ao longo de milênios na história e na cultura de países no sudeste
asiático, no leste e no centro da Ásia, como Indonésia, Camboja, Tailândia, China, Afeganistão, Mianmar, Laos, Tajiquistão, Irã e Turquemenistão.
Após incursões árabes na Índia no início do segundo milênio, missões
semelhantes em busca da lendária riqueza indiana influenciaram fortemente a
história da Europa medieval, a partir da chegada de Vasco da Gama. Cristóvão Colombo descobriu a América quando
procurava uma nova rota para a Índia, e o Império Britânico obteve grande parte de seus
recursos após a incorporação da Índia (a "Joia da Coroa") do final
do século XVIII até 1947.
Para a
história da Índia após a independência em 1947, ver História da República da Índia.
Idade da Pedra
A cultura
da Idade da Pedra no subcontinente indiano coincidiu com o
início da colonização pelo homem e progrediu para
a agricultura e
o desenvolvimento de ferramentas derivadas de objetos naturais ou criados a
partir de matérias-primas. A comunidade Mehrgarh constitui-se
no estágio preliminar da agricultura no subcontinente e levou ao surgimento
da civilização do Vale do Indo, pertencente
à Idade do Bronze.
Idade do Bronze
As
civilizações da Idade do Bronze no sub-continente indiano lançaram as
bases da moderna cultura indiana, inclusive o surgimento de assentamentos
urbanos e o desenvolvimento das crenças védicas que
formam o núcleo do hinduísmo.
Civilização
do Vale do Indo
Selos com a escrita índica.
A irrigação do Vale do Indo,
que fornecia recursos suficentes para sustentar grandes centros urbanos
como Harappa e Mohenjo-daro em
cerca de 2 500 a.C., marcou o início da civilização harappa. Aquele
período testemunhou o nascimento da primeira sociedade urbana na Índia,
conhecida como a civilização do Vale do Indo (ou
civilização harappa), que floresceu entre 2500 a.C. e 1900 a.C., e que se
concentrava em volta do rio Indo e seus tributários, estendendo-se ao doab rio Ganges-rio Yamuna,
ao Guzarate e
ao norte do atual Afeganistão.
Esta
civilização caracterizava-se por suas cidades construídas com tijolos, por
sistemas de águas pluviais e por casas com vários andares. Quando comparada a
civilizações contemporâneas como o Egito e
a Suméria,
a cultura do Indo dispunha de técnicas de planejamento urbano singulares, cobria uma
área geográfica mais extensa e pode ter formado um Estadounificado,
como sugere a extraordinária uniformidade de seus sistemas de
medida. As referências históricas mais antigas à Índia talvez sejam
as relativas a "Meluhha", em registros sumérios, que poderia ser a
civilização do Vale do Indo.
As ruínas de
Mohenjo-daro constituíam o centro daquela antiga sociedade. Os assentamentos da
civilização do Indo disseminaram-se até as modernas Bombaim,
ao sul, Déli,
a leste, e a fronteira iraniana, a oeste, limitando com os Himalaias a
norte. Os principais centros urbanos eram Harappa e Mohenjo-daro, bem
como Dholavira, Ganweriwala, Lothal, Kalibanga e Rakhigarhi. No seu zênite,
como creem alguns arqueólogos, a civilização do Indo talvez
contivesse uma população de mais de cinco milhões de habitantes. Até o
presente, mais de 2 500 antigas cidades e assentamentos foram identificados, em
geral na região a leste do rio Indo no atual Paquistão.
Alguns acreditam que perturbações geológicas e mudanças climáticas,
responsáveis por um desmatamento gradual, teriam contribuído para a queda
daquela civilização. Em meados do II milênio a.C., a região da bacia do
rio Indo, que inclui cerca de dois-terços dos sítios atualmente conhecidos,
secou, levando a população a abandonar os assentamentos.
Civilização
védica
A civilização védica é a cultura indo-ariana associada
com o povo que compôs os Vedas no subcontinente indiano. Incluía o atual Panjabe,
na Índia e Paquistão, e a maior parte da Índia setentrional. A relação exata
entre a gênese desta civilização e a cultura do Vale do Indo, por um lado, e
uma possível imigração indo-ariana, por outro, é motivo de controvérsia.
A maioria
dos estudiosos entende que esta civilização floresceu entre os II e I
milênio a.C. O uso do sânscrito
védico continuou até o século VI a.C., quando a
cultura começou a transformar-se nas formas clássicas do hinduísmo.
Esta fase da história da Índia é conhecida como o período védico ou era védica.
Sua fase primitiva testemunhou a formação de diversos reinos da Índia antiga;
em sua fase tardia (a partir de cerca de 700 a.C.), surgiram os Mahajanapadas,
dezesseis grandes reinos no norte e no noroeste da Índia. Seguiram-se-lhe a
idade de ouro do hinduísmo e da literatura em sânscrito
clássico, o Império Máuria (a partir de cerca
de 320 a.C.) e os reinos médios da Índia (a
partir do século II a.C.).
Ademais dos
principais textos do hinduísmo (os Vedas), os grandes épicos indianos (Ramáiana e Maabárata),
inclusive as famosas histórias de Rama e Críxena,
teriam sua origem neste período, a partir de uma tradição oral. O Bhagavad Gita,
outro bem-conhecido texto primário do hinduísmo, está contido no Maabárata.
Os 16 Mahajanapadas da Idade do Ferro
Os dezesseis Mahajanapadas da Idade do
Ferrono subcontinente indiano, estendendo-se
principalmente ao longo da planície gangética.
Durante
a Idade do Ferro, que começou na Índia em torno
de 1 000 a.C., diversos pequenos reinos e cidades-Estado cobriram
o subcontinente, muitos mencionados na literatura védica a
partir de 1 000 a.C. Em torno de 500 a.C., dezesseis
monarquias e "repúblicas", conhecidas como Mahajanapadas,
estendiam-se através das planícies indo-gangéticas,
desde o que é hoje o Afeganistão até Bangladesh: Kasi, Côssala, Anga, Mágada, Vajji (ou Vriji), Malla, Chedi, Vatsa (ou Vamsa), Kuru, Panchala, Machcha (ou Matsya), Surasena, Assaka, Avanti, Gandara e Kamboja. Os maiores dentre aqueles países
eram Mágada, Côssala, Kuru e Gandara. A língua culta daquele
período era o sânscrito, enquanto que os dialetos da
população em geral do norte da Índia eram conhecidos como prácritos.
Os rituais
hindus da época eram complicados e conduzidos pela classe sacerdotal. Os Upanixades, textos védicos tardios
que lidavam principalmente com filosofia,
teriam sido compostos no início daquele período e seriam portanto
contemporâneos ao desenvolvimento do budismo e
do jainismo,
o que indicaria uma idade do ouro filosófica naquele momento, semelhante ao que
ocorreu na Grécia antiga. Em 537 a.C., Gautama Buda atingiu
a iluminação e fundou o budismo, inicialmente visto como um complemento
ao darma védico.
No mesmo período, em meados do século VI a.C., Mahavira fundou
o jainismo. Ambas as religiões tinham uma doutrina simples e eram pregadas em
prácrito, o que ajudava a disseminá-las entre as massas. Embora o impacto
geográfico do jainismo tenha sido limitado, freiras e monges budistas levaram
os ensinamentos de Buda à Ásia Centrale Oriental, Tibete, Sri Lanka e Sudeste asiático.
Os
Mahajanapadas eram, grosso modo, o equivalente às cidades-Estado gregas do
mesmo período no Mediterrâneo, e produziam uma filosofia que
viria a formar a base de grande parte das crenças do mundo oriental, da mesma
maneira que a Grécia antiga produziria uma filosofia que embasaria grande parte
das crenças do mundo ocidental. O período encerrou-se com as invasões persa e
grega e a ascensão subseqüente de um único império indiano a partir do Reino de Mágada.
Invasões persa e grega
Na altura
do século V a.C., o norte do subcontinente indiano foi invadido
pelo Império Aquemênida e, no final
do século IV a.C., pelos gregos do
exército de Alexandre, o Grande. Ambos os eventos
repercutiram fortemente na civilização indiana, pois os sistemas políticos
dos persas viriam a influenciar a filosofia política indiana, inclusive a
administração do Império Máuria, e formou-se um cadinho das
culturas indiana, persa, centro-asiática e grega no que é hoje o Afeganistão,
de modo a produzir uma singular cultura híbrida.
Império
Aquemênida
Grande parte
do noroeste do subcontinente indiano (atualmente o leste do Afeganistão e quase
todo o Paquistão) foi governada pelo Império Aquemênida a partir de
cerca de 520 a.C. (durante o reinado de Dario, o
Grande) até a sua conquista por Alexandre, o Grande. Os aquemênidas,
cujo controle sobre a região durou 186 anos, usavam a escrita
aramaica para a língua persa.
Com o fim da dinastia, a escrita grega passou
a ser mais comum.
O
império de Alexandre[editar | editar código-fonte]
A interação
entre a Grécia helenística e
o budismo teve
início com a conquista da Ásia Menor e
do Império Aquemênida por Alexandre, o Grande. Em seu avanço, o monarca macedônio atingiu as fronteiras
noroeste do subcontinente indiano em 328 a.C. Ali, derrotou o Rei Poro na batalha de Hidaspes (próximo à atual Jhelum, Paquistão)
e apoderou-se da maior parte do atual Panjabe.
Entretanto, as tropas de Alexandre recusaram-se a prosseguir além do Hifasis (rio Beas),
próximo à atual Jalandhar, Índia.
O monarca atravessou então o curso d´água e mandou erguer altares para marcar o
extremo oriental de seu império.
Império Mágada
Originalmente, Mágada era
um dos dezesseis Mahajanapadas indo-arianos da
Índia Antiga. O reino emergiu como uma grande potência após subjugar dois
Estados vizinhos, e era dono de um exército incomparável na região.
Em 326
a.C., o exército de Alexandre, o Grande, aproximou-se das
fronteiras do Império Mágada. As tropas, exaustas e receosas de enfrentar mais
um gigantesco exército indiano no rio Ganges,
amotinaram-se no rio Hifasis e recusaram-se a prosseguir em direção a leste.
Naquelas condições, Alexandre decidiu avançar na direção sul, seguindo o Indo até
o Oceano.
após a morte
de Asoca (232
a.C.). A partir de então, formaram um império que controlou o centro e o sul da
Índia (o Decão),
mantendo a ordem naquela porção do subcontinente em especial após o fim dos
máurias e em face das sucessivas ondas de invasores vindos do noroeste.
Os andaras
competiam pela supremacia na planície gangética com o Império Sunga, que
controlava o nordeste da Índia entre c. 185 a.C. e 73 a.C.
Bateram-se
ao longo do tempo contra os indo-gregos,
os sátrapas ocidentais (indo-citas)
e os indo-partos (partos).
Embora pudessem resistir aos avanços dos seu inimigos (os andaras dispunham
talvez das forças armadas mais poderosas da época na Ásia),
os conflitos com os impérios constituídos pelos invasores de noroeste
terminaram por enfraquecê-los até que, em cerca de 220, a dinastia
extinguiu-se.
Império
Gupta
Mapa do subcontinente indiano com a localização
do Império Gupta (azul).
Da mesma
forma que os andaras, os guptas foram uma dinastia nativa da Índia que se opôs
aos invasores de noroeste. Nos séculos IV e V, a dinastia Gupta unificou a
Índia setentrional. Naquele período, conhecido como a Idade do Ouro indiana, a
cultura, a política e a administração hindus atingiram patamares sem
precedentes. Com o colapso do império no século VI, a Índia voltou a ser
governada por diversos reinos regionais.
Suas origens
são, em grande medida, desconhecidas. O viajante chinês I-tsing fornece a mais
antiga prova da existência de um reino gupta em Mágada.
Acredita-se que os puranas védicos foram redigidos naquela época; deve-se ao
Império Gupta, também, a invenção dos conceitos de zero e infinito e
os símbolos para o que viria a ser conhecido como os algarismos arábicos (1-9). O império
chegou ao fim com o ataque dos hunos brancos provenientes
da Ásia Central. Uma linhagem menor do clã gupta, que continuou a reinar em
Mágada após a desintegração do império, foi finalmente destronada pelo Harshavardhana, que
reunificou o norte do subcontinente na primeira metade do século VII.
Invasão
dos hunos brancos[editar | editar código-fonte]
Os hunos brancos aparentemente
integravam o grupo heftalita que se estabeleceu no território correspondente
ao Afeganistãona primeira metade do século V,
com capital em Bamiyan. Foram os responsáveis pela queda do Império Gupta,
encerrando o que os historiadores consideram uma Idade do Ouro da Índia
setentrional. Entretanto, grande parte do Decão e
a Índia meridional mantiveram-se ao largo dos sobressaltos ocorridos ao norte.
O imperador
gupta Skandagupta repeliu uma invasão huna
em 455,
mas os hunos brancos continuaram a pressionar a fronteira noroeste (atual Paquistão)
e terminaram por penetrar o norte da Índia no final do século V, de
maneira a acelerar a desintegração do Império Gupta. Após o século VI, há
poucos registros na Índia acerca dos hunos. Seu destino é incerto: alguns
estudiosos pensam que os invasores foram assimilados pela população local;
outros sugeriram que os hunos seriam os ancestrais dos rajaputros.
Reinos médios tardios - a era clássica
Esta fase
histórica pode ser definida como o período entre a queda do Império Gupta e
as conquistas de Harshavardhana, por um
lado, e o surgimento dos primeiros sultanatos islâmicos na
Índia com o correlato declínio do Império meridional Vijaynagar, no século
XIII, por outro. Naquela fase destacaram-se o Reino Chola,
no território correspondente ao norte de Tâmil Nadu,
e o Reino Chera, no que é hoje Kerala.
Os portos da Índia meridional dedicavam-se então ao comércio do Oceano Índico,
especialmente de especiarias, com o Império
Romano a oeste e o sudeste da Ásia a leste. No norte,
estabeleceu-se o primeiro dos Rajaputros, uma série de
reinos que sobreviveria em certa medida por quase um milênio até a
independência indiana frente aos britânicos. O período assistiu uma produção
artística considerada a epítome do desenvolvimento clássico; os principais
sistemas espirituais e filosóficos locais continuaram a ser o hinduísmo,
o budismo e
o jainismo.
No norte,
sucederam o império formado por Harsavardana as dinastias Pratiara, de Malwa
(no atual Rajastão), Pala,
de Bengala,
e Rastracuta, do Decão,
entre os séculos VII e IX. No sul e no centro surgiram o Império Chaluquia em Badami (no atual Carnataca),
e Palavi em Canchipuram
(no atual Tâmil Nadu), entre os séculos VI e VIII.
Império
Chola
Os cholas emergiram
como o império mais poderoso do subcontinente no século
IX e mantiveram seu domínio até o século XII. Como uma dinastia de
origem tâmil,
seu centro de poder localizava-se no sul da península indiana. Seu zênite
ocorreu durante os séculos X, XI e XII, quando governavam um território que
incluía o sul do subcontinente, as ilhas
Maldivas e parte do Ceilão,
chegando em certo momento até o Ganges,
ao norte, e ao Arquipélago Malaio, ademais de certos pontos ao longo do Golfo de
Bengala.
Enquanto os
cholas dominavam o sul, ao norte três reinos disputavam a supremacia: os
pratiaras, no atual Rajastão, o Império Pala, nos atuais Biar e
Bengala, e os rastracutas, no Decão.
Rajaputros
A história
registra os primeiros reinos rajaputros no
Rajastão a partir do século VII, mas foi nos séculos IX a XI que passaram
a participar ativamente os acontecimentos no subcontinente. As diversas
dinastias rajaputras posteriormente governaram boa parte da Índia setentrional.
Como regra geral, os rajaputros, devido a sua localização no norte do
subcontinente indiano, foram os que mais enfrentaram as invasões islâmicas e a
subseqüente expansão dos sultanatos muçulmanos. Em período histórico posterior,
cooperaram com o Império Mogol.
Invasão islâmica
A invasão
do subcontinente indiano por tribos e
impérios estrangeiros foi freqüente ao longo da história, e costumava terminar
com o invasor absorvido pelo cadinho sócio-cultural indiano. A diferença, na
fase histórica em apreço, é que os Estados muçulmanos invasores
- em geral, de origem turcomana - mantiveram, uma vez instalados no
subcontinente, seu caráter islâmico, com repercussões até os dias de hoje.
A primeira
incursão muçulmana (árabe omíada) de monta ocorreu no século VIII, contra o Baluchistão, Sinde e o Panjabe,
resultando em Estados islâmicos sobre os quais o controle do Califado era
muito tênue. No início do século XI, a dinastia gaznévida (de Gázni,
cidade do atual Afeganistão), de origem turcomana, avançou
sobre o oeste e o norte da Índia, conquistando o Panjabe; a Caxemira,
o Rajastão e Guzerate permaneceram
sob controle dos rajaputros. No século
XII, os góridas, uma dinastia também turcomana e originalmente do Afeganistão,
venceram o Império Gaznévida e alguns rajás do
norte da Índia e lograram conquistar Déli,
ali fundando (já no século XIII) o Sultanato de Déli.
Sultanato
de Déli[editar | editar código-fonte]
O Sultanato de Déli (1206-1526) expandiu-se
rapidamente até incluir a maior parte da Índia setentrional, do passo Khyber até Bengala.
Posteriormente, conquistou o Guzerate e Malwa e voltou-se para o sul,
chegando até o atual Tâmil Nadu.
A expansão para o sul continuou pelas mãos do Sultanato de Bamani, que se separara de Déli, e
dos cinco sultanatos independentes do Decão,
sucessores de Bamani após 1518. O Reino de
Bisnaga dos hindus uniu o sul da Índia e bloqueou o avanço muçulmano
até cair frente aos sultanatos decanis, em 1565.
Talvez a
contribuição mais importante do Sultanato tenha sido seu sucesso temporário em
isolar o subcontinente da potencial devastação provocada pela invasão mongol da Ásia Central no século
XIII. O Sultanato de Déli foi absorvido em 1526 pelo Império Mogol.
Império Mogol
Mapa do subcontinente indiano com o Império Mogol em
destaque
O Taj Mahal, construído pelo Grão-Mogol Xá Jeã
Em 1526, um descendente
de Tamerlão chamado Babur, de origem
turco-perso-mongol, atravessou o Passo Khyber,
invadiu o subcontinente e estabeleceu o que viria a ser o Império Mogol,
que perduraria por mais de dois séculos e cobriria um território ainda maior do
que o do Império Máuria.[4] Por
volta de 1600,
a dinastia mogol já controlava a maior parte do subcontinente; entrou em
declínio após 1707 e
foi finalmente defenestrada pelos britânicos em 1857, após a revolta dos sipais. Este período foi marcado
por grandes mudanças sociais, ocorridas numa sociedade de maioria hindu governada
por grão-mogóis (imperadores) muçulmanos que,
alguns, adotavam uma postura de tolerância religiosa, outros, destruíam templos
hindus e cobravam impostos dos não-muçulmanos.
Da mesma
maneira pela qual os conquistadores mongóis da China e da Pérsia haviam
adotado a cultura local, os mogóis professavam uma política de integração com a
cultura indiana que contribui para explicar o seu sucesso em comparação com
o Sultanato de Déli. Os grão-mogóis casaram-se
com a realeza local, aliaram-se com marajás e
procuraram fundir a sua cultura turco-persa com as tradições indianas.
Era pós-mogol
Império
Marata
O Império Marata (posteriormente
conhecido como Confederação Marata) foi um Estado hindu que existiu
entre 1674 e 1818 e que esteve
freqüentemente em guerra com o Império Mogol muçulmano,
contribuindo para o declínio deste último. Foi a força predominante no subcontinente durante a maior parte
do século XVIII e logrou conter o avanço dos colonizadores britânicos. Disputas internas e
três guerras anglo-maratas (final
do século XVIII e início do XIX) puseram fim ao império, cujo
território foi em grande medida anexado ao Império Britânico, embora algumas regiões se
tenham mantido nominalmente independentes como Estados principescos vinculados
à Índia britânica.
Panjabe
Entre 1716 e
1799, o Panjabe foi
governado por um conjunto de Estados siques[6] de
médio porte conhecido como Confederação Sique. Embora em termos políticos a
confederação fosse descentralizada, os Estados integrantes eram unidos em torno
de uma cultura e religião comuns, representados pela religião sique. As
duas guerras anglo-siques (1845
a 1849) resultaram na absorção do Panjabe pela Índia britânica.
Era colonial
A descoberta da rota marítima para a
Índia em 1498, por Vasco da Gama,
sinalizou o início do estabelecimento de territórios controlados pelas
potências europeias no subcontinente. Os portugueses constituíram bases em Goa, Damão, Diu e Bombaim,
dentre outras. Seguiram-se os franceses e
os neerlandeses no século XVII.
Índia
britânica
A Companhia Inglesa das Índias
Orientais estabeleceu uma primeira base em Bengala,
em 1757.
Na altura dos anos 1850, os britânicos já controlavam quase todo o subcontinente,
inclusive o território correspondente aos atuais Paquistão e Bangladesh.
A revolta dos sipais, de 1857, forçou a companhia a
transferir a administração da Índia para a coroa britânica.
Movimento de independência
Organizações
sociais fundadas no final do século XIX e início do XX para defender
os interesses indianos junto ao governo da Índia britânica transformaram-se em
movimentos de massa contra a presença britânica no subcontinente, agindo por meio de ações
parlamentares e resistência não-violenta. Após a partição da Índia, ou seja, a separação do antigo Raj britânico entre
a República da
Índia e o Paquistão,
em agosto de 1947,
o mundo testemunhou a maior migração maciça
da história, quando um total de 12 milhões de hindus,
siques e muçulmanos cruzaram a fronteira da Índia com o Paquistão Ocidental e
a fronteira da Índia com o Paquistão
Oriental.
Nenhum comentário:
Postar um comentário