Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Lema: "L'union fait
la force" ("A união faz a
força")
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Hino
nacional: "La Dessalinienne" ("A Dessaliniana")
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Cidade mais populosa
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da França
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-
Declarada
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1 de
janeiro de 1804
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Reconhecida
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-
Total
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-
Água (%)
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0,7
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-
Estimativa para 2014
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292
hab./km² (28.º)
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Estimativa
de 2014
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-
Total
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US$ 1 771[3]
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PIB (nominal)
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Estimativa
de 2014
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-
Total
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US$ 852[3]
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IDH (2015)
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59,2[5]
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-
Verão (DST)
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UTC −4
Hora atual: 13:58 |
HTI
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+509
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¹
"Dessaliniana" vem de Jean Jacques Dessalines, líder
revolucionário do Haiti.
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Haiti (pronunciado em português europeu: [ajˈti]; pronunciado
em português brasileiro: [ajˈtʃi]; em francês: Haïti, pronunciado: [a.iti]; em crioulo
haitiano: Ayiti),
oficialmente República do Haiti (République d'Haïti; Repiblik Ayiti, é um país do Caribe.
Ocupa uma pequena porção ocidental da ilha de Hispaniola,
no arquipélago das Grandes Antilhas, que partilha com a República Dominicana. Ayiti ("terra de altas
montanhas") era o nome indígena dos taínos para
a ilha.
Em francês o
país é chamado de La Perle des
Antilles (A Pérola das Antilhas), por conta de sua beleza natural.
O ponto mais alto do país é Pic la Selle,
com 2 680 metros de altitude. Tanto em área quanto em população, o Haiti é
o terceiro maior país do Caribe (depois de Cuba e da República Dominicana), com 27.750
quilômetros quadrados e cerca de 10,4 milhões de habitantes, sendo que pouco
menos de um milhão deles vivem na capital, Porto
Príncipe. O francês e o crioulo
haitianosão as línguas oficiais do país.[8][9]
A posição
histórica e etno-linguística do Haiti é única por várias razões. Quando conquistou a independência em 1804, se
tornou a primeira nação independente da América
Latina e do Caribe, sendo o único país do mundo estabelecido
como resultado de uma revolta de escravos bem-sucedida e a segunda república da América.
A Revolução Haitiana, feita por escravos e negros libertos, durou quase uma
década; todos os primeiros líderes do governo foram antigos escravos.[10] O
país é uma das duas nações independentes do continente americano (junto com
o Canadá)
que designa o francês como língua oficial; as outras áreas de língua francesa
no continente são todos departamentos ou coletividades ultramarinas da França.
O Haiti é o
mais populoso membro pleno da Comunidade do Caribe (CARICOM). O
país também é um membro da União Latina.
Em 2012, o Haiti anunciou sua intenção de obter o estatuto de membro associado
da União Africana.[11] É
o país mais pobre da América, medido pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
A violência política tem ocorrido regularmente ao longo da história do país, o
que levou a instabilidade no governo. Mais recentemente, em fevereiro de 2004,
um golpe de Estado originário
do norte do país forçou a renúncia e o exílio do presidente Jean-Bertrand Aristide. Um governo
provisório assumiu o controle com a segurança proporcionada pela Missão das
Nações Unidas para a estabilização no Haiti (MINUSTAH).
História
Primeiros
povos e colonização
Chefaturas da
ilha de Hispaniola
Os primeiros
humanos nesta ilha, conhecida como Quisqueya pelos
índios arauaques (ou taínos)
e caraíbas, chegaram à ilha há mais de 7000
anos. Em 5 de dezembro de 1492, Cristóvão Colombo chegou a uma
grande ilha,
à qual deu o nome de Hispaniola. Mais tarde passou a ser chamada de São Domingos
pelos franceses. Dividida entre dois países, a República Dominicana e o Haiti, é a
segunda maior das Grandes Antilhas, com a superfície de
76.192 km² e cerca de 9 milhões de habitantes. Com 641 quilômetros de
extensão entre seus pontos extremos, a ilha tem formato semelhante à cabeça de
um caimão,
pequeno crocodilo abundante
na região, cuja "boca" aberta parece pronta a devorar a pequena ilha de La Gonâve. O litoral norte abre-se para
o oceano Atlântico, e o sul para o mar do Caribe (ou
das Antilhas).
A Ilha
Hispaniola foi visitada por Cristóvão Colombo em 1492. Já no fim do século XVI,
quase toda a população nativa havia desaparecido, escravizada ou morta pelos
colonizadores. A parte ocidental da ilha, onde hoje fica o Haiti, foi cedida
à França pela Espanha em
1697. No século XVIII, a região foi a mais próspera colônia francesa na
América, graças à exportação de açúcar, cacau e café.
Independência
Batalha em San Domingo, pintado por January Suchodolski representando
uma luta entre as tropas polonesas ao serviço francês e os rebeldes do Haiti
Após uma
revolta de escravos, em 1794, o Haiti tornou-se o primeiro país das Américas e,
talvez, do mundo a abolir a escravidão. Nesse mesmo ano, a França passou a
dominar toda a ilha. Em 1801, o ex-escravo Toussaint Louverture tornou-se
governador-geral, mas, logo depois, foi deposto e morto pelos franceses. O
líder Jean Jacques Dessalines organizou o
exército e derrotou os franceses em 1803. No ano seguinte, foi
declarada a independência (o segundo país a se tornar independente nas
Américas) e Dessalines proclamou-se imperador. Como forma de retaliação, em
1804, os escravistas europeus e estadunidenses mantiveram o Haiti sob bloqueio
comercial por 60 anos.
Em
1815 Simon Bolívar refugiou-se no Haiti, após o
fracasso de sua primeira tentativa de luta contra os espanhóis. Recebeu
dinheiro, armas e pessoal militar, com a condição de que abolisse a escravidão
nas terras que libertasse. Posteriormente, para pôr fim ao bloqueio, o Haiti,
sob o governo de Jean Pierre Boyer, cercado pela frota da ex-metrópole,
concordou em assinar um tratado pelo qual seu país pagaria à França a quantia
de 150 milhões de francos a título de indenização. A dívida depois foi reduzida
para 90 milhões, mas assim mesmo isso exauriu a economia do país.
Após um
período de instabilidade, o Haiti foi dividido em dois e a parte oriental -
atual República Dominicana - reocupada pela Espanha. Em 1822, o presidente Jean-Pierre
Boyerreunificou o país e conquistou toda a ilha. Em 1844, porém, uma nova
revolta derrubou Boyer e a República Dominicana conquistou a independência.
Século
XX
François Duvalier, o "Papa Doc", em
1968
Da segunda
metade do século XIX ao começo do século XX, 20 governantes sucederam-se no
poder. Desses, 16 foram depostos ou assassinados. Tropas dos Estados
Unidos ocuparam o Haiti entre 1915 e 1934 sob o pretexto de
proteger os interesses norte-americanos no país. Em 1946 foi eleito um
presidente negro, Dusmarsais Estimé. Após a
derrubada de mais duas administrações governamentais, o médico François Duvalier foi eleito presidente em
1957.
François
Duvalier, conhecido como Papa Doc,
apoiado pelos Estados Unidos no contexto da Guerra Fria,
instaurou uma feroz ditadura baseada no terror policial dos tontons
macoutes (bichos-papões) - sua guarda pessoal - e na
exploração do vodu. Presidente vitalício, a partir de 1964, Duvalier exterminou
a oposição e perseguiu a Igreja Católica. Papa Doc morreu em 1971 e foi
substituído por seu filho, Jean-Claude Duvalier - o Baby Doc.
Em 1986,
Baby Doc decretou estado de sítio. Os protestos populares se intensificaram e
ele fugiu com a família para a França;
deixando em seu lugar o General Henri Namphy.
Eleições foram convocadas e Leslie
Manigat foi eleito, em pleito caracterizado por grande
abstenção. Manigat governou de fevereiro a junho de 1988, quando foi deposto
por Namphy. Três meses depois, outro golpe pôs no poder o chefe da guarda
presidencial, General Prosper Avril.
Depois de
mais um período de grande conturbação política, foram realizadas eleições
presidenciais livres em dezembro de 1990, vencida pelo
padre salesiano Jean-Bertrand Aristide, ligado à teologia da libertação. Em setembro
de 1991,
Aristide foi deposto num golpe de Estado liderado pelo General Raul Cedras e se
exilou nos EUA. A Organização dos Estados Americanos (OEA),
a Organização das Nações Unidas(ONU) e os
EUA impuseram sanções econômicas ao país para forçar os militares a permitirem
a volta de Aristide ao poder.
Em julho de
1993, Cedras e Aristide assinaram pacto em Nova York,
acordando o retorno do governo constitucional e a reforma das Forças Armadas.
Em outubro de 1993, porém, grupos paramilitares impediram o desembarque de
soldados norte-americanos, integrantes de uma Força de Paz da ONU. O elevado
número de refugiados haitianos que tentavam ingressar nos EUA fez aumentar a
pressão americana pela volta de Aristide. Em maio de 1994, o Conselho de
Segurança da ONU decretou bloqueio total ao país. A junta militar empossou um
civil, Émile Jonassaint, para
exercer a presidência até as eleições marcadas para fevereiro de 1995. Os EUA
denunciaram o ato como ilegal. Em julho, a ONU autorizou uma intervenção
militar, liderada pelos EUA. Jonaissant decretou estado de sítio em 1º de
agosto.
Em setembro
de 1994, força multinacional, liderada pelos Estados
Unidos, entrou no Haiti para reempossar Aristide. Os chefes
militares haitianos renunciaram a seus postos e foram amnistiados. Jonaissant
deixou a presidência em outubro e Aristide reassumiu o País com a economia
destroçada pelo bloqueio comercial e por convulsões internas.
Século
XXI
No período
de 1994-2000, apesar de avanços como a eleição democrática de dois presidentes,
o Haiti viveu mergulhado em crises. Devido à instabilidade, não puderam ser
implementadas reformas políticas profundas. A eleição parlamentar e
presidencial de 2000 foi marcada pela suspeita de manipulação por Aristide e
seu partido. O diálogo entre oposição e governo ficou prejudicado. Em 2003, a oposição passou a
clamar pela renúncia de Aristide. A Comunidade do Caribe, Canadá, União
Europeia, França, Organização dos Estados Americanos e Estados
Unidos, apresentaram-se como mediadores. Entretanto, a oposição
refutou as propostas de mediação, aprofundando a crise.
Soldado do Exército Brasileiro da Missão das
Nações Unidas para a estabilização no Haiti (MINUSTAH) na
favela de Cité Soleil, em Porto
Príncipe.
Em fevereiro
de 2004, ex-integrantes do exército haitiano (tontons macoutes) deram início a um levante militar em Gonaives,
espalhando-se por outras cidades nos dias subsequentes. Gradualmente, os
revoltosos assumiram o controle do norte do Haiti. Apesar dos esforços
diplomáticos, a oposição armada ameaçou marchar sobre Porto Príncipe, onde se
preparava uma resistência pró-Aristide.
Aristide foi
retirado do país por militares norte-americanos em 29 de
fevereiro, contra sua vontade, e conseguiu asilo na África do Sul.
De acordo com as regras de sucessão constitucional, o presidente do Supremo
Tribunal (Cour suprême),
Bonifácio Alexandre, assumiu a presidência interinamente e requisitou, de
imediato, assistência das Nações Unidas para apoiar uma transição
política pacífica e constitucional e manter a segurança interna. Nesse sentido,
o Conselho de Segurança (CS) aprovou o envio da Força Multinacional Interina
(MIF), liderada pelo Brasil, que prontamente iniciou seu desdobramento.
Considerando
que a situação no Haiti ainda constitui ameaça para a paz internacional e a
segurança na região, o Conselho de Segurança (CS) decidiu estabelecer a Missão
das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH),
que assumiu a autoridade exercida pela MIF em 1º de junho de
2004. Para o comando do componente militar da MINUSTAH (Force Commander) foi
designado o General Augusto Heleno Ribeiro Pereira,
do Exército Brasileiro, posteriormente sucedido
pelo General Urano Teixeira da Mata Bacelar que
morreu no Haiti em Janeiro de 2006. O efetivo autorizado para o
contingente militar é de 6700 homens, oriundos dos seguintes países
contribuintes: Argentina, Benim, Bolívia, Brasil, Canadá, Chade, Chile, Croácia, França, Jordânia, Nepal, Paraguai, Peru, Portugal, Turquia e Uruguai.
Carro da ONU patrulhando
as ruas de Porto Príncipe após o terremoto de 2010
Em 12 de
janeiro de 2010, um terremoto de proporções catastróficas,
com magnitude sísmica 7,0 na escala de magnitude de momento
(7.3 na escala de Richter), atingiu o país a
aproximadamente 22 quilômetros da capital, Porto
Príncipe. Em seguida, foram sentidos na área múltiplos tremores com
magnitude em torno de 5.9 graus. O palácio presidencial, várias escolas,
hospitais e outras construções ficaram destruídos após o terremoto e estima-se
que 80% das construções de Porto Príncipe foram destruídas ou seriamente
danificadas. O número de mortos não é conhecido com precisão.
Em 3 de
fevereiro, o primeiro-ministro Jean-Max Bellerive afirmou que já passava de 200
mil o número de óbitos e o número de desabrigados pode ter chegado aos três
milhões. Diversos países disponibilizaram recursos em dinheiro para amenizar o
sofrimento do país mais pobre do continente americano. O presidente
norte-americano Barack Obama afirmou, logo após a tragédia, que o povo haitiano
não seria esquecido; obrigando a comunidade internacional a refletir sobre a
responsabilidade dos países que exploraram e abandonaram o Haiti. Segundo
as Nações Unidas, o sismo foi o pior desastre já
enfrentado pela organização desde sua criação em 1945. Michel
Martelly foi eleito presidente nas eleições gerais de 2010,
assumiu em 2011 e deixou a presidência em 2016 numa profunda crise
eleitoral onde não houve um resultado formal do vencedor e cujo Senado teve que
fazer uma eleição indireta e empossou Jocelerme
Privert, presidente do Senado do Haiti, após um breve vácuo na
presidência onde o país ficou sob o comando do então Primeiro Ministro Evans Paul.
Geografia
Imagem de satélite do território haitiano
O Haiti está
localizado na parte ocidental da ilha de Hispaniola,
a segunda maior ilha das Grandes
Antilhas, no Caribe. O país é o terceiro maior do Caribe atrás de Cuba e da República Dominicana (esta última
partilha uma fronteira de 360 quilômetros com o Haiti).
O país em
seu ponto mais próximo fica a cerca de 83 quilômetros de distância de Cuba e
tem o segundo maior litoral (1.771 quilômetros) das Grandes Antilhas, sendo o
de Cuba o mais longo. O território haitiano encontra-se principalmente entre as
latitudes 18° e 20° N (ilha Tortuga fica ao norte de 20°) e longitudes 71° e
75° W. O país consiste principalmente de montanhas escarpadas, intercaladas por
pequenas planícies costeiras e vales fluviais.
Geologia
O país
encontra-se em um território com falhas geológicas que fazem parte do
sistema Enriquillo-Plantain Garden. Até
o terremoto de 2010, não havia nenhuma
evidência de ruptura de superfície e com base em dados sismológicos, geológicos
e de deformação do solo.
O limite
norte da falha é onde a placa tectônica do Caribe se desloca
para leste por cerca de 20 mm por ano em relação à placa norte-americana. O sistema de falhas
transcorrentes na região tem duas áreas no Haiti, a falha
Setentrional-Oriental, no norte, e a falha Enriquillo-Plantain Garden, no sul.
Um estudo
sobre o perigo de terremotos de 2007, por C. DeMets e M. Wiggins-Grandison,
observou que a zona da falha Enriquillo-Plantain Garden poderia estar no final
do seu ciclo sísmico e
concluiu que uma previsão pessimista envolveria um terremoto de 7,2 Mw,
semelhante em tamanho do terremoto de 1692, na Jamaica. Paul
Mann e um grupo que inclui a equipe de estudo de 2006, apresentaram uma
avaliação de risco do sistema de falhas Enriquillo-Plantain Garden em março
2008, observando a grande tensão na região; a equipe recomendou "alta
prioridade" em estudos históricos de ruptura geológica. Um artigo
publicado no jornal haitiano Le
Matin em setembro de 2008 citou comentários do geólogo Patrick
Charles sobre que havia um alto risco de grande atividade sísmica em Porto
Príncipe.
Meio-ambiente
Imagem de satélite da fronteira do Haiti com a República Dominicana
(direita) mostra a quantidade de desmatamento no lado haitiano.
Além
da erosão do
solo, o desmatamento tem causado inundações
periódicas e graves no Haiti, como, por exemplo, em 17 de setembro de 2004. Em
maio deste ano, as inundações tinham matado mais de três mil pessoas na
fronteira sul do Haiti com a República Dominicana.
Tem havido
pouca gestão das bacias marinhas, costeiras e hidrográficas. A cobertura
florestal nas encostas íngremes ao redor da bacia hidrográfica do Haiti mantém
o solo, que por sua vez retém a água da chuva, reduzindo picos de cheias dos
rios e conservando os fluxos de água na estação seca. Mas o desmatamento tem
causado a liberação do solo a partir das bacias superiores. Muitos dos rios do
Haiti são agora altamente instáveis, mudando rapidamente de inundações
destrutivas para fluxos baixos de água.
Cientistas
da Universidade de Colúmbia e do Programa das Nações Unidas para o
Ambiente estão trabalhando em uma iniciativa com o objetivo de
reduzir a pobreza e a vulnerabilidade a desastres naturais da população local por
meio de restauração de ecossistemas e gestão sustentável dos recursos naturais.
Demografia
Vista das ruas de Porto Príncipe
Embora a
média do país seja de 350 pessoas por quilômetro quadrado, sua população se
concentra mais fortemente nas áreas urbanas, nas planícies costeiras e nos
vales. A população haitiana era de cerca de 9,8 milhões de acordo com
estimativas de 2008 das Nações Unidas, sendo que metade da
população tem menos de 20 anos. O primeiro censo oficial, feito em 1950,
registrou uma população de 3,1 milhões de pessoas.
95% dos
haitianos são negros,
descendentes de escravos africanos. Os restantes 5% são mulatos ou brancos.
Grupos
minoritários menores incluem pessoas de Europa
Ocidental (franceses, alemães, italianos, neerlandeses, poloneses, portugueses e espanhóis), árabes, armênios ou
pessoas de origem judaica. Os haitianos de ascendência da Ásia Oriental são
de origem indiana e são cerca de 400.
Milhões de
haitianos vivem no exterior, como nos Estados
Unidos, República Dominicana, Cuba, Canadá (principalmente
em Montreal), Bahamas, França, Antilhas Francesas, Turks e
Caicos (Reino Unido), Jamaica, Porto Rico, Venezuela, Brasil e Guiana
Francesa. Estima-se que 881.500 haitianos vivam nos Estados Unidos, 800
mil na República Dominicana, 300 mil em Cuba, 100 mil no Canadá, 80
mil na França e até 80 mil nas Bahamas. Mas
também existem comunidades haitianas menores em muitos outros países,
como Chile, Suíça, Japão e Austrália.
Sistema
de castas
Devido ao
sistema de casta racial
instituído no Haiti colonial, os mulatos haitianos
se tornaram uma elite social
dentro da nação e foram racialmente privilegiados. Vários líderes ao longo
da história do Haiti eram mulatos. Compondo
5% da população do país, os mulatos têm mantido a sua preeminência evidente na
hierarquia política, econômica, social e cultural do país. Alexandre Pétion, cuja mãe era haitiana e o pai
era um francês rico, foi o primeiro presidente da República do Haiti.
Religião
|
||||
Religião
|
%
aprox.
|
|||
|
56,8%
|
|||
|
29,6%
|
|||
|
10,6%
|
|||
|
2,2%
|
|||
Outras
|
|
0,8%
|
O catolicismo romano é a religião mais
praticada no Haiti. Nos últimos anos, tem crescido o número de protestantes.
O vodu é
uma religião de matriz africana semelhante às de Cuba e às do Brasil,
que tem origem nos tempos coloniais, quando os escravos eram obrigados a
disfarçar suas crenças em loas ou espíritos com os santos católicos.
Devido ao sincretismo religioso entre o
catolicismo e o vodu, é difícil estimar o número de seus seguidores no
Haiti.
Cidades
mais populosas
Posição
|
Pop.
|
|
|||||||||
1
|
1 234 745
|
||||||||||
2
|
442 156
|
||||||||||
3
|
382 920
|
||||||||||
4
|
283 052
|
||||||||||
5
|
229 127
|
||||||||||
6
|
137 966
|
||||||||||
7
|
134 815
|
||||||||||
8
|
134 190
|
||||||||||
9
|
125 799
|
||||||||||
10
|
117 504
|
Política
Jovenel Moise, atual Presidente do Haiti
O governo do
Haiti é uma república semipresidencialista, com um sistema multipartidário em
que o presidente é o chefe de
Estado eleito diretamente por eleições populares. O primeiro-ministro atua
como chefe de governo e é nomeado pelo
presidente, escolhido a partir do partido majoritário na Assembleia Nacional. O poder
executivo é exercido pelo presidente e pelo primeiro-ministro,
que, juntos, constituem o governo. Em 2013, o orçamento anual foi de 1 bilhão
de dólares.
O poder
legislativo é investido no governo e em duas câmaras da Assembleia Nacional do Haiti. O governo
está organizado unitariamente, assim, os delegados do governo
central governam os departamentos sem a necessidade constitucional de
consentimento. A atual estrutura do sistema político do Haiti foi estabelecida
na constituição de 29 de março de 1987. O atual presidente é Jocelerme
Privert.
A política
haitiana tem sido controversa: em sua história de 200 anos, o Haiti sofreu 32
golpes de Estado. O país é o único do Hemisfério Ocidental que conseguiu
ter uma revolução de escravos bem-sucedida, mas uma longa história de opressão
por ditadores, como François Duvalier e seu filho Jean-Claude Duvalier, tem afetado
significativamente a nação. França, Estados
Unidos e outros países ocidentaisintervieram repetidamente na
política local desde a fundação do país, às vezes a pedido de uma parte ou de
outra. Junto com as instituições financeiras internacionais, eles impuseram
grandes quantidades de dívidas, tanto que os pagamentos da dívida
externa rivalizam com o orçamento do governo para despesas
sociais. Eles também aplicaram políticas econômicas que se acabaram com a
capacidade do governo haitiano proteger a economia local, forçando uma maior
dependência das importações e
minando a autossuficiência econômica do país.
De acordo
com um relatório do Índice de Percepção da Corrupção de
2006, há uma forte correlação entre a corrupção e a pobreza e
o Haiti ficou em primeiro lugar entre todos os países pesquisados para os
níveis de corrupção interna. A Cruz Vermelha Internacional informou
que sete em cada dez haitianos vivem com menos de dois dólares por dia.
Cité Soleil,
a maior favela do
país, na capital Porto
Príncipe, foi chamada de "o lugar mais perigoso da Terra"
pela Organização das Nações Unidas. A
favela é um reduto de partidários do ex-presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide,[51] que,
de acordo com a BBC,
"acusou os Estados Unidos de exilá-lo - uma acusação os Estados Unidos
rejeitaram como 'absurda'".
O país passa
atualmente (2016) por uma grave crise política e eleitoral onde não há uma
definição das eleições presidenciais iniciadas em 2015 pelo presidente Michel
Martelly. Foi empossado em 14 de fevereiro de 2016 o presidente Jocelerme
Privert.
Subdivisões
O Haiti está
dividido em dez departamentos:
1. Nord-Ouest
2. Nord
3. Nord-Est
4. Artibonite
5. Centre
6. Ouest
7. Grand'Anse
9. Sud
10.
Sud-Est
|
Economia
O produto interno bruto (PIB) por paridade do poder de compra (PPC) do
Haiti caiu 8% em 2010 (12,15 bilhões de dólares para 11,18 bilhões de dólares)
e o PIB per capita manteve-se em 1200 dólares. O país é o 145º entre os
182 países avaliados pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
das Nações Unidas em 2010.
O World
Factbook relata uma escassez de mão-de-obra
qualificada, desemprego generalizado e subemprego,
dizendo que "mais de dois terços da força de trabalho não têm empregos
formais" e descreve o Haiti pré-terremoto como o "o país mais pobre
do Hemisfério Ocidental, com 80% da população que vive abaixo da linha da
pobreza e 54% em extrema pobreza."[53] Três
quartos da população vive com 2 dólares ou menos por dia. Reformas para
melhorar o ambiente de negócios têm tido pouco efeito por causa de corrupção generalizada e pela estrutura
judicial ineficiente.
Embora mais
da metade de todos os haitianos trabalhem no setor
agrícola, o país depende de importações para metade de suas
necessidades de alimentos e 80% do seu arroz. O país exporta
culturas como manga, cacau e café.
Os produtos agrícolas incluem 6% de todas as exportações. O Haiti tinha um
grande déficit comercial de 3 bilhões de dólares em 2011, ou 41% do seu PIB. A
ajuda externa representa cerca de 30 a 40% do orçamento do governo nacional. O
maior doador são os Estados Unidos, seguido por Canadá e União
Europeia. De 1990 a 2003, o Haiti recebeu mais de 4 bilhões de
dólares em ajuda internacional, incluindo 1,5 bilhão de dólares dos Estados
Unidos. Em janeiro de 2010, após o terremoto, a China prometeu 4,2
milhões dólares e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama,
prometeu 1,15 bilhão de dólares em assistência. Os países da União
Europeia prometeram mais de 400 milhões de euros em ajuda de
emergência e para fundos de reconstrução.
Após a
eleição e acusações sobre o governo do presidente Aristide em 2000, a ajuda dos
Estados Unidos para o governo haitiano foi completamente cortada, entre 2001 e
2004. Depois da partida de Aristide, em 2004, a ajuda foi restaurada e
o exército brasileiro liderou a Missão das
Nações Unidas para a estabilização no Haiti (MINUSTAH). Depois
de quase quatro anos de recessão, a economia cresceu 1,5% em 2005.[64] Em
setembro de 2009, o Haiti cumpriu as condições estabelecidas pelo programa
para países pobres altamente endividados do Banco Mundial e
do Fundo Monetário Internacional (FMI)
para qualificar o cancelamento de sua dívida externa.
O Banco Mundial estima
que mais de 80% dos haitianos com ensino superior estavam vivendo no exterior
em 2004 (fenômeno conhecido como fuga de cérebros), sendo que as remessas de
dinheiro que enviam para casa representam 52,7% do PIB do país. Os 1% mais
ricos do país possuem quase metade da riqueza nacional.[67] O
território haitiano aparentemente não tem recursos de hidrocarbonetos em
terra ou no Golfo do Gonâve e é, portanto, muito
dependente das importações de energia (petróleo e
produtos petrolíferos).
Cité Soleil é
considerado uma das piores favelas da América; a
maioria de seus 500 mil habitantes vivem em extrema
pobreza. A pobreza forçou pelo menos 225 mil crianças haitianas
a trabalhar como restavecs (empregados
domésticos sem remuneração). As Nações Unidas consideram esta uma forma
moderna de escravidão.
O
ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton expressou
recentemente arrependimento e pediu desculpas por políticas de comércio do seu
país no Haiti.[71] Segundo
dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), um em cada dois haitianos não tem
acesso à água potável e apenas 19% da população têm acesso ao sistema de
saneamento básico. Apesar de ser uma sociedade essencialmente rural, com 66% da
população vivendo no campo, as famílias camponesas não tem acesso a terra ou
créditos, o que faz com que hoje o Haiti importe 80% dos alimentos que consome.
Turismo
Em 2012, o
país recebeu 950 mil turistas (a maioria dos navios de
cruzeiro) e esta indústria gerou 200 milhões de dólares em 2012. Em
dezembro do mesmo ano, o Departamento de Estado dos Estados
Unidos emitiu um alerta de viagem para o país, observando que
apesar de milhares de cidadãos norte-americanos visitam com segurança Haiti a
cada ano, os turistas estrangeiros foram vítimas de crimes violentos,
incluindo assassinato e sequestro,
predominantemente na região de Porto
Príncipe.
Em 2012,
vários hotéis foram abertos, como um hotel de quatro estrelas Marriott na
área de Porto Príncipe e outros novos empreendimentos hoteleiros na
capital e em Les Cayes, Cabo Haitiano e Jacmel.
O Carnaval do Haiti tornou-se
um dos mais populares do Caribe desde que o governo decidiu encenar o evento em
uma cidade diferente a cada ano. O Carnaval Nacional normalmente é realizado em
uma das maiores cidades do país (ou seja, Porto Príncipe, Cabo Haitiano ou Les
Cayes), mas o de Jacmel também é muito popular e ocorre uma semana antes do
outro, em fevereiro ou março.
Cultura
Um ônibus "tap tap" em Port-Salut
A cultura
haitiana é uma mistura principalmente de elementos franceses, africanos e taínos,
com influência dos espanhois do período colonial. Os costumes
do país são essencialmente uma mistura de crenças culturais que derivam dos
vários grupos étnicos que habitaram a ilha
de Hispaniola ao
longo do tempo. No entanto, em quase todos os aspectos da sociedade haitiana
moderna os elementos africanos e europeus predominam.
A música
haitiana combina uma ampla gama de influências extraídas dos muitos povos que
se instalaram na ilha caribenha. Ela reflete ritmos franceses, africanos,
espanhóis e de outras culturas que habitaram a ilha de Hispaniola, com uma
influência menor dos tainos nativos. Entre os estilos musicais exclusivos da
nação estão músicas derivadas de tradições cerimoniais do vodu haitiano,
entre outros.
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