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Era pré-colombiana
Quando da chegada dos espanhóis ao território do
Paraguai Oriental, ou seja, a área entre o rio Paraná a leste e o rio Paraguai a oeste, o território era habitado por
diversas etnias indígenas que se encontravam em
estado de guerra entre elas. Estas etnias pertenciam a três grupos diferentes:
os do Pampa, os lágidos e os amazônicos. Ainda não se sabe qual destes grupos
chegou primeiro ao território. O que se sabe é que até o século XV os guaranis conseguiram avançar desde o norte, isto graças à
sua superioridade numérica e posse de uma cultura material mais desenvolvida,
onde praticavam o cultivo da mandioca, milho e amendoim. A prática de uma agricultura de roça permitia que obtivessem excedentes necessários para
manter uma população em contínuo crescimento demográfico, e que necessitava de
novos territórios.
Os guaranis encontraram na região grupos jês ou
lágidos como os guayaki, coletores e caçadores, e também
os grupos do Pampa, como os paiaguás. O primeiro contato dos guaranis com os europeus foi com Aleixo Garcia, explorador português que
participou em várias expedições à América do Sul com a frota espanhola.
Entre o final de 1524 e começo de 1525, Garcia
chegou onde hoje fica Assunção, treze anos antes de sua fundação. O grupo recrutou
2.000 guerreiros guaranis para invadir terras no Chaco paraguaio,
enfrentando as tribos locais, consideradas perigosas pelos exploradores.
Marchando para o oeste, o grupo de García descobriu as Cataratas do Iguaçu (em
guarani, "Águas Grandes") cruzando o Rio Paraná. Na descoberta das
Cataratas do Iguaçu, existem versões conflitantes entre os historiadores.
Alguns dizem que foi Álvar Núñez Cabeza de Vaca quem
descobriu as quedas; outros, Alejo Garcia. As datas, porém, são próximas.
O grupo subiu o rio Pilcomayo, chegando às fronteiras do império inca provavelmente na zona da atual Cochabamba, Bolívia, e travou ali alguns combates com a ajuda dos avá guarani oito anos antes de Francisco Pizarro conquistá-los. Os exploradores pilharam
as aldeias que encontraram pelo caminho, antes que o exército de Huayna Capac, então governante inca, reagisse. Quando voltava
para o litoral Garcia foi assassinado às margens do rio Paraguai pelos
paiaguás, perto da atual cidade de San Pedro del Ycuamandiyú,
mas a notícia da pilhagem aos incas chegou aos exploradores espanhóis e
atraiu Sebastião Caboto, filho do
explorador genovês João Caboto, ao Rio Paraguai, dois anos
depois.
Período colonial
Os primeiros colonos espanhóis chegaram ao Paraguai no início do século XVI. A cidade de Assunção, fundada em 15 de agosto de 1537, logo
se tornou o centro de uma província nas colônias espanholas na América do Sul,
conhecida como "Província Gigante de Indias".
“
|
…o Paraguai não
chegou a formar grandes latifúndios exportadores, em mãos de uma camada
poderosa de proprietários rurais, como aconteceu em muitos países
latino-americanos. (…) Os camponeses livres, na sua maioria mestiços, haviam
sido, no início do século XVIII, os protagonistas das grandes rebeliões
"comuneras" contra os jesuítas e as autoridades espanholas ligadas
a eles."
|
”
|
Cabildo
de Assunção (1537-1811).
Antes da chegada dos europeus, os territórios situados entre os rios Paraná e Paraguai eram ocupados pelos guaranis, que viviam da agricultura, da caça e da pesca.
Acossados, no século XV, por tribos da região do Grande Chaco, os guaranis cruzaram o rio Paraguai e submeteram
seus inimigos, levando o conflito aos limites meridionais do império Inca. Eram, assim, os aliados naturais dos primeiros
exploradores europeus que procuravam rotas mais curtas para as minas do Peru.
Aleixo Garcia, que partiu do litoral brasileiro em 1524 e Sebastião Caboto, que
subiu o Paraná em 1526, foram os primeiros a atingir as terras interiores
da bacia Platina, hoje pertencentes ao
Paraguai, mas coube a Domingos Martínez de Irala a
primazia dos primeiros núcleos coloniais (1536-1556). Juan de Ayolas, Juan de Salazar e Juan de Garay também realizaram penetrações na região.
Irala lançou os fundamentos do Paraguai, que logo se transformou no centro da
transformação espanhola na região sul-oriental da América do Sul. Sua política de colonização consistiu na
delimitação das fronteiras com o Brasil através da construção de uma linha de
fortes contra a expansão portuguesa, na fundação de vilas e na
intensa miscigenação de espanhóis com guaranis, principal fator da formação da
população do país.
A partir do início do século XVII e por mais de 150
anos, missões jesuíticas do sudeste do Paraguai exerceram governo efetivo sobre
cerca de 100 000 índios com 33 reduções, as quais serviam como centros de
conversão religiosa, de produção agropecuária, de comércio e manufaturas, mas também como postos avançados contra a
expansão portuguesa.
Primeiro
contato e exploração[editar | editar
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Sebastião Caboto estava navegando para o oriente em 1526 quando ouviu falar das façanhas de
Garcia. Achando que o Rio de Solís poderia proporcionar uma passagem mais fácil
ao Oceano Pacífico para
ir ao Peru do que pelo Estreito de Magalhães,
acabou explorando o estuário do Prata.
Deixando um grupo na orla nordestina do estuário, Caboto subiu em direção ao
norte pelo Rio Paraná por aproximadamente 160 quilômetros, quando fundou um
pequeno forte chamado Sancti Spiritu próximo da atual cidade argentina de Rosario. Continuou a
exploração rio acima cerca de 800 quilômetros além da confluência com o Rio
Paraguai, ainda no Paraná, quando a navegação se tornou complicada devido às
fortes corredeiras. Caboto, vendo que não era
mais possível avançar em direção ao norte, resolveu retornar, não sem antes
obter alguns objetos de prata que, segundo os índios do lugar, vinham de bem
longe, de uma terra a oeste. O navegador decidiu desistir de sua rota no rio
Paraná e entrou no Rio Paraguai. Aproximadamente quarenta quilômetros antes da
atual Assunção, Caboto encontrou uma tribo guarani que possuía objetos de
prata. Crendo ter encontrado a rota para as riquezas do Peru, nomeou o Rio
Paraguai como "Rio da Prata". Hoje, no entanto, o nome só se aplica
ao estuário onde está atualmente a cidade de Buenos Aires. Em 1530, retornou à Espanha e Carlos V (1519-56) foi informado sobre suas descobertas.
O imperador deu permissão a Dom Pedro de
Mendoza para montar uma expedição ao estuário do Prata. O
imperador também o nomeou governador do Rio da Prata e lhe concedeu o direito
de nomear a seu sucessor.
Os primeiros europeus, membros da expedição
comandada por Juan de
Salazar de Espinosa e Gonzalo de
Mendoza e destinada a procurar Ayolas, estabeleceram-se na zona
refugiados depois do fracasso da primeira fundação da cidade de Buenos Aires no começo do século XVI, e fundaram uma fortificação que seria futuramente
a cidade de Asunción (Assunção) no dia 15 de agosto de 1537,
dia de Nossa Senhora de
Assunção. Espinoza e Mendoza declararam que era um bom lugar de
"amparo e conserto da conquista". Continuaram rio acima e se
encontraram com Irala, que tinha ordens de esperar a seu chefe Ayolas. Os três
homens o procuraram sem resultados positivos. Então, Salazar e Gonzalo de
Mendoza desceram o rio de regresso ao recém-fundado Forte de
Assunção.
Irala lutara contra os índios kario, donos da terra,
capitaneados pelo cacique Avambae, vencendo-os ao pé de um cerro que domina a
vista da atual Assunção. Essa formação geográfica foi batizada como Lambaré, nome dado em honra ao cacique vencido. Lambaré, hoje,
é uma populosa cidade vizinha à capital paraguaia. Os índios kario se aliaram a
seus vencedores contra os índios guerreiros payagua e guaikuru. Como prova
de aliança, os kario deram até dez mulheres a cada chefe espanhol.
Depois de 20 anos, a população de Assunção
(Asunción) já era aproximadamente 1.500 pessoas, a maioria índios. Os embarques
de prata que vinham desde o Peru até a Europa passavam obrigatoriamente por Assunção. Esta se
converteu então no núcleo de uma província espanhola que abarcou uma porção tão
grande que foi apelidada de a Província Gigante das Índias.
Asunción finalmente converteu-se na sede de uma
província colonial espanhola, tornando-se conhecida
como "Mãe de Cidades" já que dela partiram as
correntes povoadoras de diversas cidades: Ontiveros, a Cidade Real del Guayrá e a primeira Villa
Rica del Espíritu Santo na antiga província do Guayrá (no atual estado do Paraná, Brasil),
Santiago de Jerez no Itatín (no atual Mato Grosso do Sul), de
San Francisco de Mbiazá na costa do Oceano Atlântico (atual
estado brasileiro de Santa Catarina), Santa Cruz de la Sierra no
Chaco Boreal, bem como as importantes cidades argentinas de Buenos Aires, Corrientes, Santa Fé e Concepción
de Buena Esperanza, mais conhecida como Concepción del Bermejo.
Sob o governo de Hernandarias, chegam
ao Paraguai os jesuitas para
contribuir à tarefa de pacificação dos indígenas, dando assim origem às
célebres reduções jesuíticas.
Desde 1604 a 1767 os jesuítas realizam com os
indígenas guaranis do
Paraguai um original governo teocrático. As reduções jesuitas chegaram a constituir um
estado praticamente independente, já que tinham autonomia com respeito aos
governadores de Assunção. As missões chegaram a abrigar mais de um quarto de
milhão de indígenas, onde se lhes ensinava a religião católica, agricultura, artesanato e pequena indústria.
A organização total abarcou 32 reduções. As missões
primeiro instalaram-se na região do Guayrá (também chamado La Pinería)-atual
estado do Paraná - e depois se estabeleceram entre os rios Tebicuary e o divortium
aquarum (divisor de águas) entre a Bacia do Prata e as bacias menores, afluentes diretas do
Oceano Atlântico. A língua guarani foi respeitada e fixou-se em forma
escrita; nela foram vertidas importantes obras de teologia, impressos na
primeira imprensa do Rio da Prata. Paralelamente o assuncenho Ruy Díaz de
Guzmán escrevia as primeiras obras de História referentes à
região do Cone Sul.
Com respeito à organização das reduções, cada
povoado era administrada por um cura Reitor, máxima autoridade; o cura
doutrinário, encarregado da instrução religiosa; o cura Dispenseiro,
encarregado da administração econômica; e o cura auxiliar ou coadjuntor, que
era o elo entre o reitor e a população.
Em 1617, durante o governo de Hernandarias - e
contra sua vontade - produziu-se a divisão da Província em duas governadorias:
a do Paraguai e a de Buenos Aires. Desta forma o Paraguai perdeu a zona
marítima do estuário do rio da Prata, e conservou só Assunção, Ciudad Real e
Villa Rica del Guayrá. A perda da "saída por terra" pelo porto de
Buenos Aires fez-se sentir bem mais desde que a província espanhola do Paraguai
perdeu o estratégico território chamado de Mbiazá ou Yviazá (ou La Vera), que
correspondia ao atual estado brasileiro de Santa Catarina, território no qual
se achava o estratégico porto, fundado em 1538, de San Francisco de Mbiazá.
Em 1717 a rebelião 'comunera representou
o primeiro grito de liberdade de toda América, mas com a derrota na batalha de
Tovatí em 1721 foram impostas duras sanções ao departamento que
asfixiaram completamente sua economia. Em 1750, o tratado de limites entre
Espanha e Portugal, afetou o Paraguai com as perdas de Guayrá (entre o rio Paraná e o Oceano Atlântico), a grande província do
Itatín e a região de Cuyabá (atual Cuiabá, no Mato Grosso) que foram cedidos ao Brasil português a mudança
da Colônia do Sacramento,
na Banda Oriental do rio
da Prata. No ano de 1750 a corte espanhola e a coroa portuguesa decidiram
repartir o território das reduções indígenas. Os jesuítas não aceitaram, e os
exércitos espanhol e português empreenderam a chamada Guerra Guaranítica e
acabaram com as reduções em 1757. Em 1767 os jesuítas foram expulsos da Espanha
e de seus domínios, por ordem de Carlos III. As reduções
passaram a ser dirigidas por grupos seculares e religiosos, mas entraram em um
processo de decadência.
O Vice-Reino do Rio da Prata foi
criado em 1776 pelo rei Carlos III, integrando em
sua jurisdição os atuais territórios da Argentina, e do Uruguai, dos atuais estados brasileiros do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o Paraguai, a Bolívia e o norte do Chile.
A criação do Vice-Reino do Rio da Prata separou o Paraguai do Vice-Reino do Peru. A
capital do novo Vice-Reino achava-se na cidade de Buenos Aires. A criação do
Vice-Reino obedeceu à necessidade de organizar melhor a administração do
extenso território acossado pelo contrabando e pela constante penetração dos
portugueses e luso-brasileiros. Em 1777 a província do Paraguai foi integrada
no Vice-Reino do Rio da Prata dentro do qual se manteve até 1811. Em 1782,
estabeleceu-se no Vice-Reino o regime das intendências. Assunção era, na província ou Intendência do
Paraguai, o único povoado com categoria de cidade. A zona ao sul do rio Tebicuary e ao leste da cordilheira de Caaguazú por
sua vez correspondia à Governação das Missões Guaranis (ou Província
Subordinada das Missões) constituída com os restos das Missões Jesuíticas que
ficaram sob controle espanhol.
Independência e conflitos
Casa da
Independência (1811).
À medida que Buenos Aires tornava-se mais poderosa, os líderes
paraguaios insurgiam-se contra o declínio da importância de sua província e, embora também contestassem a
autoridade espanhola, recusaram-se a aceitar a declaração de independência da Argentina (1810)
como extensiva ao Paraguai. Nem mesmo a intervenção de um exército argentino,
comandado pelo general Manuel Belgrano, conseguiu efetivar a incorporação da
província. Mais tarde, porém, quando o governador espanhol do Paraguai
solicitou auxílio português para defender a colônia dos
ataques de Buenos Aires, os paraguaios, liderados por Fulgencio Yegros, Pedro Juan Caballero e
Vicente Ignácio Iturbide, depuseram o governador Bernardo Velasco e proclamaram
a independência do país a 15 de maio de 1811.
Após curto período de anarquia, José Gaspar Rodríguez Francia implantou
uma ditadura. Durante seu governo, o Dr. Francia isolou o Paraguai do resto do
mundo, não mantendo relações com nenhum país e proibindo
a emigração e a imigração. Reprimiu a oposição ao regime e utilizou a política
isolacionista como meio de deter as ambições expansionistas do Brasil e da Argentina e a penetração estrangeira. A fim de evitar a
necessidade de comércio exterior, o
ditador estimulou a autossuficiência agrícola, mediante a introdução de novas culturas e
desenvolveu as manufaturas. Essa política isolacionista
contribuiu para preservar o caráter homogêneo do povo paraguaio e seu espírito
de independência.
Diversas imagens
da Guerra do Paraguai.
Francia foi sucedido
por Carlos Antonio López (1840-62),
que abandonou o isolacionismo, expandiu o comércio externo e a
educação e abriu as portas do país para técnicos estrangeiros. Aumentava,
contudo, a fricção entre o Paraguai e seus dois poderosos vizinhos, Brasil e Argentina. O ditador argentino Juan Manuel Rosas ergueu obstáculos ao comércio exterior paraguaio,
mediante bloqueio econômico, enquanto reavivavam-se disputas fronteiriças.
Consciente do perigo, Antonio López, tratou de fortalecer o exército, que seu
filho Francisco Solano López (1862-70)
teria amplas oportunidades de usar. Treinado por oficiais alemães e equipado
com armas europeias modernas, o exército paraguaio tornou-se uma força
formidável empregada numa aventura expansionista.
A reconstrução econômica do país foi perturbada
pela sequência de crises políticas, golpes de Estado e guerras civis das últimas décadas
do século XIX. Apesar da existência de
partidos políticos, Colorado e Liberal, a formação
dos governos era, quase sempre, fruto de intervenções militares e revoluções
palacianas. Durante a Primeira Guerra Mundial,
quando o país permaneceu neutro, houve um período de certa prosperidade.
Cresciam paralelamente as disputas com a Bolívia pela posse do Chaco.
Desde os primeiros anos do século XX os dois países construíram fortes na área
contestada. Após choques esporádicos, estourou a guerra do Chaco (1932-35),
que os paraguaios, comandados pelo coronel José Félix Estigarribia,
venceram a muito custo. O Tratado de Paz de 1938,
assinado com a intermediação do Brasil, Argentina, Chile, Peru, Uruguai e Estados Unidos, deu ao Paraguai a maior parte do território
disputado e à Bolívia uma saída para o rio Paraguai via Puerto Suárez.
A guerra do Chaco permitiu o surgimento do primeiro
movimento político importante destinado a reformar instituições. O
coronel Rafael Franco, líder de um novo partido,
o Febrerista, assumiu
a 17 de fevereiro de 1936 com
grande apoio popular. Empregando métodos ditatoriais, Franco promoveu uma
distribuição limitada de terras, promulgou leis sociais e trabalhistas e
nacionalizou fontes de matérias-primas. Os reformistas sofreram um revés com um
golpe de Estado desfechado pelo exército, mas, em 1939, elegeram o herói da
guerra do Chaco, José Félix Estigarribia,
como presidente da república. Estigarribia promulgou a constituição reformista
de 1940. Seus planos progressistas que previam a reforma agrária e modernização
do país caíram por terra após sua morte num acidente aéreo.
Era contemporânea
Higino Morínigo durante
um encontro com Franklin D. Roosevelt na Casa Branca em 9 de junho de 1943
Sob o governo do general Higino Morínigo (1940-48),
o Paraguai recaiu na ditadura militar, em que as liberdades civis foram suprimidas
e restabelecidos os direitos do latifundiários. A oposição cresceu a partir
de 1944, e, em 1947, liberais e febreristas, com o apoio de
parte do exército, sublevaram-se. Embora derrotados, provocaram a renúncia do
ditador. Após sucessivos golpes de Estado que levaram ao poder quatro
presidentes, inclusive o escritor Juan Natalicio González, o
líder do Partido Colorado, Federico Chávez (1949-54),
assumiu o governo. Sua administração caracterizou-se pelo alinhamento com o
regime de Juan Domingo Perón,
na Argentina. Dificuldades econômicas e financeiras, decorrentes
do forte processo inflacionário que se seguira à Guerra Civil de 1947,
contribuíram para sua deposição.
Em maio de 1954,
o comandante do exército, general Alfredo Stroessner, tomou
o poder, Stroessner fez-se eleger presidente nesse ano e foi reeleito em 1958, 1963, 1973, 1978, 1983 e 1988.
Para cada eleição, suspendeu-se por um dia o estado de sítio.
Stroessner garantiu seu regime exilando os líderes democráticos, cercando-se de
áulicos e controlando diretamente as forças armadas. Aos apelos da Igreja em
favor dos presos políticos, reagiu expulsando do país vários sacerdotes. No
campo econômico, o Paraguai foi marcado por contrabando e pela inauguração
da usina hidrelétrica de Itaipu,
um projeto conjunto entre Brasil e Paraguai.
Stroessner foi deposto em 3 de fevereiro de 1989 em
golpe liderado pelo general Andrés Rodríguez que
deixou dezenas de mortos. Empossado na presidência, Rodríguez levantou a
censura à imprensa, autorizou a volta dos exilados, legalizou organizações
políticas, que estavam proibidas e convocou eleições. A 1º de maio, foi eleito
presidente. Em 1991, assinou, em Assunção, junto com os presidentes do Brasil, Argentina e Uruguai, o tratado de criação do mercado Comum do Sul (Mercosul). Nas eleições presidenciais e legislativas de 9 de maio de 1993,
ganhou Juan Carlos Wasmosy, que
tomou posse na presidência em 15 de agosto do mesmo ano.
Juan Carlos Wasmosy,
do partido Colorado,
foi eleito presidente em 1993. Investigações sobre a ligação de
paraguaios com o narcotráfico internacional e o veto
aos protestos de militares, em 1994, geraram conflitos entre Wasmosy e o chefe
do exército, Lino Oviedo, que tentou um golpe,
frustrado por manifestações no país e dos demais membros do Mercosul e dos Estados Unidos. Oviedo foi indicado a concorrer à presidência,
mas um tribunal militar o condenou a dez anos de prisão, em março de 1998,
pela tentativa de golpe, tornando-o inelegível. Seu substituto, Raúl Cubas, venceu o pleito em maio e libertou Oviedo por
decreto. A corte Suprema declarou ilegal o indulto, mas Cubas ignorou essa
posição.
Em março de 1999, o vice-presidente eleito, Luis María Argaña, rival
do Oviedo no Partido Colorado,
foi morto a tiros em Assunção. Manifestantes exigiram a destituição de Cubas,
apontado pelo executor Pablo Vera Esteche juntamente com Oviedo como mandantes
do crime [4][5]. No dia 26, seis manifestantes foram assassinados
enquanto pediam a saída de Cubas. Ele renunciou depois e refugiou-se no Brasil. Luis González Macchi,
presidente do congresso, assumiu. Em outubro, um pistoleiro confessou ter
matado Argaña e implicou Oviedo e Cubas no crime. No leste do país, cresceu a
tensão entre paraguaios e brasileiros.
O
ex-presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos.
Militares se rebelaram em maio de 2000, mas a nova
tentativa de golpe fracassou, outra vez por causa da pressão externa. O governo
declarou estado de sítio e atribuiu a tentativa de Oviedo, que foi preso por
policiais em Foz do Iguaçu e levado para Brasília. Após cinco anos de exílio retorna ao Paraguai. Ao chegar ao país, foi preso e
cumpriu pena até 2007. Foi candidato à presidência e derrotado em 2008.
Candidatou-se novamente em 2013, porém faleceu em fevereiro daquele ano em um
acidente de helicóptero.
Em 2001, Macchi foi acusado num escândalo de
corrupção. A situação se agravou com protestos de camponeses, em Assunção,
contra a política econômica do governo. Centenas de milhares de pessoas fizeram
manifestações para pedir a saída do presidente, mas a oposição não obteve votos
necessários para abrir um processo de impeachment.
Cubas retornou ao país em 2002 e
se entregou às autoridades para ser julgado pela morte de seis manifestantes
em 1999. Foi colocado em prisão domiciliar. A ala oviedista
deixou o partido Colorado e fundou União Nacional dos Cidadãos
Éticos (Unace), como objetivo de viabilizar a eleição de Oviedo
como presidente.
A câmara paraguaia aprovou, em dezembro, o início
do processo de impeachment contra Macchi por desvio de 16 000
000 de dólares estadunidenses de fundos estatais e uso de automóvel roubado. Em
fevereiro de 2003, o pedido de impeachment obteve o voto de 25 dos 45 senadores, mas
foi rejeitado, pois seriam necessários, no mínimo, dois terços dos senadores
(trinta senadores).
O colorado Nicanor Duarte Frutos foi
eleito presidente em abril de 2003, com 37% dos votos. Em segundo lugar,
ficou Julio César Franco,
do Partido Liberal Radical
Autêntico (PLRA), com 24%. Os colorados mantiveram a maioria no
congresso, mas com menos força: o número de deputados do partido caiu de 45
para 37 e o de senadores de 24 para 16. O PLRA elegeu 21 deputados e doze
senadores. Em agosto, Duarte tomou posse, em meio a grave crise econômica. Fora
da presidência, Macchi foi proibido pela justiça de sair do país, onde deveria
responder às acusações de corrupção.
Em 2004, Oviedo regressou à nação e foi preso ao desembarcar
em Assunção. Seus advogados alegaram que a
condenação foi ilegal e deveria ser anulada pela corte Suprema.
O congresso aprovou, em julho de 2005,
a presença de tropas estadunidenses no país até dezembro de 2006,
como parte de acordo de cooperação militar com os Estados Unidos. O acordo, porém, gerou especulações sobre a
instalação de uma base militar estadunidense na região do Chaco,
próximo à Tríplice Fronteira entre
Paraguai, Bolívia e Argentina. Os governos de Assunção e Washington negaram.
O
ex-presidente paraguaio Fernando Lugo.
Em novembro, o presidente Duarte anunciou planos de
mudar a constituição para concorrer a um segundo mandato. A oposição e os
membros do próprio partido governista rejeitaram a proposta. Por considerá-la
ilegal, entraram com pedido de impeachment contra o
presidente. Na câmara dos Deputados, a iniciativa recebeu 39 votos, menos do
que os 53 necessários e foi rejeitada.
Em março de 2006, milhares de paraguaios saíram às
ruas, na maior manifestação popular dos últimos anos, contra a tentativa de
Duarte de concorrer a novo mandato. Em junho, o ex-presidente Macchi foi
condenado a seis anos de prisão por desvio de recursos públicos. Em setembro,
morreu, em Brasília, o ex-ditador Alfredo Stroessner.
Em 20 de abril de 2008, Fernando Lugo foi eleito o novo presidente do Paraguai dando fim a quase seis décadas de
domíno do partido Colorado. O
ex-bispo católico e teólogo prometeu realizar uma reforma agrária dentro
dos marcos constitucionais, ampliar o sistema de seguridade social do Paraguai e lutar pela soberania
energética do país.
Foi votado no dia 22 de junho de 2012 um
processo de afastamento de Lugo, no qual o presidente sofreu um impeachment pelo
Parlamento paraguaio em pouco mais de 24 horas. O presidente teve apenas 2
horas de defesa, o que gerou protestos por parte de apoiadores, governos
estrangeiros e entidades internacionais.
Em uma reunião realizada em Mendoza, Argentina em 29 de junho de 2012,
a Unasul, em consenso dos chefes de estado participantes, considerou o processo uma
violação da ordem democrática
Segundo a ministra da defesa do Paraguai, o
chanceler da Venezuela teria instigado os militares paraguaios a usarem a força
contra a decisão do congresso, o que foi confirmado por um comandante
paraguaio. Na mesma reunião que decidiu pela suspensão do Paraguai do Mercosul,
os demais membros aceitaram a Venezuela no bloco, processo que se encontrava
parado devido ao Congresso paraguaio. De acordo com o vice-presidente uruguaio,
isso viola o tratado de Assunção que instituiu o bloco.
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