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A História do Paraná é uma série de conhecimentos da história do Brasil, que se
volta para o estudo dos fatos históricos a partir das primeiras expedições
exploradoras, no século XVI, até hoje. Entretanto, a
história estadual se inicia antes do descobrimento do Brasil,
no momento em que os primeiros moradores do que é hoje o território do estado
foram os três povos indígenas, a saber: tupi-guaranis, caingangues e xoclengues. As primeiras cidades fundadas no estado são Paranaguá, Curitiba, Castro, Ponta Grossa, Palmeira, Lapa, Guarapuava e Palmas. Os primeiros
moradores das terras que hoje pertencem ao estado do Paraná durante a época em
que os portugueses descobriram o Brasil,
são os carijós na costa, do grupo tupi e
os caingangues do jê.
No
período pré-colonial, a região ficou, no século XVI, esquecida por Portugal e foi explorada por demais países, que buscavam
especialmente madeira de lei. As mais
importantes expedições foram as espanholas, trazendo os religiosos da Companhia de Jesus, que
fundaram centros de povoamento no oeste do Paraná,
estado cujo território pertencia em grande parte à coroa Espanhola. Entre 1521
e 1525, a região do quadrilátero fluvial formado pelos rios Paraná,
Paranapanema, Tibagi e Iguaçu teria sido percorrida por Aleixo Garcia, liderando uma bandeira, a qual ultrapassou o
Rio Paraná perto das Sete Quedas e chegou até a Cordilheira dos Andes. Em
janeiro de 1542, o conquistador espanhol Álvar Núñez Cabeza de Vaca,[2] seguindo pelo Caminho de Peabiru, chegou
às Cataratas do Iguaçu, sendo
o primeiro europeu a descrevê-las, na sua obra
"Comentários". Além de Cabeza de Vaca, também passaram pelo
atual território do Estado do Paraná, os exploradores alemães Hans Staden, em 1549, e Ulrich Schmidl, em 1552. Em 1554, Ontiveros, a uma légua
do Salto das Sete Quedas, foi fundada por Domingo Martínez de Irala,
Governador do Paraguai. Posteriormente, há três léguas
de Ontiveros, foi fundada a Ciudad Real del Guayrá, na
foz do Rio Piquiri. Em 1576, os espanhóis
fundaram à margem esquerda do rio Paraná, Vila Rica do Espírito Santo.
Com três cidades e diversas “reduções” ou “pueblos” a região era à época
conhecida como “Provincia Real del Guaira”. Nos primeiros
anos do século XVII, depois de se descobrir ouro em
terras paranaenses, os luso-brasileiros iniciaram
a ocupação da região, através de bandeiras que saíam
de São Vicente. Já em 1629,
os estabelecimentos dos padres jesuítas, exceto Loreto e Santo Inácio, sofreram
destruição completa dos bandeirantes paulistas e, em 1632, Antônio Raposo Tavares cercou e destruiu Vila Rica,
último reduto espanhol com capacidade para que fosse oferecida resistência. No
Paraná, uma região aurífera foi descoberta, antes de Minas Gerais. Os povoadores se estabeleceram assim no litoral
como no primeiro planalto paranaense.
O povoamento era mais concentrado em Paranaguá, núcleo, por certa época, da sociedade mais
meridional da América Portuguesa.
Quarenta e quatro anos após Paranaguá ter sido fundada (1648), em 1693,
Curitiba foi elevada à categoria de vila,
sendo transformada no centro que comandaria a expansão territorial do Paraná.
Era muito difícil explorar o ouro, porque não eram conhecidos métodos de
exploração decentes, e também porque a mão de obra era escassa. Dessa forma, durante a
descoberta de ouro em Minas Gerais, esse minério do Paraná deixou de ser
totalmente importante. Apenas em 1820 o território ocidental do Paraná foi
entregue à coroa portuguesa passando a ser politicamente anexo à Província de São Paulo,
recebendo o nome de “Comarca de Curitiba”. O povo parnanguara começou a se
dedicar à lavoura e o curitibano, à pecuária. Curitiba prosperou porque era necessário alimentar e
transportar os mineradores das Minas Gerais. Com o Caminho Viamão-Sorocaba aberto,
o qual fazia a ligação entre o Rio Grande do Sul e São Paulo por intermédio da
região de Curitiba, teve início uma fase nova no histórico paranaense: o tropeirismo, o qual havia se estendido pelos séculos XVIII e XIX. Espalharam-se as fazendas de pecuária e a figura humana
principal começou a ser o fazendeiro tropeiro, ou seja, aquele que vendia
tropas de gado, principalmente muar.
Serraria em plena floresta.
A comarca
de Paranaguá e Curitiba, que integrava a Capitania de São Paulo,
foi fundada em 19 de novembro de 1811. Mesmo após a independência do Brasil ter sido
proclamada, a região se subordinava continuamente à Província de São Paulo. Em
6 de fevereiro de 1842, Curitiba foi elevada à categoria de cidade por uma lei provincial paulista. Em 29 de agosto
de 1853, enfim, o imperador Pedro II do Brasil assinou
a Lei Imperial n.º 704, que criou a Província do Paraná, a
qual foi criada por motivos diversos. Podem ser citados três: uma punição pela
participação dos paulistas na Revolta Liberal de 1842,
um acordo pelo apoio oferecido pelos paranaenses à Revolução Farroupilha e o
cultivo lucrativo da erva-mate; Curitiba foi transformada em capital e Zacarias de Góis foi
nomeado como o primeiro presidente da
província. Naquele tempo, ademais do comércio de gado, a produção de erva-mate se expandiu muito. Devido à reduzida população
provincial, foi iniciado um programa oficial de imigração europeia (especialmente poloneses, alemães e italianos), o qual colaborou para que fossem expandidas a
colonização e o aparecimento de novas economias. No final do século XIX, a prosperidade econômica paranaense foi novamente
impulsionada quando as ferrovias foram implantadas, porque
isso possibilitou que a indústria de madeira crescesse,
já que as matas de araucárias aos portos, como Paranaguá, e
a São Paulo, eram ligadas por certas estradas de ferro. Em igual tempo, o
transporte de muares desapareceu, e isso causou uma crise na sociedade
pastoril.
Após
a República ter sido proclamada (1889),
intensificou-se o povoamento do Paraná,
principalmente na região das terras roxas do norte do estado. Ali,
fazendas cafeeiras e cidades se fixaram nos talvegues dos três rios: Paranapanema, Cinzas e Jataí. Durante a administração do presidente Floriano Peixoto, a Revolução Federalista e
a Revolta da Armada repercutiram
no Paraná, em que foram travados muitos combates. Em 1912, iniciou-se a Guerra do Contestado,
duelo de oposição entre os habitantes empobrecidos da região que se situa
dentre os rios Uruguai, Pelotas, Iguaçu e Negro, e as forças
oficiais, além do Paraná e Santa Catarina disputarem a área, motivando a denominação
e o conflito acabou em 1916. Os revolucionários de 1930,
os quais puseram Getúlio Vargas como presidente do Brasil, não
precisaram encarar grande resistência no Paraná. Na administração de Vargas, o
único governante foi Manuel Ribas (duas vezes como
interventor, uma como eleito), o qual mereceu destaque por realizar obras de
importância. São exemplos: a Estrada do Cerne, o reaparelhamento do Porto de Paranaguá, além
de rodovias interligando algumas cidades do estado e da melhoria da educação,
saúde e demais áreas. Nos anos 50, a ocupação territorial, que se concluiu nos
anos 60, foi efetivada. Antes de 1961, o Paraná era politicamente controlado
por Moisés Lupion, por duas vezes governador
(1947–1950, 1956–1961). Lupion foi sucedido por Ney Braga, amigo dos militares, também, ocupante do cargo por
duas vezes (1961–1966; 1979–1982). Escolhido por voto popular nas eleições de 1982, José Richa foi governante do estado antes de 1986. Depois
vieram os governantes eleitos Álvaro Dias (1987–1991) e Roberto Requião (desde
1991). Requião ficou no cargo até abril de 1994, quando foi sucedido por Mário Pereira, que concluiu o mandato. Em 1994, foi eleito o
candidato pedetista, Jaime Lerner, que assumiu em janeiro de 1995, e foi reeleito em 1998.
Requião venceu as eleições em 2002,
permanecendo no cargo até 2007, um ano depois de ser reeleito em 2006.
Em 2010, assumiu seu vice Orlando Pessuti, que completou o mandato. Beto Richa, filho do fluminense José Richa, foi eleito governador em 2010, sendo reeleito em 2014.
Richa continuou no governo do estado até abril de 2018, quando foi sucedido
por Cida Borghetti, que
concluiu o mandato. Em outubro de 2018, Ratinho Júnior foi eleito governador, assumindo o poder
executivo em janeiro de 2019.
Primeiros tempos
Capitanias do Brasil em 1534.
Até a
metade do século XVII, o litoral sul da capitania de São Vicente,
que atualmente faz parte do estado do Paraná, recebeu visitas esporádicas
de europeus à procura de madeiras de lei. No período de domínio espanhol,
estimulou-se que os vicentinos contatassem com a bacia hidrográfica do rio da Prata e percorria-se a costa meridional com muita
frequência. O litoral sul do Brasil era explorado com intermitência, ou seja,
com intervalos momentaneamente interrompidos e isso motivou que indígenas e
minérios fossem procurados. Do litoral os paulistas foram adentrados para
oeste, procurando indígenas, ao mesmo tempo que, a leste, na região onde
atualmente encontram-se localizadas as cidades de Paranaguá e Curitiba, a principal atividade econômica era a mineração.
As lendas
nas quais os colonizadores acreditavam existir grandes jazidas de ouro e prata fizeram
com que um sem-número de aventureiros fosse atraído à região de
Paranaguá. O nobre e militar português Salvador Correia de Sá,
que em 1613 tomaria posse da superintendência das minas do sul
do Brasil, ali esteve por três meses, no momento em que seu
trabalho era feito por cinco especialistas contratados diretamente de Portugal. Mas não foi encontrada nenhuma onça de ouro. O visconde de Barbacena enviou
para as minas do sul do Brasil o espanhol Rodrigo de Castelo Branco,
que tinha profundos conhecimentos sobre as jazidas do Peru.
Em 1680, uma carta foi escrita à bico de pena ao monarca lusitano demonstrando-o
igualmente mais desiludido a respeito da lenda das minas de prata.
Nos
últimos anos do século XVII, abandonaram-se os sonhos dos
grandes e ricos minérios, foi continuado o trabalho de extrair do ouro de
aluvião, que se diz "de lavagem", por meio do qual os poucos
habitantes do litoral paranaense estiveram à procura de recursos para comprar
produtos de outros lugares. Ao saber que os índios fugitivos não
desejavam ser exterminados, os colonizadores os colocavam para trabalhar na
lavoura, na extração da madeira e outros serviços. A utilização dos escravos
vindos da África teve início no século XVIII[8] e de acordo com o censo de 1798 o número de
escravos africanos era relativamente maior que o dos índios.
Paranaguá,
a primeira cidade fundada no atual território paranaense, elevou-se à categoria
de vila por meio de uma carta régia datada de 29 de julho de 1648. Foram
formados com a vila de Paranaguá, os chamados campos de Curitiba, cuja altitude
gira em torno de mil metros, apenas uma comunidade. A economia de
Paranaguá era baseada na agricultura e a pecuária nos campos. Curitiba elevou-se
à categoria de vila em 1693. Aos poucos, Curitiba passou ser o centro
urbano mais importante do Paraná, e para isso decidiu-se construir a
grandeza da estrada do gado, via de transporte estabelecida do Rio Grande do
Sul até Sorocaba.
Ciclo das tropas
Monumento ao Tropeiro no município da Lapa (PR).
A
descoberta das minas de ouro de Minas Gerais teve como uma de suas consequências a grande
demanda de gado equino e vacum. Recorreu-se então aos muares xucros da
região missioneira do sul, tocados pela estrada Viamão-Sorocaba, aberta em 1731. Segundo
Brasil Pinheiro Machado, a construção dessa estrada foi "acontecimento
relevante na história paranaense". Desligou Curitiba do ciclo
litorâneo, distanciando-a socialmente de Paranaguá e incorporando-a ao
sistema histórico das guerras de fronteira, dando-lhe oportunidade de uma
marcha para o sul, para o norte e para oeste,[8] de maneira que Curitiba passa a significar o
caráter de toda a região que será a futura província".
Inaugurava-se
assim o ciclo das tropas na história paranaense, que se estendeu até a década de 1870, quando começou a era do transporte
ferroviário.[8] Numerosos habitantes dedicaram-se ao rendoso
negócio de comprar muares no sul, inverná-los em seus campos e revendê-los nas
feiras de Sorocaba. Foi essencialmente com a disseminação das
fazendas de criação e invernagem que se fez a ocupação do território. Com base
na propriedade das pastagens e no trabalho de escravos negros e índios, estabelecem-se as famílias que detêm o poder
regional. Graças às tropas que se estabeleciam ao torno de alguns rios,
surgiram municípios como Lapa, Ponta Grossa e Castro.
Expansão da atividade pastoril
Em
princípio do século XIX, com o recrudescimento da
guerra no sul, tornou-se necessária, como parte da estratégia portuguesa,
a ocupação das terras que pelo Tratado de Madri pertenciam
a Portugal, mas permaneciam abandonadas desde a destruição
das missões jesuíticas pelos bandeirantes.
Com o
tríplice objetivo de ocupar o território, subjugar os índios e abrir caminho
para as missões, em junho de 1810 uma operação militar atingiu os campos
de Guarapuava, que logo a seguir foram doados em
sesmarias. Os índios capturados foram distribuídos "pelos mais
abonados moradores" e três décadas depois a região estava
ocupada. Tratava-se então de conquistar aos indígenas os campos de Palmas, o que foi feito em
1839 por duas sociedades particulares, rivais, que recorreram à arbitragem
para evitar choque armado entre seus componentes. Completou-se assim em meados
do século XIX, e graças à atividade pastoril,
a ocupação dos campos do interior.
Província do Paraná
Fac-símile da Lei Imperial n.º 704 de 26 de agosto
de 1853, que deu autonomia ao Paraná.
Por
alvará de 19 de fevereiro de 1811, foi criada a comarca de Paranaguá e
Curitiba, pertencente à capitania de São Paulo. A
6 de julho do mesmo ano a câmara municipal de Paranaguá dirigiu-se ao príncipe
regente para pedir a emancipação da comarca e a criação de nova
capitania. Dez anos depois, o movimento denominado Conjura Separatista,
liderado por Floriano Bento Viana, formulou abertamente sua reivindicação
separatista, mas ainda sem obter êxito.
Apesar da
atividade política expressa em sucessivas diligências e petições que tinham em
vista a emancipação político-administrativa, e mesmo após a independência,
continuaram os então chamados "parnanguaras" submetidos aos
comandantes da tropa local, uma vez que o governo provincial estava longe e
desinteressado daquelas terras. A importância política e estratégica da
região avultava com os anos e evidenciava-se com acontecimentos que
repercutiram no plano nacional, como a Revolução Farroupilha (1835
- 1845) e a Revolução Liberal de 1842.
Em 29 de
maio de 1843, entra em primeira discussão o projeto de lei que elevava a
comarca de Curitiba à categoria de província. Durante os debates,
destacaram-se os deputados de Minas Gerais e São Paulo. Segundo os
deputados paulistas, o verdadeiro motivo da criação da nova província, por desmembramento
da Província de São Paulo, seria o de punir esta última por sua participação na
Revolta Liberal de 1842.
Paralelamente,
a economia paranaense, a par do comércio de gado,
ganhava incremento com a exportação da erva-mate nativa para os mercados do Prata e
do Chile. Eram feitas promessas de emancipação, enquanto
prosseguiam as representações e a luta no Parlamento. Finalmente, a 28 de agosto de 1853 foi
aprovado o projeto de criação da província do Paraná, que teria como capital
provisória (que depois seria confirmada) o município de Curitiba.
Depósito de erva-mate.
A 19 de dezembro do mesmo ano chegou à capital Zacarias de Góis e Vasconcelos,
primeiro presidente da província, que desde logo se empenhou em tomar medidas
destinadas a impulsionar a economia local e conseguir recursos para as ações
administrativas que se faziam necessárias. Procurou encaminhar para outras
atividades, mormente de lavoura, parte da mão-de-obra e dos capitais que se
empregavam no preparo e comércio da erva-mate. O mais lucrativo negócio da
província continuava a ser, no entanto, a invernada e a venda de muares
para São Paulo. Essa
atividade chegou ao ponto mais alto na década de 1860 e só entrou em declínio no final do século.
Durante o
período provincial, o governo do Paraná não alcançou a necessária continuidade
administrativa, já que a presidência da província, de livre escolha do poder
central, teve nada menos de 55 ocupantes em 36 anos. Os liberais
paranaenses organizaram-se sob a liderança de Jesuíno Marcondes e seu
cunhado Manuel Alves de Araújo,
pertencentes à família dos barões de Tibagi e Campos Gerais, na época a
mais poderosa oligarquia na região. Os conservadores eram chefiados
por Manuel Antônio Guimarães e
Manuel Francisco Correia Júnior, de famílias que controlavam o comércio do
litoral.
Crise na sociedade pastoril
Panorama de Curitiba, em gravura de Jean-Baptiste Debret,
1827.
A
decadência do comércio de muares acarretou crise em toda a sociedade pastoril
do Paraná. O grande patrimônio indiviso da família patriarcal, que
abrangia vários núcleos familiares, já não podia prover a subsistência de
todos. Filhos de fazendeiros emigraram para as
cidades, para São Paulo e para
o Rio Grande do Sul. Desde
o início do século XIX o Paraná vinha recebendo
imigrantes, dentro da política de preenchimento dos vazios demográficos. Eram
açorianos, alemães, suíços e franceses, mas em pequeno número e sem
condições de prosperidade.
Em meados
daquele século, embora contasse com uma população de cerca de sessenta mil
habitantes, o Paraná continuava, do ponto de vista humano, um deserto
irregularmente interrompido por dezenove pequenos oásis situados a distâncias
imensas uns dos outros, distâncias literalmente intransponíveis, pois,
além dos "caminhos históricos", que dentro em pouco se saberia não
serem os "caminhos econômicos", nada havia que se pudesse chamar de
rede de comunicações.
Esses
dezenove oásis eram representados pelos dois municípios (Curitiba e Paranaguá); pelas
sete vilas (Guaratuba, Antonina, Morretes, São José dos Pinhais, Lapa, Castro e Guarapuava); pelas seis freguesias (Campo Largo, Palmeira, Ponta Grossa, Jaguariaíva, Tibagi e Rio Negro) e pelas
quatro capelas curadas (Guaraqueçaba, Iguaçu, Votuverava e Palmas).
Curitiba
tinha, na época, seis mil habitantes, e Paranaguá, 6.500. A população
das vilas, freguesias e capelas oscilava, em geral, entre mil e cinco mil
habitantes, de forma que a densidade efetiva, nos centros urbanos incipientes,
era bem maior do que a média estatística (0,3 pessoa por quilômetro quadrado)
faria supor.[23] Em compensação, na maior parte do território o
vazio era absoluto. Eram os campos gerais,
a floresta, e a serra do Mar.
Colonização
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De Immigrant (O
Imigrante), moinho em estilo holandês na colônia neerlandesa de Castrolanda, em Castro.
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Descendentes de ucranianos na
cerimônia de bênção dos alimentos na véspera da Páscoa de 2006, em Curitiba.
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Na
segunda metade do século XIX estimulou-se um tipo de
colonização orientada para a criação de uma agricultura que suprisse as
necessidades de abastecimento. Providências conjuntas dos governos
imperial e provincial permitiram o estabelecimento de núcleos coloniais nas
proximidades dos centros urbanos, sobretudo no planalto de Curitiba, constituídos de poloneses que se instalaram principalmente na região
norte de Curitiba formando bairros como Santa Cândida, Tingui e outros da
região, alemães, italianos deram origens a bairros nobres como Santa
Felicidade e também a municípios da região metropolitana como São José dos Pinhais e Colombo que foi a
maior colônia italiana do Paraná no final do século XIX até o século XX e,
em grupos menores, suíços, franceses e ingleses. Esses contingentes de imigrantes imprimiram à
fisionomia étnica do Paraná uma notável variedade e em alguns lugares do
Paraná, por exemplo, no município de Castro e arredores se fala somente o holandês e em
algumas outras regiões do estado se fala somente o alemão, italiano, ucraniano,
polonês e até o japonês sem contar as línguas nativas de tribos indígenas.
O número
de escravos diminuiu muito, a partir da metade do século, sobretudo em virtude
de venda ou arrendamento para outras províncias. Um relatório do
presidente do Paraná, em 1867, assinalou que o imposto arrecadado sobre
escravos que seguiam para São Paulo "era
quase igual ao imposto sobre animais".
A vinda
de colonos atendia assim ao problema, agravado pela evasão da mão-de-obra
escrava, da escassez e carestia dos produtos agrícolas. Nas últimas
décadas do século XIX, a construção de estradas de ferro e linhas telegráficas
empregou colonos trazidos por sociedades de imigração. Nesse período e no
início do século XX, estabeleceram-se no Paraná mais
de quarenta núcleos coloniais.
República
Panteon dos Heroes,
monumento aos legalistas que lutaram no Cerco da Lapa.
Mapa do Paraná, 1934. Arquivo Nacional.
Desde o
manifesto de 1870 ocorreram no Paraná manifestações esporádicas, e sem
organicidade, de simpatia pela república. Mesmo depois da fundação dos
jornais Livre Paraná, em Paranaguá, e A República, em Curitiba, e da criação de clubes republicanos
nos dois municípios, o movimento não chegou a se aprofundar. Alguns
paranaenses se destacaram na campanha republicana, mas fora da província. Na
Assembleia Provincial, contavam os republicanos com um só deputado, Vicente
Machado da Silva Lima, eleito pelo Partido Liberal, e
que foi figura de projeção nos primeiros anos do novo regime.
O estado
sofreu as consequências das várias crises políticas que marcaram os primeiros
tempos da república e somente em abril de 1892 viu promulgada sua
constituição estadual, que vigorou até a vitória do movimento revolucionário de 1930. Durante
a revolução federalista, o Paraná foi palco de renhidos combates, já que em seu
território se deu o encontro de tropas federalistas e legalistas. Abandonado o
estado pelos federalistas, fez-se o acerto de contas. Os
"picapaus" assumiram então o poder e desencadearam a repressão contra
os "maragatos". Apesar de eventuais conciliações, tal divisão durou
até 1930.
A
província do Paraná deveria ter os mesmos limites da antiga comarca, em
consequência do que se prolongou até a segunda década do século XX uma complicada questão de fronteiras com Santa Catarina, surgida desde a descoberta e ocupação dos
campos de Palmas. Com base na
carta régia de 1749, Santa Catarina considerava seu o "sertão" que
correspondia à costa, enquanto o Paraná se apoiava no princípio do uti possidetis. Com a república,
ambos os estados exerceriam sua competência de distribuir terras num mesmo
território.
Por três
vezes Santa Catarina obteve ganho de causa no Supremo Tribunal Federal,
mas o Paraná embargou as decisões. Nessa área é que se iria travar a campanha
do Contestado.[35] Finalmente, em 1916, por decisão arbitral do
presidente da república, fez-se a partilha da região em litígio, com o que
ficou encerrada a questão.
Questões agrárias
Em 1920,
o Paraná ocupava o 13º lugar em população no Brasil, com cerca de 700 mil habitantes; em 1960, o
estado havia passado para o quinto lugar, com mais de 4,2 milhões de
habitantes. Esse aumento não se deveu apenas ao crescimento natural, mas
a intensas correntes migratórias internas, pelas quais se deslocaram
habitantes de outros estados para áreas até então incultas do Paraná.
Plantação de Café impulsionou o crescimento do Norte do Paraná.
Desde o
final do século XIX, lavradores paulistas e
mineiros iniciaram a formação de fazendas de café no norte do estado, rico
em terras férteis, de solo conhecido como "terra roxa". A esse
tipo de ocupação veio juntar-se a colonização dirigida, tanto oficial como
particular. Ocorreram também novas levas de colonos imigrantes,
notadamente japoneses, italianos e alemães, e com a experiência de
empreendimentos semelhantes na Austrália e na África, em 1924, Lord Lovat visitou o Paraná e três anos
depois obteve do governo uma concessão de 500 mil alqueires de terra no norte
do estado. Fundou então a Paraná Plantation Ltd. que, ao lado da Companhia de
Terras do Norte do Paraná e da Companhia Ferroviária do Norte
do Paraná, executou o plano de colonização dessa zona. O eixo da operação
foi Londrina, que a partir daí cresceu em ritmo vertiginoso.
Na região
dos rios Iguaçu e Paraná, as matas eram há muito exploradas por empresas que
comercializavam madeira e mate. Desde a década de 1920 ocorria ali a ocupação espontânea por
colonos gaúchos e catarinenses, em geral descendentes de alemães e italianos. Após
a revolução de 1930, anuladas numerosas concessões de terras, passou-se, por
iniciativa do governo estadual e de particulares, à ocupação organizada,
dirigida para a agricultura variada e a criação de animais de pequeno porte.
Revolução de 1930 e intervenção
O então governador do Paraná Moysés Lupion e o Diretor da CMNP Hermann Morais de Barros na
década de 1950.
Deflagrada
a revolução em outubro de 1930,
já no dia 5 do mesmo mês seus partidários, com apoio de forças militares,
apossaram-se do governo estadual paranaense, instalaram um governo provisório e
substituíram as autoridades no interior. As finanças públicas estavam em
completo desequilíbrio e a economia em crise. Havia ainda a grave questão
das terras devolutas do estado. O general Mário Tourinho, primeiro
interventor, foi substituído no governo por Manuel Ribas. Este, eleito em 1935, foi confirmado como
interventor pelo Estado Novo, em 1937, e
permaneceu no cargo até 1945.
Na década de 1960, todas as terras do Paraná já estavam ocupadas, mas,
em seu processo de ocupação, a par do colono que comprava um ou mais lotes,
surgiu também a figura do "posseiro", que tendia a se instalar
no terreno que julgava do estado ou sem dono. Passou a ocorrer também a
venda múltipla, a compra do "não dono" e a "grilagem" em
grande escala. Assim, a época foi também de conflitos e lutas agrárias,
que se prolongaram por toda a segunda metade do século XX, sem qualquer solução duradoura no meio dos avanços
da economia e da sociedade.
Progressos e problemas
À medida
que o governo estadual procurava tornar o Paraná o celeiro agrícola do país e
um produtor de madeira capaz de levar a efeito amplos reflorestamentos, os
conflitos fundiários não só continuaram como cresceram em intensidade. Centenas
de milhares de pequenos proprietários rurais e trabalhadores sem terra
encenaram um êxodo rural que provocou um esvaziamento demográfico em mais de
cinquenta municípios. Tais emigrantes seguiram principalmente para o Centro-oeste e
para a Amazônia, levando consigo sua concepção
produtiva.
Usina Hidrelétrica de Itaipu,
a segunda maior do mundo e uma das sete maravilhas do mundo
moderno.
Enquanto,
na agricultura, a soja aumentava
em trinta por cento o espaço que ocupava. Também a indústria dava saltos
expressivos, como a instalação, em 1976, de uma fábrica de ônibus e caminhões
em Curitiba e o início do funcionamento, em 1977, da refinaria
Presidente Getúlio Vargas. Realizaram-se ainda nessa época os
primeiros grandes melhoramentos que fizeram da capital paranaense um modelo de
novas soluções urbanísticas: inaugurou-se a primeira parte das ciclovias da
cidade e surgiu o sistema de ônibus expressos.
Aumentaram,
no entanto, as disputas de terra, até mesmo em reservas indígenas, assim
como denúncias de graves perturbações ambientais causadas pelo crescente número
de barragens para construção de usinas hidrelétricas nos rios Iguaçu, Paranapanema, Capivari e Paraná. Em
1980, a colheita de soja atingia o recorde de 2.079 kg por hectare, maior
do que a marca norte-americana até
então alcançada, enquanto a de trigo colocava o Paraná no primeiro lugar
nacional, com 57% da produção de todo o país.
Em 1982,
o desaparecimento do salto de Sete Quedas, imposto pela necessidade de formar o
imenso reservatório da represa de Itaipu, provocou intenso movimento de protesto. Agravava-se
também, ainda em meados da década de 1990, a questão da terra, com atentados e
manifestações de trabalhadores sem terra.
Estabilidade e desenvolvimento
O Paraná
é um estado capaz de atrair investimentos, posição favorecida pela abertura da economia
local em direção ao Mercosul. Com o crescimento demográfico estabilizado
nas três últimas décadas, a economia tem-se modernizado e se diversificado
tanto no setor agrícola quanto no industrial. Há auto-suficiência
energética garantida pela hidrelétrica Itaipu e
eficiente pólo exportador em Paranaguá.
O aumento
da participação do setor industrial na economia um dos fatores que têm
contribuído para a população no estado. Em 1997, três montadoras de
automóveis - Renault, Audi e Chrysler - firmaram um acordo para instalar fábricas no
Paraná.
Apesar de
atrair investimentos, o estado fechou ano de 1997 com um déficit de mais de R$
1 milhão. Como conseqüência, as obras públicas estavam paralisadas, e o governo, falido, não conseguia honrar seus compromissos. Entre
as principais causas da crise estavam a alta dos juros e
a redução da arrecadação e o aumento dos salários do funcionalismo público.
Mudança política
Em 1998,
o governador do Paraná, Jaime Lerner, sai do PDT e filia-se
ao PFL, levando junto o prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi,
cinco deputados estaduais e
a maior parte dos secretários de governo. Entre
os motivos para a saída estaria a falta de apoio do partido em uma possível
candidatura do governador à reeleição.
Em 2000,
privatizou o Banco do Estado do Paraná (Banestado), alinhado com a política de privatizações do governo do PSDB, Fernando Henrique Cardoso. Em
2001, apresentou o projeto de privatização da Companhia Elétrica do Paraná (Copel),
o qual foi rejeitado na Assembléia Legislativa do
Paraná, devido a pressões populares. Concedeu ao grupo
acionista minoritário Dominó, o controle da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), a qual também estava sendo preparada para
privatização.
Criou uma
série de Organizações Públicas de Direito Privado como mecanismo de privatizar
o serviço público.
Fez
contratos suspeitos na área de informática pública, tendo mais de R$ 450 milhões de contratos rompidos pelo governo posterior, sem que houvesse nenhuma ação contra
o Estado pelo
rompimento de contrato.
Século XXI
Segundo
exigências do mercado europeu, em 2003 o governo do Paraná cria
uma lei proibindo o plantio, a comercialização e o transporte de sementes
geneticamente modificadas. O Supremo Tribunal Federal (STF),
porém, julga a lei inconstitucional e libera o plantio de transgênicos. Mas o governo mantém o embargo ao
escoamento da produção de transgênicos pelo porto de Paranaguá. Em 2005, é
sancionada a Lei de Biossegurança, que determina a formação de uma Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CNTBio) para regular a produção
de transgênicos. Em 2006, uma liminar
concedida pela Justiça Federal permite
o embarque da soja geneticamente modificada por Paranaguá. Dados da
Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) revelam que a taxa de
sementes transgênicas de soja na safra 2008/2009
é de 44% no estado. Em outubro de 2008, a multinacional suíça Syngenta Seeds doa ao governo do estado
a fazenda, no oeste do Paraná, que foi palco de ocupação do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Ela deverá ser usada
pelo governo como centro experimental de agroecologia.
Nas eleições de 2008,
o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB),
é reeleito, com 77,27% dos votos. Richa deixa a prefeitura no início
de 2010 para disputar o governo do estado, e seu
vice, Luciano Ducci (PSB) assume. Em
outubro, é eleito governador no primeiro turno, com
52,43% dos votos.
Em
novembro de 2009, o STF suspende a nomeação de Maurício Requião, para o cargo
de conselheiro do Tribunal de
Contas do Estado (TCE). O STF avaliou como nepotismo. Em 2010, o Ministério Público Estadual denuncia
esquema de desvio de cerca 100 milhões de reais da Assembleia Legislativa do
Paraná, com a nomeação de funcionários fantasmas durante 16 anos, de
1994 até 2009. Cinquenta funcionários teriam participação do esquema, incluindo
o ex-diretor da casa, Abib Miguel, que é preso.
Curitiba
sediou os jogos da Copa do Mundo FIFA de 2014,
no estádio do Clube Atlético Paranaense,
o Joaquim Américo Guimarães,
conhecido como Arena da Baixada. Ele
foi reformado a um custo estimado de 184,6 milhões de reais.
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