História
da Palestina
Origem:
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Dome in Jerusalem The Capital City Of Palestine
PALESTINE 1759
PALESTINE 1851
PALESTINE 1864
PALESTINE 1900
PALESTINE 1915
Palestine 1920
PALESTINE 1924
PALESTINE 1946
PALESTINE 1947
A região foi visitada por Heródoto por volta de 450 a.C. e é em seus escritos que encontramos pela primeira vez o nome Síria Palaestina (Síria Filistina).
No outono de 333 a.C., Alexandre Magno derrotou o rei persa Dario III na Batalha de Isso, o que representaria a integração
da Palestina no império de Alexandre. Com a sua morte, em 323 a.C., os generais de Alexandre vão disputar
entre si o domínio do império. A Palestina e a Síria cairiam sob o controle de
um destes generais, Ptolomeu,
que formaria um reino independente no Egipto.
Em 301 a.C., na Batalha de Ipso, na Frígia, uma coligação dos antigos generais
derrotou Antígono Monoftalmo,
outro general de Alexandre Magno que se preparava para reunificar o império.
Ptolomeu pertencia à coligação vencedora, mas o facto de ter chegado tarde à
batalha seria utilizado por Seleuco I para contestar
a dominação de Ptolomeu sobre a Síria. Esta disputa estaria na origem de uma
série de conflitos entre o reino ptolemaico e o Império Selêucida
- as Guerras Sírias -, o
que se resolveria por volta de 200 a.C. quando a
Palestina passou para o controle selêucida.
Os selêucidas
Sabe-se pouco sobre a Palestina durante o período selêucida até ao
reinado de Antíoco IV Epifânio
(175 a.C.164 a.C.).
Em 189 a.C. o reino selêucida perdeu a guerra contra
Roma, o que teria como consequências a perda da Ásia Menor e o pagamento anual de 15 mil talentos aos Romanos. Numa tentativa de conseguir
os fundos necessários, Heliodoro,
um dos ministros do rei Seleuco IV, tentaria em
vão apoderar-se do tesouro do Segundo Templo de
Jerusalém.
Tal como sucedeu em outras partes, a cultura e os modelos de vida gregos
difundiram-se pela Palestina. Alguns membros da elite judaica sentiam-se atraídos pela cultura grega e desejavam uma integração nesse
mundo. Em 175 a.C., o sumo sacerdote Jasão obteve a
autorização de Antíoco IV para
transformar Jerusalém numa cidade helénica, o que
incluíu a fundação de um ginásio, onde os jovens se exercitavam nus. Estas
medidas pareceram excessivas a alguns judeus, que mostraram o seu
descontentamento. Em resposta a esta contestação, Antíoco tomou medidas que
visavam impor de forma coerciva o helenismo. Os judeus passaram a ser obrigados
a fazer sacrifícios em nome dos deuses pagãos e proibidos de praticar a circuncisão e de observar o Sabbat. Em dezembro de 168 a.C., o Templo de Jerusalém
seria profanado com a instalação de uma estátua de Zeus.
Os asmoneus
Perante estas circunstâncias, os integrantes do partido judaico
contrários à helenização, fugiram para as montanhas, onde organizaram a
resistência, liderados pelo sacerdote Matatias e os seus cinco filhos Judas, Eleazar,
Simão, João
e Jónatas.
Matatias faleceu em 166 a.C., tendo sido
sucedido, na liderança da revolta, pelo seu filho, Judas Macabeu, que, no ano
de 164 a.C., reconquistaria o Templo de Jerusalém.
Judas morreu num batalha contra os sírios e foi sucedido por seu irmão
Jónatas, que se tornou sumo sacerdote em Jerusalém. Em cerca de 142 a.C. Jónatas foi assassinado, tendo sido
sucedido pelo seu irmão Simão Macabeu, que foi também assassinado. Subiu
então ao poder o terceiro filho de Simão, João Hircano I.
O longo reinado de João Hircano correspondeu a uma era de prosperidade e
de expansão territorial. João conquistou Siquém, capital dos samaritanos (tendo destruído o templo destes
situado no Monte Garizim) e o
território da Idumeia, onde impôs o judaísmo aos seus
habitantes.
João Hircano foi sucedido pelo seu filho Aristóbulo I que reinou apenas um ano (104-103
a.C.). Subiu então ao trono outro filho de João Hircano, Alexandre Janeu (103-76 a.C.), cujo reinado foi
marcado por guerras. Alexandre Janeu alargou o domínio dos asmoneus para a área
a este do rio Jordão, tendo sido
um inimigo do partido farisaico. A política antifarisaica foi invertida pela
sua viúva, a rainha Salomé Alexandra
que governou entre 76 e 67 a.C..
Após a morte de Salomé Alexandra os seus dois filhos Aristóbulo II e Hircano II disputaram o poder. Os dois irmãos
apelaram ao general romano Pompeu para que mediasse o
conflito; por esta altura os Romanos já tinham conquistado o reino selêucida.
Pompeu nomeou Hicarno II como sumo sacerdote, mas não lhe concedeu o título de
rei. O estado judaico deixou de ser independente, pagando tributo a Roma e estando obrigado a apoiar as suas acções
militares.
Para além disso, Pompeu fez de um idumeu chamado Antípatro
governador militar. Este nomeou por sua vez dois dos seus filhos, Fasael e Herodes, como governadores da Judeia e da
Galileia.
Aristóbulo não aceitou o novo arranjo político e junto com o seu filho
Antígono iniciou uma revolta. Aristóbulo acabaria por ser assassinado por
partidários de Pompeu, mas o seu filho aliou-se aos partas, que na época eram os maiores inimigos de
Roma. Em 40 a.C. os partas invadem o Oriente Médio,
prendem Hicarno II e Fasael e fazem de Antígono sumo sacerdote e rei.
Herodes fugiu para Roma, onde foi reconhecido pelo senado romano como
rei da Judeia, tendo recebido o apoio de Marco António e Octaviano (mais tarde Augusto). Herodes regressou
à Palestina em 39 a.C. e com ajuda de tropas romanas conseguiu tomar Jerusalém.
Antígono foi mandado executar por ordem de Marco António.
Palestina romana
Palestina bizantina
Em 324
Constantino restabelece a unidade do Império
Romano, após derrotar Licínio. O imperador fez de Bizâncio a sua nova capital,
mudando-lhe o nome para Constantinopla. Com
ele, abre-se um período de prosperidade para a Palestina.
Em 326 a sua mãe, Helena, visitou a Palestina e
ordenou a construção de duas novas igrejas, uma em Belém, suposto local do
nascimento de Jesus Cristo (Igreja da Natividade) e outra no Monte das
Oliveiras em Jerusalém, onde, segundo a historicidade cristã, Jesus teria
ascendido ao céu (Igreja da Ascensão). O próprio Constantino ordenou que fosse
retirado o entulho acumulado no Gólgota, onde
foi erguida a Basílica do Santo Sepulcro. A Palestina tornou-se então um local
de peregrinação, que atraía
visitantes de todo o império. A região assistiu também ao desenvolvimento do
monaquismo cristão. A construção de monumentos, igrejas, hospícios e mosteiros
conheceu novo desenvolvimento com a fixação na Palestina de Eudócia, esposa do
imperador Teodósio II, no ano de 444.
Exceptuando a revolta dos Samaritanos de 529-530,
que cobriu a Palestina de ruínas, este período foi em geral marcado pela
tranquilidade. Em 614 Jerusalém foi invadida pelos Persas, que
massacraram a sua população, destruíram igrejas e, acreditam alguns cristãos,
levaram a cruz na qual Jesus teria sido crucificado. De acordo com uma lenda,
os Persas teriam poupado a Igreja da Natividade, por terem ali visto
representados num mosaico os Reis Magos, seus antepassados. Em 628
o imperador Heráclio reconquistou a
Palestina e repôs a Verdadeira Cruz em Jerusalém. Os judeus, que tinham apoiado
a invasão persa, foram perseguidos, tendo muitos fugido para a Pérsia. Contudo,
o domínio bizantino sobre a Palestina chegou ao fim dez anos depois com a
conquista árabe da região.
A conquista árabe
Durante o califado de Abu Bakr (632-634), os
árabes tentaram a conquista da Palestina com o envio de várias expedições. Abu
Bakr faleceu sem assistir ao sucesso destas tentativas, que seriam
concretizadas durante o califado do seu sucessor, Omar
(634-644). Após a derrota dos bizantinos na Batalha de Yarmuk, a 20 de Agosto de 636,
toda a Palestina, como excepção de Jerusalém e de Cesareia, caíram em mãos árabes (as localidades
não conquistadas em 636 renderam-se aos árabes em 638 e 640 respectivamente).
Omar dividiu a Palestina em duas regiões administrativas, a Jordânia (Al-Urdunn)
e a Palestina (Filastin). A primeira incluía a Galileia e Acre,
estendo-se a este para o deserto. A Palestina era a região a sul do planalto de
Esdraelon, tendo como capital primeiro Lida e depois de 716, Ramallah.
Em Jerusalém Omar visitou a área do Monte do Templo, onde ordenou a construção
da Mesquita de Al-Aqsa.
Os abássidas
A era omíada chegou ao fim em 750, com a ascensão dos Abássidas, que governaram a partir de Bagdad. Os Abássidas incentivaram a fixação de
população na faixa costeira da Palestina, onde mandaram construir fortalezas;
com estas medidas pretendiam proteger a região de ataques dos Bizantinos.
A dinastia abássida entrou em decadência em meados do século IX. Em diversas regiões do califado
nasceram dinastias locais que governavam de forma autonóma. No Egipto duas
dinastias substraíram a Palestina ao domínio abássida: os Tulúnidas (868-905)
e os Ikchídidas. (935-969).
Os fatímidas
Os Fatímidas foram uma dinastia xiita que nasceu no Norte de África e
que se expandiu para leste, conquistando o Egipto, a Palestina e Síria. O
controlo da Palestina pelos Fatímidas foi ténue, já que este era disputado por Turcos Seljúcidas
e Bizantinos.
Durante o reinado do califa al-Hakim (996-1021)
o clima de tolerância para com o cristianismo cessou em virtude dos crescentes
ameaças de reinos cristãos. Em 1009 o califa chegaria mesmo a
ordenar a destruição do Santo Sepulcro, evento que na Europa foi recebido com choque. Em 1071
a cidade de Jerusalém foi conquistada pelos Turcos Seljúcidas, tendo sido
reconquistada pelos Fatímidas em 1098, que a perderiam no ano
seguinte para os Cruzados.
Os cruzados
Em 1099 os Cruzados tomaram Jerusalém e no Natal do
ano seguinte fundaram o Reino Latino de
Jerusalém. O poder dos Cruzados expandiu-se até ao tempo de Zangi,
governador mameluco de Mosul. Em 1144 Zangi cerca Edessa, capital
do condado cruzado com o mesmo nome, que cai sob o seu poder.
A Palestina otomana
Durante o reinado do sultão Selim I (1512-1520) a Palestina, a Síria e o
Egipto foram conquistadas pelo Império Otomano. A
Palestina seria administrada por este império até ao final da Primeira Guerra
Mundial em 1917. O período de dominação otomana
correspondeu, de uma forma geral, a uma era de decadência económica e cultural
da Palestina.
Durante o reinado de Soleimão, o Magnifíco
(1520-1566), filho e sucessor de Selim I, reconstruiram-se as muralhas da
Cidade Antiga de Jerusalém, sendo estas muralhas as que ainda permanecem no
local.
Durante o Império Otomano, que era muçulmano, não houve mudanças na
região com relação as características populacionais e linguísticas, que
mantiveram-se inalteradas.
A decadência económica explica-se em parte aos altos impostos
instituídos pelos Otomanos, que provocaram o declínio das indústrias. A nível
da agricultura, cresceram as áreas incultas. O comércio entrou em declínio na
região devido ao facto da Europa ter encontrado novos destinos na América, África
e Índia.
Século XVIII
Os primeiros anos do século XVIII assistiram à primeira grande revolta
popular na Palestina. O governador de Damasco, Mehmet Paşa Kurd Bayram
(1701-1703) iniciou uma política de reorganização da província que
administrava, tendo procedido ao aumento dos impostos nas sanjaks
(regiões administrativas) de Nablus, Jerusalém e Gaza. Esta última medida levou
a protestos da população beduína e camponesa.
Em Jerusalém a revolta contra o governador foi assumida por Muhammad ibn
Mustafa al-Wafa'i al-Husayni, que com os seus apoiantes conseguiu expulsar o
sub-governador e assumir o controlo da cidade. Contudo, as divisões internas
presente entre a população de Jerusalém e a intervenção de um exército otomano
vindo de Damasco em 1705 terminaram a revolta. Muhammad ibn Mustafa
al-Wafa'i al-Husayni deixou Jerusalém, mas foi detido e executado pelos
otomanos em 1707. O desaparecimento desta figura permitiu a
ascensão da família dos Ghudayyas; um ramo desta família, os al-Husayni,
emergiu em finais do século XVIII como uma das famílias mais poderosas de
Jerusalém.
Na Galileia assiste-se igualmente à ascensão de uma família, os Zaydani.
Esta família fixou-se na região oriental da Galileia em finais do século XVII,
vinda da região do Hejaz na Península Arábica. Serviram como cobradores de
impostos dos Shihabis do Líbano. O seu membro mais proeminente foi Dahir
al-Umar (c. 1737-1375), que se fez de Acre a sua capital. Graças às plantações
de algodão na Galileia, Acre e outras localidades da
costa floresceram durante este período.
Dahir al-Umar alimentava planos de expansão para sul, aos quais se
opunham as famílias mais importantes de Gaza, Jenine e Nablus. Os governadores
de Damasco e o governo otomano de Istanbul tentaram impedir estes desejos
expansionistas, apoiando as famílias rivais dos Zaydanis, estratégia que se
revelou um sucesso, já que impediu o avanço de al-Umar para sul de Haifa.
Al-Umar aliou-se a Ali Bey al-Kabir que no Egipto se revoltou contra o
domínio otomano. Esta estratégia levaria à sua queda, já que Ali Bey foi
derrotado por Muhammad Bey Abu al-Dhahab que se tornaria o novo governador do
Egipto e que invadiu a Palestina, obrigando Al-Umar a fugir de Acre.
Domínio egípcio
Em 1831 a Palestina foi ocupada por Mehemet Ali, vice-rei otomano do Egipto, que
junto com o seu filho Ibrahim procurou modernizar a região. Entre as medidas
reformistas, destaca-se o abolir de certos impostos e restrições que pesavam
sobre cristãos e judeus (dhimmi). A política de centralização levada a cabo
pelos egípcios provocou a queda da influência dos notáveis locais, que
obviamente se ressentiram.
A decisão de recrutar jovens da Palestina para o exército egípcio levou
a uma revolta generalizada em 1834, que se iniciou no norte, e na qual se
envolveram as elites e os estratos populares. A superioridade do exército
egípcio esmagou rapidamente a revolta, que apenas serviu para enfraquecer as
elites palestinianas. Estima-se que mais de 1000 pessoas tenham perdido a sua
vida durante o conflito, que provocou também a destruição de muitas aldeias. Em
1840 o Império Otomano conseguiu restabelecer a soberania
sobre a Palestina com a ajuda de russos, austríacos e britânicos.
Durante o século XIX verificou-se
uma abertura da Palestina ao Ocidente, com a fixação de muitos missionários
cristãos que ali fundaram escolas e mantiveram acções missionárias dirigidas às
populações cristãs, dado que o proselitismo junto dos muçulmanos era probido.
Ao mesmo tempo assistiu-se a um crescimento da importância geoestratégia da
região, após a abertura do Canal de Suez e com a
ocupação do Egipto pelos britânicos em 1880.
O tanzimat
A designação "Tanzimat" refere-se ao
plano de reformas do Império Otomano aprovado em 1839
pelo sultão Abdul-Mejid.
Na Palestina assistiu-se a uma reorganização administrativa, tendo Beirute susbstituído Acre como capital da
província de Sídon. Jerusalém adquire uma maior importância a partir de 1840,
quando as sanjaks de Gaza e Jafa foram incluídas na sanjak de Jerusalém; dois
anos depois, a sanjak de Nablus foi incluída na sanjak de Jerusalém.
A chegada da ideologia
sionista à Palestina
O sionismo foi um movimento político surgido no século XIX que defendeu o direito à
autodeterminação do povo judeu e à
existência de um Estado judaico no território onde historicamente existiram os
antigos reinos de Israel e Judá.
Dá-se que o sionismo desenvolveu-se num período histórico marcado pelas
ideologias nacionalistas, bem como pelo crescimento do anti-semitismo. Uma das figuras mais importantes
do movimento sionista é Theodor Herzl,
jornalista judeu austro-húngaro, que marcado pelo caso Dreyfus, publica em 1896
Der Judenstaat (O Estado Judeu) na qual propõe a criação de um
Estado para os judeus.
O sionismo adquiriu um aspecto institucional em 1897,
ano em que teve lugar, em Basileia (Suíça) o primeiro congresso sionista, do qual
resultou a formação da Organização Mundial Sionista. Foi ainda neste congresso
que se confirmou a opção da Palestina como local de fundação do estado judaico.
Entretanto, os primeiros imigrantes judeus, ligados ao movimento russo Bilu, já
tinham chegado à Palestina em 1882, onde fundaram colônias.
A colonização judaica da Palestina deu-se a princípio pacificamente mas
foi vista com apreensão pela população nativa, dado o grande número de
estrangeiros que chegava à região, e devido a ideologia predominante entre os
árabes a favor da criação de uma "Grande Síria", correspondendo às
regiões que hoje são os estados da Síria, Libano, Israel, Jordânia e as regiões
da "Faixa de Gaza" e Cisjordânia. Com a intensificação da migração de
judeus para a Palestina houve uma escalada de violência na região, com a
formação de grupos paramilitares judeus e
palestinos. Em 1948, com a declaração de independência do Estado de Israel, principia o conflito israelo-árabe.
Galeria
Vista de Jerusalém, com a Cúpula da Rocha no
centro
Cédula de uma libra palestina, do período do Mandato Britânico
Moeda de um milésimo (1 mill), usada na época do Mandato Britânico.
Passaporte palestino da época do Mandato Britânico.
Selo da Palestina (10 mils) (circa 1928).
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