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O nome de Espanha, evolução da designação do Império Romano Hispania era, até ao século XVIII, apenas descritivo daPenínsula Ibérica, não se
referindo a um país ou Estado específico, mas ao conjunto de todo o território
ibérico e dos países que nele se incluíam. A Espanha é unificada durante o Iluminismo, até então era um conjunto de reinos juridicamente
e politicamente independentes governados pela mesma monarquia. Até à data
da unificação a monarquia era formada por um conjunto de reinos associados por
herança e união dinástica ou por conquista. A forma de governo era conhecida
comoaeque principaliter, os
reinos eram governados cada um de forma independente, como se tivesse cada
reino o seu próprio rei, cada reino mantinha o seu próprio sistema legal, a sua
língua, os seus foros e os seus privilégios. A constituição de 1812 adopta
o nome As Espanhas para
a nova nação. A constituição de 1876 adota pela primeira vez o nome Espanha
Os termos "as Espanhas" e
"Espanha" não eram equivalentes e eram usados com muita precisão. O
termo As Espanhasreferia-se
a um conjunto de unidades jurídico-politicas, isto é, referia-se a um conjunto
de reinos independentes, primeiramente apenas aos reinos cristãos da península
Ibérica, depois apenas aos reinos unidos sobre a mesma monarquia. O termo
Espanha referia-se a um espaço geográfico e cultural que englobava diversos
reinos independentes. A partir de Carlos V o uso do título rei das Espanhas,
referia-se à parte da Espanha que não incluía Portugal, mas esta designação era
apenas uma forma de designar coletivamente um extenso numero de reinos, uma
abreviação, que não tinha validade jurídica, para uma longa lista de títulos
reais cuja forma oficial era rei de Castela, de Leão , de Aragão, de Navarra,
de Granada, de Toledo, de Valência, da Galiza, de Maiorca, de Menorca, de
Sevilha, etc. (da mesma forma utilizava-se o título Sua Majestade Lusitana para
o rei de Portugal, ou rei Lusitano)
A partir de 1645,
com a Restauração da Independência em
Portugal, a designação Rei da Espanha manteve-se, apesar da união dinástica já
não englobar toda a Península.
A abordagem da História de Espanha mais comum é a de descrever nos seus
tópicos iniciais a História da Península Ibéricaaté os
períodos anteriores à conquista da América.
Pré-História
Dólmen de
Menga, sul da Espanha.
A história da presença humana na península Ibérica
remonta a cerca de 800 000 anos, depois do descobrimento de um dos primeiros
antepassados dos seres humanos em Atapuerca (Burgos) e ao que foi batizado como Homo antecessor.
Em 1848 foi encontrado numa caverna do actual território britânico deGibraltar um crânio de um homem de Neanderthal que
teria aproximadamente vivido há 60.000 anos atrás.
Durante o Paleolítico Superior, por
volta de 16 000 anos atrás, a cultura magdaleniana estava presente nasAstúrias, Cantábria e parte do País Basco, cujo registro mais notável são a presença da pinturas rupestres nacaverna de Altamira. No Paleolítico Médio registros
de pinturas rupestres foram encontradas na zona mediterrânea da península,
fundamentalmente no que hoje é a província de Castellón.
Em 5500 a.C. aparece na península a cultura Campaniforme ou
mais exatamente "Cultura do vaso campaniforme". Por volta de 3700 a.C. aparecem a cultura megalítica e
a agricultura.
A aparição de culturas que usavam os metais
despoletou em torno dos anos 3000 a 2500 a.C. A sua distribuição geográfica é maior e
considera-se que a busca dos metais trouxe fluxos migratórios importantes,
destacando Los Millares em Almería, com uma grande fortificação, e no curso do rio Tejo na zona portuguesa atual.
Hispânia pré-romana
Os Celtas chegaram à península no primeiro milénio a.C.,
usando as atuais Galiza, Astúrias, Cantábria, País Basco, norte de Castela e boa parte de Portugal.
A costa peninsular oriental foi ocupada primeiro
pelos Fenícios, aproximadamente até 700 a.C. Fundaram Gadir (Cádis), Malaca (Málaga) e Abdera (Adra, na atual província de Almería).e de madri
Os Gregos se
instalaram mais ao norte da costa, em Rhodes (Rosas) e Emporion (Ampúrias), na atual zona da Catalunha, encontrando os Iberos e
trazendo aos dias de hoje as primeiras referências deste povo.
É o momento em qual aparece os Tartessos como civilização no vale de Guadalquivir. Os dados históricos deixados pelos Gregos nos
falam de duas culturas presentes: Celtas e Iberos, uns ao norte e outros ao
sul. Junto a estes conviviam na península os Celtíberos na zona central da Meseta, com cidades comoNumância, os Lusitanos, Galaicos, Astures, Cantabros e vascões. A denominada civilização ibérica teve a sua origem,
segundo a maioria dos autores, em uma mistura dos indo-europeus dos Celtas, dos
povos ibéricos autóctones, da presença púnica e grega e do início da romanização.
Tumba
Ibera em Azaila.
No século III a.C., os Cartagineses iniciam na Península Ibérica um
projeto imperialista mediterrâneo no qual fundam Qart Hadasht (Cartagena) que se converte
rapidamente em uma importante base naval.
Cartago e Roma se
enfrentaram finalmente em uma série de guerras (Guerras Púnicas) pela hegemonia no Mediterrâneo Ocidental.
Depois da derrota na Primeira Guerra Púnica, Cartago tenta ressarcir-se de suas perdas daSicília, Sardenha e Córsega, incrementando seu domínio na Ibéria.
Amílcar Barca, Aníbal e outros generais cartagineses situam-se nas
antigas colônias fenícias da Andaluzia e o Levante baixo seu controle e procedem
depois a conquista ou extensão de sua área de influência sobre os povos
indígenas. Ao final do século III a.C., a maior parte das cidades e povos a sul dos
rios Douro e Ebro, assim como as ilhas Baleares, reconhecem o domínio cartaginês.
No ano 219 a.C. produz-se a ofensiva de Aníbal contra Roma,
tomando a Península Ibérica como base de operações e incluindo uma grande proporção
de hispanos em seu exército.
Foi neste processo que tentaram submeter a colônia
grega de Sagunto, situada ao sul da fronteira do Ebro mas aliada de
Roma, dando lugar à Segunda Guerra Púnica, que culminaria com
a incorporação da parte civilizada (ibera) da península à República Romana.
Período romano
O
Aqueduto de Segóvia, importante obra de construção civil romana.
Depois da Segunda Guerra Púnica entre
218 a.C. e 201 a.C., pode-se considerar a península Ibérica submetida
ao poder de Roma. A campanha de
ocupação, depois da expulsão cartaginesa, foi rápida, exceto no interior
(Numancia) e o povo Cántabro que resistiu até a chegada de Augusto nos inícios do Império Romano.
Em 195 a.C., os romanos dividiram o território ibérico em duas
zonas: a Hispânia Citerior e a Hispânia Ulterior. Em 27 a.C., o general Agripa criou as
províncias: Tarraconense, antiga Hispânia Citerior; a Bética e a Lusitânia, a partir da Hispânia Ulterior. Em 216,
surgiu a Nova Hispânia Citerior Antoniniana, na região noroeste da
península, aproximadamente onde hoje são as Astúrias. Diocleciano reuniu essas províncias, inclusive a Baleárica, a Tingitana e aCartaginense, formando a diocese da Hispânia politicamente
dependente da prefeitura pretoriana da Gália.crava
O processo de romanização entendido como a
incorporação da língua, dos costumes e da economia romana começou ricardo
aproximadamente até 110 a.C. e duraria com toda sua força até meados do século III.
As invasões germânicas e o Reino Visigodo (séc. V - 711)
As Invasões
Na península Ibérica, como em outras províncias, a
predominância do Império Romano foi
caindo gradualmente. Com os processos quase simultâneos da «desromanização» do
Império Romano na Hispânia, há que citar uma debilitação da
autoridade central nos séculos III, IV, e V, e da «romanização» das tribos germânicas, por exemplo, a
adoção do direito romano que é
evidente na Lex Gothorum (Lei
dos Godos), a conversão ao Cristianismo, e a afinidade que alguns reis tinham pelo latim.
No inverno de 406,
aproveitando o congelamento do rio Reno, os Vândalos, Suevos, e Alanos invadiram o império com grande pujança. Ao cabo de três
anos, cruzaram os Pirenéus, chegaram à península Ibérica, e
dividiram entre si as partes ocidentais, que correspondiam aproximadamente a Portugal atual e Espanha ocidental até Madrid.
O Reino suevo da Galécia
O Reino
Suevo configura-se como a mais antiga estrutura política das atuais
regiões da Galiza e (norte e centro de) Portugal depois da queda do domínio romano. Foi o primeiro reino que se separou do Império Romano e cunhou moeda.
Os suevos eram um povo germânico que teria entrado no noroeste dapenínsula Ibérica em 409 numa vaga migratória ou
guerreira, mas com pouca população. Rapidamente tomaram o controlo do
território, mas devido ao seu número reduzido não modificaram grandemente a
estrutura nem a cultura em que se assentaram. As Crónicas de Idácio é uma das fontes que mais dados dá sobre a estadia
deste povo no noroeste peninsular e possui grande valor por tratar-se duma
fonte contemporânea aos acontecimentos relatados.
É notável nesta época o trabalho de São Martinho de Braga, impulsionador dos ditos concílios, da
ordenação do território (Parochiale Suevorum)
e da difusão do cristianismo frente as crenças pagãs de raiz pré-românica (De correctione rusticorum). Desempenhou funções de chanceler do rei Teodomiro. Miro (570-583)
foi o seu sucessor. Durante o seu reinado celebrou-se o Segundo Concílio de Braga (572).
Aproximadamente em 577 iniciou-se a guerra civil visigoda, na que interveioMiro,
que em 583 organizou uma expedição fracassada de conquista a Sevilha. Durante o regresso desta expedição o rei encontrou a
morte. No reino suevo começaram uma série de lutas internas. Eborico (também chamado de Eurico) (583-584) foi destronado por Andeca (584-585)
que falhou no seu intento de evitar a invasão visigoda dirigida por Leovigildo, que se fará efetivamente no ano de 585.
O Reino Visigodo
Os Visigodos, que tinham tomado Roma fazia dois anos, chegaram à
região em 412, fundando o reino de Tolosa (Toulouse, no sul da França), e estenderam a sua influência gradualmente à
Península, empurrando os Vândalos e Alanos para o norte da África, quase não dando tempo para que estes
deixassem a sua marca na cultura Ibérica. Mais tarde, depois da conquista de
Tolosa pelos Francos e da perda de grande parte dos territórios no que
atualmente é a França, os Visigodos mudaram a capital do reino para Toledo. Atribui-se que o apogeu do Reino Visigótico se deu
durante o reinado de Leovigildo (572 - 586).
Em 585 os Visigodos capturaram o rei dos Suevos, anexando os
seus territórios.
Os visigodos eram os mais romanizados dos povos bárbaros. Eles mantiveram o sistema legal romano. O modo
de produção era próximo do sistema feudal típico, e a religião predominante a católica. A cristologia classificada como heresia pela Igreja Católica denominada Arianismo propagou-se pelo reino, sendo combatida pelo
rei católico Recaredo.
Curiosamente, a Espanha nunca entrou no período de
analfabetismo que chamamos de Idade
das Trevas, de que sofreram a Bretanha, Gália, Lombardia, eAlemanha nesses anos. A razão deve-se ao facto de os
Visigodos terem sabido respeitar as instituições e as leis romanas, mantendo
uma infraestrutura estável e arquivos históricos durante a maioria do intervalo
entre 415, quando, segundo a tradição, começou o reino visigodo, e 711, quando foi
destruído pelos árabes (na realidade estava já muito decadente
antes de sua chegada).
Apesar de que a nobreza visigoda praticava o
arianismo, este gozou de muito pouca popularidade entre a população
hispano-romana da península, fiel em sua maioria à doutrina católica romana.
Desde a coroação visigoda, em 587, o rei Recaredo, já convertido ao catolicismo, tratou de conciliar assim mesmo a religião ariana
com a católica, mas com pouco êxito. Finalmente, impôs-se a opção católica pela
força, dispensando a igreja ariana de seus bens em favor de sua antagonista.
Invasão muçulmana
Interior
da mesquita de Córdova, capital do
califado de Al-Andalus.
Os territórios árabes, junto com a fé islâmica, tinham se propagado velozmente. Em 711,
os muçulmanos (árabes eberberes) já tinham o controle no norte da África. Ainda no mesmo ano, liderados por Tárique capturaram e mataram o rei visigodo Rodrigo na batalha de Guadalete.
Depois da morte do rei Witiza, os nobres e bispos
da península elegem o Rei Rodrigo duque da Bética. Os filhos de Witiza queriam
como rei Aquila, duque da Tarraconense, e por isso pactuam com os árabes
através de Don Julián, conde de Ceuta. Rodrigo, que estava lutando contra um
levantamento dos bascos, ao saber da invasão árabe acude com seu exército.
Perde a batalha de Guadalete devido a deslealdade dos Witizanos. Com sua morte,
os árabes se animam a continuar com a luta.
Em 712, Tárique conquista Toledo e
chega a Leão; Musa conquista
Sevilha e chega a Mérida. Posteriormente uniriam suas forças para tomar
Saragoça. Em 713, em virtude da derrota da dinastia omíada pelos abássidas, o emir Abderramão I torna o Emirado de Córdoba independente
do de Damasco, da qual fazia parte. Após seu reinado, sobe ao poder Abderramão II.
O filho de Musa completa
a conquista da península, exceto as zonas montanhosas cantábricas e pirenaicas
em 716, passando a território franco. Carlos Marteldetém o avanço árabe em Poitiers em 732.
Em 929 Abderramão III criou o Califado de Córdova, o que
supõe a separação definitiva do califado de Bagdad.
A Reconquista
O avanço dos mouros não
se deu sem resistência. Os adeptos do Islão estenderam seus territórios até o
sul da atual França, quando foram derrotados pelosfrancos, liderados por Carlos Martel, em 732.
Antes disso, porém, já havia esforços por parte de
povos cristãos para expulsar os muçulmanos da Península
Ibérica. A primeira vitória contra os mouros dentro da península foi
empreendida por Dom Pelágio, o primeiro
rei de Astúrias, na batalha de Covadonga (722).
Desde então, e à medida que as vitórias cristãs se foram sucedendo, começaram a
chegar vagas de cavaleiros europeus para ajudar os Reis Cristãos na sua senda
pela reconquista da Península Ibérica, eram as primeiras Cruzadas. Como sinal
do reconhecimento e mérito pela ajuda, os reis Cristãos davam aos cruzados
porções de terra, títulos, e casamento com filhas de nobres locais, ou até
mesmo do próprio rei, ficando com o dever de gerir o território, lutar contra
os Mouros e prestar vassalagem ao Rei.
Isto veio fazer com que a Reconquista não fosse
exatamente uma cooperação entre reis Cristãos contra os Mouros, pois na
realidade, os reinos cristãos no norte da península Ibérica guerrearam uns com
os outros (na luta pelo poder, sucessões ao trono, ou até mesmo a
independência. Muitos condados tentaram a independência, mas só os Condados
Portucalense e o de Castela o conseguiram, tornando-se mais tarde no Reino de
Portugal um e no Reino de Castela o outro) tanto quanto contra os muçulmanos.
Os dois principais reinos cristãos eram: o Reino de Astúrias sediado
em Oviedo; e Navarra. Com as derrotas dos omíadas foi criado o Reino de Leão em 913. Sancho III de Navarra pôs
seu filho Fernando na
liderança de Castela. Ele conseguiu
unir Navarra, Galiza, Astúrias e Leão sob sua liderança. Com a morte de Fernando, o reino
foi dividido entre os filhos Afonso, Sancho e Garcia.
Garcia nunca chegou ao poder; Afonso foi exilado após tentar tomar o poder de
Sancho. Após a morte de Sancho II, Afonso retornou ao trono de Castela.
A
rendição de Granada.
Castela e Portucale (Portugal) passaram a ser então
os dois reinos a fazer frente aos Mouros, uma vez que Castela conseguia unir
debaixo da mesma coroa Galiza, Astúrias, Navarra e Catalunha. Portucale
conseguiu mais eficazmente e rapidamente expulsar os Mouros, sendo que no século XIII, o rei Dom Afonso III (1248 - 1249) conseguiu expulsar
definitivamente os Mouros do Algarve, terminando assim a reconquista portuguesa. A partir
daqui, Portugal foi afirmando a sua independência e identidade, até ao século XV, em que foram iniciados os Descobrimentos, com
a exploração e conquista do norte de África. Castela já foi bem mais lenta na
sua reconquista, sendo que a terminou por completo nos finais do século XV.
Aos poucos, as terras de domínio mouro foram se
reduzindo até uma pequena porção em Granada. A Espanha foi unificada através dos reis católicos: Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão. Sob
seu reinado, o último reduto mouro, o Granadafoi conquistado. Outro fato importante do seu reinado
foi a redução do poder da nobreza. Os mouros e judeus foram
obrigados ao batismo ou ao exílio.
A reconquista foi finalizada em 1492 com
a tomada de Granada por parte dos Reis Católicos que a anexaram à Coroa de
Castela. Neste mesmo ano ocorreu odescobrimento da América,
em nome da coroa, por Cristóvão Colombo.
Das Espanhas à Espanha
O momento histórico exato em que se faz referência
a Espanha pela primeira vez não está claramente definido.
Na Península se falava dos reinos de Galiza, Leão, Navarra, Castela, Aragão e de Portugal como
reinos hispanos. Mas quando por razões dinásticas ou de conquista um deles
conseguia ter baixo seu cetro a maior parte da Espanha cristã, se auto
proclamava "Imperador totius Hispaniae", como foi o caso de Sancho o
Maior de Navarra, ou de Alfonso VI e Alfonso VII de Leão e de Castela.
Os Reis Católicos eram conhecidos como Reis das
Espanhas. Em 1493 o governo municipal de Barcelona se refere a Don Fernando como o "Rey de
Spanya, nostre senyor" (ou "Rei de Espanha, nosso senhor"). A
partir de Carlos I, todos os reis se autodenominam Rei das Espanhas, colocando
esta legenda (em latim) nas moedas acunhadas durante seus reinados, ainda que
normalmente utilizassem outros títulos, desde "Rei de Castela" até
"Senhor de Vizcaya e de Molina", ou simplesmente, "Eu o
Rei".
Amadeu I é o primeiro que oficialmente utiliza a
denominação de Rei da Espanha, já que os anteriores utilizavam o título
abreviado de Rei das Espanhas. A partir de Amadeu, já todos adotam este título.
No Concílio de Constança os
quatro reinos,Portugal, Aragão, Castela e Navarra aparecem formando uma só
entidade ("nação espanhola") e compartindo o mesmo voto.
A conquista da América
O
Descobrimento da América por Cristóvão Colombo
Ainda no período dos reis católicos, a Espanha
empreendeu uma política de financiamento de exploracões marítimas, rivalizando
poder com Portugal. Entre elas, a viagem de Cristóvão Colombo tornou
a América conhecida à Europa. A partir desse fato, a Espanha colonizou as terras do Novo Mundo e através de seus conquistadores, diversos povos indígenas foram reprimidos,
como as civilizações Inca, Asteca e Maia.
Para evitar disputas com outras nações europeias, a
Espanha assinou com Portugal, através do Papa Alexandre VI, oTratado de Tordesilhas,
para definir os territórios do Novo Mundo que pertenceriam a cada país.
A Espanha trouxe do continente americano gigantescas porções de prata e ouro.
Entretanto esse modo de exploração foi prejudicial ao país. Enquanto a economia
era dependente das colônias na América, outras atividades como o comércio não
foram desenvolvidas como em outros países, por exemplo a Inglaterra. Isso provocou a desvalorização da moeda espanhola
e diversas crises econômicas.
Dinastia Habsburgo
O
Imperador Carlos I
O Império Colonial Espanhol atingiu seu auge e
declinou sob a dinastia dos Habsburgos (chamada também de Casa da Áustria). A Espanha
obteve sua maior extensão graças à conquista de territórios na América e outras
colônias de ultramar sob Carlos I, também
intitulado Imperador Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico.
Após a morte de Carlos I em 1556,
o extenso reino se dividiu em duas porções: o Sacro Império de um lado; a
Espanha e osPaíses Baixos de outra, sob o
controle de Filipe II. Filipe II,
aumenta seus territórios na América e une a coroa de Portugal com seus
territórios de Ultramar, iniciando a breve União Ibérica que se converteu na
maior potência económica e militar do mundo.
A grande extensão gerou conflitos internos. Em 1640 Portugal readquire sua independência.
Em 1648 o rei Filipe IVreconhece a
independência dos Países Baixos com o fim da Guerra dos Oitenta Anos.
Ao domínio de Filipe V, da dinastiaBourbon, que persiste até hoje.
Podemos dividir este período segundo os monarcas
reinantes em:
·
Reinado de Carlos I e V de
Alemanha (1516-1556)
·
Reinado de Filipe II (1556-1598)
·
Reinado de Filipe III (1598-1621)
·
Reinado de Filipe IV (1621-1665)
·
Reinado de Carlos II (1665-1700)
Dinastia de Bourbon
A casa de Bourbon começou a reinar na Espanha em 1700,
com a coroação de Filipe V. Pouco depois, em 1702 começa
a Guerra de Sucessão Espanhola na
que Castela permanece, em maioria, fiel ao novo rei, enquanto que os antigos
territórios da Coroa de Aragão ficam do lado de Carlos de Áustria. Ao ganhar a
guerra Filipe V fez amplas reformas administrativas para aproximar seu novo
reino ao modo centralizado de seu país de origem.
Filipe V foi sucedido por Fernando VI, Carlos III e Carlos IV. No governo
desse último, as tropas de Napoleão Bonaparte invadiram
o território espanhol e puseram o irmão José Bonaparte no
poder. A casa dos Bourbon foi restaurada em 1813 com
a posse de Fernando VII após a Guerra Peninsular. Nesse período de agitação interna, as
colônias espanholas na América tiveram a oportunidade de lutar por sua
independência. Até 1830, a Espanha tinha perdido a maioria de suas colônias no
continente.
Conhece-se como período de Ilustração política na
Espanha ao que abarca os reinados dos Bourbons desde Filipe V em 1700 até Carlos IV que
finaliza seu reinado abruptamente em 1808,
recolhendo o movimento do século das luzes que se inicia na França e é a
antecâmara da Revolução francesa.
·
Reinado de Filipe V (1700-1746),
com um breve reinado de Luís I em 1724 e
com destaque para o Tratado de Utrecht em 1713
·
Reinado de Fernando VI (1746-1759)
·
Reinado de Carlos III (1759-1788)
·
Reinado de Carlos IV (1788-1808)
Reinado de Fernando VII
No início do século aconteceu na Espanha a Guerra
da Independência (ou Guerra Peninsular), um conflito armado entre 1808 e 1814 que
opôs a Espanha e seus aliados Portugal e Reino Unido contra o Primeiro Império Francês,
como consequência da política expansionista de Napoleão I. Em 18 de março de 1812,
aConstituição de Cádis,
também conhecida por Constituição Espanhola de 1812 ou
La Pepa é aprovada.
Durante o período de 1814 a 1820, Fernando VII restabelece
o governo absolutista dos antecessores
Bourbons. Suas medidas foram de repressão aos liberais. O novo rei também contestou a Constituição de Cádiz,
o que levou a uma revolta chefiada por Rafael de Riego. Entre 1820 e 1823,
a Espanha não é regida mais por Fernando VII depois de um golpe militar
chefiado por Riego, este período é conhecido como o Triênio Liberal). Porém em 1823,
Fernando VII restabelece seu reinado. Denomina-se Década Ominosa ("Década
Nefasta", 1823-1833) ao período da história da Espanha que corresponde à
última fase do reinado de Fernando VII e a a restauração do absolutismo depois
do Triênio Liberal.
Guerras Carlistas
Devido a pouca idade da sucessora natural ao trono
de Fernando VII, quando este morreu em em 29 de setembro de 1833,
sua esposa, Maria Cristina de Bourbon,
assumiu de imediato a regência e prometeu aos liberais uma política distinta ao
do falecido rei.
Entre 1833 e 1840,
desenvolveu-se na Espanha a Primeira Guerra Carlista entre os partidários do
infante Carlos María
Isidro, conhecidos como carlistas e partidários de um regime
absolutista; e os de Isabel II, partidários de
um regime liberal e denominados cristinos por apoiar a regente María Cristina.
O Carlismo foi um movimento político legitimista de caráter
anti-liberal e anti-revolucionário que pretendia o estabelecimento de um ramo
alternativo da dinastia dos Bourbons ao trono espanhol, e que em suas origens
propunha a volta ao Antigo Regime.
Do lado cristino, o General Baldomero Espartero após
muitas lutas firmou a paz com o mediante o Convênio de Oñate, em 29 de agosto de 1839.
Desfrutando de uma grande popularidade, Espartero se uniu ao Partido
Progressista e conseguiu ser nomeado Presidente do Conselho de Ministros mas o
apoio insuficiente o obrigou a renunciar. Espartero liderava, sem oposição, o
Partido Progressista e necessitava de uma maioria suficiente nas Cortes. Porém
acabou entrando em choque com a regente. Após uma rebelião generalizada contra
Maria Cristina nas cidades mais importantes como Barcelona, Zaragoza e Madrid
fazendo-a renunciar e entregar a Regência do Estado e a custódia de suas
filhas, incluindo a da rainha Isabel, nas mãos do general. O modo ditatorial de
governar, personalista e militarista provocou a inimizade de muitos de seus
partidários de Espartero fez com que em 1841 se
iniciasse uma Revolução. Em 1843, Espartero se viu obrigado a dissolver as
Cortes.
Rainha Isabel II
Diante do fracasso da regência de Esparteiro, em 1843 as
Cortes Gerais da Espanha resolveram reconhecer a maior idade de Isabel II quando ela
tinha ainda apenas 13 anos, em 10 de novembro de 1843,
Isabel II jurou a constituição de de 1837 que
havia substituído a de Cádis.
Seu reinado, até 1868,
foi de altos e baixos. Seu início foi tumultuoso com sua indicação do
progressista Salustiano Olózaga mas depois de alguns incidentes, este foi
obrigado a renunciar e em seu lugar entrou o moderado Ramón María Narváez,
nomeado Presidente do Governo da Espanha. Foi no governo de Narváez que foi
decretada a Constituição de 1845.
Após o período de governo conhecido como década
moderada, os progressistas chegaram ao poder em 1854 e
ficaram até 1856 (este período conhecido como Biênio Progressista).
Em 1860, através do general O’Donnell, a União
Liberal chegou ao poder. Neste mesmo ano, Carlos Bourbon fracassou em mais uma
tentativa de reivindicar o trono a seu favor com uma nova guerra carlista.
Em 1868, o reinado de Isabel II chegou ao fim com
a Revolução conhecida
como "A Gloriosa" ( e também como "Setembrina"), revolução
esta iniciada por descontentamentos com seu reinado.
Sexênio Democrático
Sexênio Democrático foi
o período da história da Espanha transcorrido desde o triunfo da revolução de setembro de 1868 até
o pronunciamento de
dezembro de 1874 que deu começo à etapa conhecida como Restauração.
Reinado de Amadeu I de Saboia
Amadeu I
de Saboia
Com a Revolução de 1868, Isabel II foi destronada e foi proclamada uma monarquia constitucional.
Foi posto como regente o general Serrano.
Houve na época uma dificuldade inerente à troca de regime e de encontrar um rei
que aceitasse o cargo. Finalmente em 16 de novembro de 1870 com
o apoio do setor progressista das Cortes Gerais e dos Carlistas, Amadeu,da casa de Saboia, foi empossado como Rei.
Amadeu teve sérias dificuldades devido à
instabilidade dos políticos espanhóis, às conspirações republicanas, aos
movimentos carlistas (Terceira Guerra Carlista),
ao movimento separatista de Cuba, às disputas entre seus próprios aliados e a
uma tentativa de assassinato. Abdicou por iniciativa própria em 11 de fevereiro de 1873.
À sua partida, proclamou-se a Primeira República Espanhola.
Primeira República
Bandeira
de caráter provisório da Primeira República Espanhola
Com a renúncia da Amadeu I, a população de Madrid e
deputados republicanos fundaram a Primeira República Espanhola.
São formadas duas correntes principais: os unitários, que preferem um estado de controle centralizado, e os federais, que propõem uma menor
centralização do poder em favor de regiões administrativas menores.
A Primeira República Espanhola durou onze meses,
nos quais se sucederam quatro Presidentes. O primeiro presidente foi Estanislao Figueras (unitário).
Em junho do mesmo ano, a assembleia constituinte empossa Francisco Pi y Margall (federal).
Rebeliões separatistas por todo o país induzem a renúncia de Pi y Margall, que
foi sucedido por Nicolás Salmerón (federal),
que ordena ao exército sufocar as revoltas.
A debilidade de seu nascimento, que provocou a
posterior restauração bourbônica,
deveu-se a vários fatores, entre os quais se destacam a falta de uma base
social suficiente, dado o descontentamento dos campesinos e trabalhadores; a
organizada oposição dos conservadores ou monárquicos, incluídos os
levantamentos carlistas e a carência de uma burguesia que sustentasse o
sistema.
Restauração
A Restauração Bourbônica foi o período que
aconteceu na Espanha desde o pronunciamento do general Martínez Campos em 1874,
que acaba com a Primeira República, e a proclamação da Segunda República em 14 de abril de 1931.
O período caracterizou-se por uma certa estabilidade institucional, a
conformação de um modelo liberal do Estado e a incorporação dos movimentos
sociais e políticos, fruto da revolução industrial, que
começou sua decadência com a ditadura de Miguel Primo de
Rivera em 1923.
Reinado de Afonso XII
Seu reinado consistiu principalmente em restaurar a
monarquia e acabar com todas as lutas internas o que lhe valeu o apelido de
"o Pacificador". Também aprovou a nova Constituição de 1876.
Morreu em 1885 de tuberculose em Madrid.
Reinado de Afonso XIII
O rei
Afonso XIII da Espanha
Afonso XIII era filho
do rei Afonso XII de Espanha e
de Maria Cristina de
Habsburgo-Lorena. Foi proclamado rei na altura do seu nascimento e
sua mãe foi a regente durante o período de sua
menoridade. Somente em 1902, ao completar 16 anos, foi declarado maior
de idade e assumiu as funções de chefe de Estado. Na época da regência de sua
mãe, a Espanha perdeu as colônias de Cuba, Puerto Rico eFilipinas. No século XX, com a guerra de Marrocos, a Espanha perdeu o domínio militar que tinha sobre a
cidade de Melilla. Devido a essas perdas, a Espanha sofreu numerosas
revoltas sociais, que levaram a que o capitão Miguel Primo de Rivera organizasse
um golpe de estado em 13 de setembro de 1923,
protegido pelo próprio Afonso XIII. Começaram então a surgir manifestações
contra a monarquia que protegeu o ditador Rivera. Foi assim que os partidos
políticos espanhóis se uniram contra o rei e este acabou renunciado à chefia do
Estado, mas sem abdicar formalmente.
Ditadura de Primo de Rivera
A Ditadura de Primo de Rivera foi
o período da história espanhola, desde o golpe de Estado do capitão-general Miguel Primo de Rivera, de 13 de setembro de1923,
até 28 de janeiro de 1930,
até à sua substituição pela chamada Dictablanda, do general Dámaso Berenguer.
A distribuição geográfica do crescimento da
população espanhola entre 1920 e 1950,
depois da crise económica de 1927 acentuada em 1929,
a violenta repressão dos trabalhadores e intelectuais e a falta de sintonia
entre a burguesia e a ditadura, a monarquia, cúmplice, será o objeto em questão
a partir da união de toda a oposição em agosto de 1930 no
chamado Pacto de San Sebastián.
Com a demissão de Miguel Primo de Rivera, a 28 de janeiro de 1930,
a ditadura é substituída pela chamada Dictablanda do general Dámaso Berenguer.
Porém, os governos de Dámaso Berenguer e de Juan Bautista Aznar-Cabañas,
não fizeram outra coisa a não ser aumentar a decadência. Depois do fracasso da
Dictablanda, Alfonso XIII tentou devolver o
debilitado regime monárquico à senda constitucional e parlamentar, convocando
eleições municipais para 12 de abril de 1931. Constatando a
falta de apoio popular nas cidades, o Rei Afonso XIII, decidiu o
exílio a 14 de abril de 1931,
dando assim fim à restauração bourbônica na
Espanha.
Segunda República Espanhola
Bandeira
da Segunda República Espanhola
A Segunda República foi o regime político entre 14 de abril de 1931,
data de da proclamação da mesma e da saída de Espanha do Rei Afonso XIII, e 1 de abril de 1939,
data da vitória definitiva do bando insurgente na Guerra Civil Espanhola.
Depois da proclamação da República, Niceto
Alcalá-Zamora governou provisoriamente (até 14 de outubro). Após a sua demissão, foi substituído por Manuel Azaña. Em 10 de dezembro, após eleições, Niceto Alcalá-Zamora voltou
ao poder, ficando neste cargo até7 de abril de 1936, quando o novo governo da Frente
Popular da Espanha pediu a sua demissão e novamente Manuel Azaña o substituiu. Em 9 de dezembro de 1931, foi aprovada uma nova Constituição Espanhola.
A instabilidade política derivou finalmente num
falido golpe de estado de um
setor do exército contra o Governo legal da República, dando passo à Guerra Civil Espanhola,
concluindo a 1 de abril de 1939 com
a vitória dos rebeldes.
Guerra Civil Espanhola (1936-1939
Foi o conflito bélico que se instalou depois do
malogrado golpe de estado de um
setor do exército contra o Governo legal da Segunda República Espanhola e
que assolou o país entre 17 de julho de 1936 e 1 de abril de 1939,
concluindo com a vitória dos rebeldes e a instauração de um regime ditatorial
encabeçado pelo general Francisco Franco.
Desde o golpe de estado de 18 de julho a república tinha problemas mesmo na zona
leal, onde o golpe não venceu imediatamente, devido à enorme influência de
certos partidos e pelas tentativas de instalar a democracia direta por parte de grupos anarquistas como a CNT (Confederación Nacional del Trabajo) e
depois por uma importante influência comunista. Houve 70 mil assassinados na
zona republicana e 55 mil assassinados na zona nacionalista. O número de
vítimas civis, ainda que se discuta, muitos acreditam situar-se entre as
500.000 e o 1.000.000 de pessoas. A Revolução Espanhola (de esquerda) foi
destruída militarmente pelos franquistas que tinham apoio da Alemanha, enquanto
os grupos esquerdistas contavam apenas com um pequeno apoio da então URSS.
Esta guerra é freqüentemente considerada uma
"preliminar" da Segunda Guerra Mundial,
pela participação de potências internacionais. A princípio, os militares
receberam apoio dos regimes fascistas europeus (Alemanha e Itália), Portugal e Irlanda. O Governo republicano recebeu apoio da URSS,
único país comunista de Europa, e do México. A França, o Reino Unido e os Estados Unidos, decidiram manter-se a margem do conflito.
Governo Franco
O General Francisco Francogovernou a Espanha de 1939 até1975.
O governo do General Francisco Franco, conhecido como franquismo, começou quando este se proclamou caudilho da
Espanha ao vencer a Guerra Civil Espanhola em 1939,
e acabou com sua morte em 1975. Nos anos 40, o franquismo praticou uma
forte repressão política dos perdedores da guerra (democratas liberais,
nacionalistas periféricos, socialistas, comunistas, anarquistas, etc). A
Espanha havia perdido na guerra uma parte significativa de sua população e de
sua capacidade produtiva. A escassez multiplicou as situações de fome e
perpetuaram a miséria extrema. A situação piorou com o início da Segunda Guerra Mundial,
durante a qual a Espanha se declarou neutra. Com o final da guerra até 1965 surgiram
guerrilheiros (chamados de maquis)
contra o franquismo.
Nos anos 50, a posição geográfica da Espanha e seu
regime político acabou se convertendo em estratégicos para Estados Unidos e seus aliados europeus frente à União Soviética na Guerra Fria. Diante disto, os Estados Unidos estabeleceu bases
militares no território espanhol e como contrapartida, em 1951, a Espanha
começou a receber assistência económica. A aliança da Espanha com os Estados
Unidos acabou com o isolamento internacional e abriu a economia. Em 1957 um
grupo detecnocratas entrou no governo e deu o giro definitivo à
política económica colocando em prática um duro Plano de Estabilização conforme
as diretrizes do Banco Mundial e do Fundo Monetário
Internacional (FMI).
Nos anos 60 e princípios dos 70, o desenvolvimento
económico melhorou de forma notável, ainda que desigual o nível de vida da
maioria da população. Este crescimento económico foi propiciado pela expansão
do turismo e pela entrada de divisas de emigrantes. Surgiram
grupos terroristas como o ETA e
o FRAP, e a repressão veio
inclusive sob a forma de pena de morte. Em 1969, Juan Carlos foi
nomeado príncipe. Ainda com a monarquia estabelecida, Franco continuou como
chefe de governo até 1975, ano da sua morte.
Ver também: Segunda
República Espanhola no exílio
Transição para a democracia
As
comunidades autônomas da Espanha estabelecidas na Constituição de 1978.
Se entende por Transição Espanhola ou
nova restauração borbônica, o processo pelo que a Espanha passou da ditadura de
Francisco Franco, a um Estado social, democrático e de direito. As datas de
duração mais aceitas são de 20 de novembro de 1975 para seu início (data de
falecimento do ditador) e 28 de outubro de 1982 (vitória
eleitoral doPSOE) para sua finalização.
O Rei Juan Carlos confirmou Arias Navarro no cargo de Presidente do Governo,
mas pediu a sua demissão em 1976. Neste mesmo ano foi aprovado o Referendo
sobre a Lei para a Reforma Política e,
como consequência desta aprovação, foram realizadas as primeiras eleições
democráticas, em 15 de junho de 1977.
Nas eleições triunfa a União de Centro Democrático (UCD),
partido dirigido por Adolfo Suárez. Em 1978 aprova-se uma constituição democrática
mediante referendo.
Em 1979 ocorrem novas eleições legislativas
nas quais a UCD conserva a maioria relativa no Congresso e a absoluta no
Senado. Em 1981, Adolfo Suárez demite devido ao distanciamento com o Rei
e às pressões internas de seu partido. Durante a votação no Congresso de
Deputados para eleger como sucessor a Leopoldo Calvo-Sotelo se
produz a tentativa de golpe de Estado, conhecido como 23-F, que fracassou.
Calvo Sotelo dissolveu o parlamento e marcou novas eleições para 1982.
O resultado das eleições foi uma grave derrota da UCD e a vitória do PSOE,
um partido de centro-esquerda.
Atualmente
Felipe
González, um dos mandados mais longos da história moderna da Espanha
Depois da restauração da democracia, o PSOE
converteu-se em um dos grandes partidos do governo. Sob comando de Felipe González, o PSOE assumiu a tarefa de governar a Espanha
entre 1982 (quando obteve uma contundente maioria no Congresso)
e1996,
um dos mandados mais longos da história moderna da Espanha (o desgaste do PSOE
devido à aparição de importantes casos de corrupção e o envolvimento de altos
cargos do PSOE no financiamento e apoio do terrorismo de Estado dos GAL,
levou ao governo o Partido Popular).
Durante o governo do PSOE, o país acometeu uma
notável transformação em todos os âmbitos, destacando-se a extensão dos
serviços públicos e o Estado do bem-estar ou
a integração da Espanha na Comunidade Econômica Europeia (1986). A derrota de1996 e
a posterior renuncia de Felipe González levou o PSOE a uma grave crise de
liderança que se estendeu até 2000, quando o Congresso Federal elegeu José Luis Rodríguez Zapatero como
novo secretário geral.
Já no período democrático, a Espanha tenta superar
problemas internos como o terrorismo. Após intentos malsucedidos dos
sucessivos governos de finalizar com o terrorismo, o ETA declarou uma trégua
indefinida em 2011.
Fatos importantes
·
1986:
·
1 de janeiro: A Espanha ingressa oficialmente na Comunidade Econômica Europeia
·
22 de junho: São realizadas eleições gerais com vitória
maioria absoluta do PSOE. Felipe González segue a frente do governo
·
1988:
·
8 de abril a 9 de dezembro: Realiza-se a Exposição Universal de
Barcelona
·
1992
·
25 de julho a 9 de agosto: Realiza-se os Jogos Olímpicos de Barcelona
·
Exposição Universal de Sevilla
·
1993
·
Vitória do PSOE nas
eleições gerais com Felipe González a frente do governo
·
1996:
·
Eleições gerais: maioria relativa do Partido Popular (PP)
liderado por José María Aznar.
·
2000:
·
Eleições gerais: maioria absoluta do PP. José María Aznar continua à
frente do governo.
·
2002:
·
1 de janeiro: O euro se converte na moeda oficial do país,
abandonando-se a peseta
·
2003:
·
O apoio do governo à guerra do Iraque provoca múltiplas manifestações de
protestos em todo país.
·
2004:
·
11 de março: Três dias antes das eleições
gerais espanholas, ocorre uma serie de
atentados em Madri que mata pelo menos 190 pessoas.
·
14 de março: Ganha as eleições o PSOE,
e José Luis Rodríguez Zapatero se
torna presidente e María Teresa Fernández de la
Vega se torna a primeira Vice-presidente do governo espanhol.
·
Em 22 de maio o Príncipe Filipe se casa
com a jornalista, Letizia Ortiz Rocasolano.
·
2005:
·
3 de julho: A Espanha torna-se o primeiro país no mundo a dar
o direito de adoção a casais homossexuais
Imigração espanhola no
Brasil
Hispano-brasileiro é um cidadão brasileiro que tenha ascendentes espanhóis. Também são consideradas
hispano-brasileiras as pessoas nascidas na Espanha mas radicadas no Brasil.
Estima-se que haja quase vinte milhões de
hispano-brasileiros, descendentes de uma enorme massa deimigrantes chegados ao Brasil entre 1870 e 1960. A
primeira cidade fundada por colonos espanhóis na América Portuguesa foi
Filipéia em 1585, durante a dinastia filipina (nessa altura os portugueses
também passaram a ser espanhóis, como atesta o livro raízes das grandezas do
Brasil).
A grande imigração espanhola só começou em fins do século XIX, devido ao agravamento dos problemas
socioeconômicos na Espanha.
A presença espanhola em terras brasileiras acontece
desde o início da colonização do Brasil.
Durante a União Ibérica, muitos espanhóis se
estabeleceram noBrasil, particularmente em São Paulo. Como consequência, um grande número de brasileiros
descende desses pioneiros, já que as famílias espanholas em questão participaram
do fenômeno dos bandeirantes.
Porém, só se pode falar de uma efetiva imigração
organizada de espanhóis para o Brasil a partir do final do século XIX.
A imigração espanhola no Brasil é quase sempre
ignorada ou tratada com obscuridade pela historiografia brasileira. De maneira
geral, quando se fala em imigração no Brasil, destaca-se a imigração italiana,
enquanto outros grupos de imigrantes, como os espanhóis, são tratados de forma
pouco aprofundada. Porém, no contexto da imigração no Brasil, os espanhóis
figuravam como o terceiro maior contingente de imigrantes recebidos pelo
Brasil, perdendo apenas para os italianos e os portugueses, e bem a frente dos
alemães e japoneses. No estado de São Paulo, durante o período da grande
imigração, os espanhóis superaram numericamente inclusive os próprios
portugueses, ficando atrás apenas dos italianos. Apesar da enorme importância
numérica, alguns historiadores salientam que os espanhóis são um grupo
"invisível" ou "oculto" para a historiografia brasileira. A
historiadora Marília Dalva Klaumann Cánovas acredita que a inexistência, a
fragmentação e a dispersão das fontes e da documentação são alguns dos fatores
responsáveis pela ausência de trabalhos sobre o imigrante espanhol no Brasil.
Presença durante a colonização
Segundo o IBGE,
"o balanço da presença espanhola no Brasil Colonial sugere uma importância
bem maior do que o que se lhe tem atribuído". O historiadorCapistrano de Abreu, em
seu clássico A História do Brasil, de 1883, chegou mesmo a afirmar que os
espanhóis não tiveram nenhuma importância na formação histórica brasileira ou,
se a tiveram, ela foi menor do que a dos franceses. Para o IBGE, "neste
ponto, sem dúvida, o autor exagerou". Durante o século XVI, os
espanhóis acompanharam os portugueses durante suas expedições de reconhecimento
e exploração do Brasil. Alguns dos marujos e soldados dessas expedições eram
espanhóis e alguns deles ficaram no Brasil, tanto que Martim Afonso de Sousa encontrou
espanhóis em sua expedição de 1531-1532 à colônia.
"A presença espanhola no Brasil foi histórica
e demograficamente densa no extremo-sul", como salienta o IBGE.4 O pampa,
região de fronteira que hoje corresponde a parte do Rio Grande do Sul, Uruguai e da Argentina, foi historicamente uma região de forte presença
espanhola. Sendo o pampa uma paisagem física una, onde não havia barreiras
naturais que impedissem a movimentação de pessoas (exceto o Rio Uruguai a oeste), havia naquela região uma constante
convivência, pacífica ou não, de hispânicos e lusos. Portanto, no período
colonial, o perfil da região sulina era mais propriamente
português-castelhano-indígena, do que português ou português-indígena apenas.
Durante a União Ibérica (1580-1640), quando
Portugal se uniu à Coroa Espanhola, expressivo número de súditos da Espanha se
deslocaram para o Brasil. Em São Paulo, a sua presença
chegou a ser notável. Porém, acabaram se assimilando no contexto daquela
sociedade, muitas vezes casando-se com mulheres indígenas, como era a prática
comum na época. A língua espanhola também não era transmitida aos descendentes.
Alguns sobrenomes espanhóis ainda podem ser identificados, mas muitos foram
aportuguesados ou são indistintos dos lusitanos.
Imigração a partir do século XIX
Os espanhóis estavam entre os "imigrantes mais
pobres" do Brasil. O índice de analfabetismo era altíssimo, superando largamente aquele
encontrado entre italianos e portugueses. Eram atraídos para o Brasil muitas
vezes por meio de propaganda enganosa feita pelos denominados ganchos, que eram agentes que andavam
pela Espanha vendendo uma imagem positiva do Brasil com o intuito de atrair
imigrantes.3 No final do século XIX e no início do século XX,
as fazendas de café de São Paulo funcionavam com a constante chegada de
mão-de-obra barata oriunda da Itália. Mas, frequentemente, tinha-se que buscar
outras fontes de trabalhadores em Portugal e na Espanha, sobretudo após a
proibição da migração subsidiada pela Itália, em 1902, em decorrência das
péssimas condições de trabalho a que eram submetidos esses italianos. Em 1910,
a Espanha fez o mesmo, por meio de uma proibição da migração subsidiada para o
Brasil. Porém, tal proibição não teve efeito, pois a migração clandestina via Gibraltar se intensificou, tanto que o ano de 1912 foi um
auge da migração espanhola para o Brasil.
Esses imigrantes espanhóis, paupérrimos, embarcavam
para o Brasil enganados, muitas vezes acreditando que estavam indo para a Argentina, que era o principal país receptor de imigrantes da
Espanha na época. Aliás, a Argentina sempre foi um problema para a política
imigratória brasileira, pois era o destino preferencial de muitos estrangeiros.
Assim, muitos imigrantes para lá se deslocavam após chegarem ao Brasil e
perceberem que não havia boas perspectivas no País. "Na Argentina não
ocorre como no Brasil, onde, além de oferecer graves inconvenientes para a saúde,
os naturais têm ódio letal pelos estranhos" escreveu uma autoridade
diplomática espanhola, em 1911. Após a Proclamação da República,
o governo brasileiro tinha como meta fazer o trabalho assalariado criar raízes
no Brasil. O uso da mão-de-obra assalariada do imigrante europeu era um meio de
se obter isso. Porém, após séculos de escravidão e com uma
massa de homens livres pobres e agregados, até o governo brasileiro se demonstrava
cético em relação à adoção de novos comportamentos e a uma mudança de
mentalidade. Desta forma, o trabalhador no Brasil era submetido a condições
péssimas de trabalho. Muitos imigrantes decepcionados com o Brasil também
tinham vergonha de voltar para a Espanha, pois se sentiam humilhados de
retornar mais pobres do que saíram. Assim, de 1887 a 1914, dos espanhóis que
abandonaram oficialmente o estado de São Paulo, 65% voltou para a Espanha,
enquanto que 30% rumou para a Argentina ou para o Uruguai, 4% para outras regiões brasileiras e 1% foi para os Estados Unidos. Porém, a maioria dos espanhóis não tinham
condições financeiras de abandonar o estado, e buscavam ajuda no Consulado,
candidatando-se a uma vaga de repatriação gratuita.
O impacto negativo que os imigrantes tinham com o
Brasil se dava imediatamente à chegada à lavoura cafeeira, ao perceberem que
eram péssimas as condições de trabalho e que as remunerações eram baixas.
Assim, esses imigrantes vagavam de fazenda em fazenda em busca de melhores
salários, para poderem retornar à Espanha (o que poucos conseguiram) ou para
acumularem capital com o objetivo de comprar um pedaço de terra. Muitos
percebiam que era inútil permanecer no campo, e viam na cidade de São Paulo uma
alternativa para tentar melhorar de condição, seja trabalhando na indústria como operários, ou na área de serviços.3 A cidade de São Paulo foi o destino principal
desses imigrantes desiludidos com as péssimas condições no campo. Eram
imigrantes de diferentes nacionalidades que mudaram a composição étnica da
cidade. Entre 1886-1890, os estrangeiros compunham apenas 22,1% da população da
cidade. Em apenas três anos, os estrangeiros já representavam 54,7% da
população de São Paulo. No recenseamento de 1920, São Paulo era uma "Babel"
na qual viviam pessoas de 33 diferentes nacionalidades. Em direção à cidade de
São Paulo afluía grande número de estrangeiros, que vagavam pela cidade à
procura de emprego. Essa massa de desempregados vivia à cata de qualquer
emprego que surgisse, para garantir sua sobrevivência. Esses milhares de
estrangeiros desempregados, denominados "vagabundos" pelas
autoridades brasileiras, vivendo na miséria, causavam desconforto na população
nativa, tidos como uma ameaça à "ordem pública". Grande número de
imigrantes estavam frequentemente envolvidos em crimes e delitos cometidos
em São Paulo, além de viveram da mendicância. Um relatório apresentado pelos Chefes da
Polícia ao Presidente da Província salientava que "os espanhóis e os
italianos deviam estar sempre sob as vistas da Polícia, pois eram peritos no
vício". Só no ano de 1893, dos 368 inquéritos policiais em andamento na cidade de São Paulo,
268 eram por delitos cometidos por imigrantes. Em 1894, 4.487 pessoas foram
presas em São Paulo, das quais 1903 eram italianas, 1346 brasileiras, 550
portuguesas e 357 espanholas.
Integração no Brasil
A transição dos espanhóis de imigrantes paupérrimos
para os estratos médios e altos da sociedade brasileira não teve um modelo
típico. Alguns conseguiam acumular capital no campo e aplicavam na cidade em
pequenos negócios. Outros se dedicavam à construção civil, trabalhavam na
indústria ou como profissionais liberais. Eis que alguns imigrantes, que chegavam
na penúria, depois de anos conseguiam ascender socialmente. O sonho de voltar
para a Espanha era enterrado, a medida que os filhos nasciam no Brasil e que na
terra de acolhimento conseguiam acumular capital suficiente para prover seu
próprio sustento e de sua família.
O Brasil como destino imigratório
No final do século XIX, com o desenvolvimento da
tecnologia naval, milhares de pessoas saíram da Europa em
busca de melhores condições de vida nas Américas. No caso da Espanha, a imensa maioria rumava para suas colônias ou
ex-colônias, pelos laços históricos e culturais que mantinham e, por esse fato,
os destinos preferidos dos imigrantes espanhóis eram a Argentina e Cuba.
Entre 1882 e 1930, 3.297.312 espanhóis emigraram, dos quais 1.593.622 para a
Argentina e 1.118.968 para Cuba. Para o Brasil imigraram 567.176 espanhóis no
mesmo período. Observa-se, portanto, que no Continente Americano apenas
a Argentina e Cuba receberam mais imigrantes espanhóis que o Brasil no período
em questão. Em meados do século XX, Cuba deixa de atrair imigrantes espanhóis e é
substituída pela Venezuela que, ao lado do Brasil e da
Argentina, são os únicos países americanos para os quais ainda havia uma migração
de espanhóis. A partir da década de 1960 os espanhóis passaram a emigrar cada vez
mais para outros países da Europa.
O que realmente contribuiu para haver uma migração
em massa de espanhóis para o Brasil foi o fato de o governo brasileiro subvencionar
a passagem de navio. Viajar com a passagem gratuita era muito vantajoso, pois
não era fácil bancar uma viagem imigratória. Assim, pode-se concluir que os
espanhóis que emigraram para o Brasil estavam entre os mais pobres, aqueles que
não tinham condições de comprar uma passagem para ir para a Argentina, Cuba ou
para o Uruguai. Isso se evidencia comparando-se as taxas de
analfabetismo entre os espanhóis na Argentina e no Brasil. Na Argentina, a
porcentagem de imigrantes espanhóis alfabetizados era mais elevada do que no
Brasil. Embora o fato de falarem a mesma língua tenha contribuído para uma
alfabetização após chegarem a Argentina, também pode-se concluir que o
imigrante espanhol na Argentina tinha mais capital do que aquele no Brasil.6
Os galegos na cidade e os andaluzes no campo
Os primeiros espanhóis chegaram ao Brasil na década de 1880. Até o final do século XIX, houve um grande fluxo de galegos, que se fixaram principalmente em centros urbanos
brasileiros de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.
Devido à grande semelhança entre galegos e portugueses, aqueles eram muitas vezes confundidos com estes.
No começo do século XX passaram a predominar os andaluzes. Com a decadência da imigração italiana no Brasil,
os espanhóis foram atraídos aos milhares para o Brasil a fim de substituir a
mão-de-obra italiana no café.
Formou-se rapidamente uma comunidade espanhola de
operários, trabalhando nas nascentes indústrias brasileiras. Cerca de 78% dos
espanhóis ficaram concentrados no estado de São Paulo. Estima-se que, entre
1884 e 1959, mais de 680 mil espanhóis imigraram para o Brasil. Apenas os portugueses e italianoschegaram em maior número.
A Guerra Civil Espanhola formou
um novo fluxo de imigrantes que fugiram para o Brasil. O crescimento da economia
espanhola após a guerra fez o número de imigrantes cair e passou a ser pouco
significativa.
Perfil dos imigrantes
A imigração espanhola para o Brasil foi um
movimento migratório familiar. Ao contrário do que sucedeu na vizinha
Argentina, onde a maior parte dos imigrantes espanhóis eram homens que chegavam
sozinhos, para o Brasil foi direcionada uma migração de grupos familiares. Isso
se explica pelo fato de que grande parte dos imigrantes tiveram suas passagens
de navio subvencionadas pelo governo brasileiro, que dava preferência por
atrair famílias ao invés de indivíduos avulsos.7Assim, a imigração espanhola para o Brasil se
diferenciava muito da imigração portuguesa. Dos estrangeiros que deram entrada
no porto de Santos entre
1908 e 1936, apenas 18,4% dos espanhóis chegaram avulsos (sem família). Em
comparação, 53,4% dos portugueses chegaram sozinhos e 42,3% dos italianos
também o fizeram. O contingente de crianças entre os imigrantes espanhóis também era
especialmente grande. Neste período, 31,4% dos espanhóis que entraram por
Santos tinham menos de 12 anos de idade, a maior taxa entre todos os
imigrantes. Em comparação, entre os portugueses 18,9% tinham menos de 12 anos,
e entre os italianos essas crianças eram 21,8% dos que entraram. Em relação às
taxas de analfabetismo, os espanhóis lideravam:
65,1% dos espanhóis maiores de 7 anos de idade eram analfabetos, comparado a
51,8% dos portugueses, 31,6% dos italianos, 9,9% dos japoneses e somente 3,9%
dos alemães.8
Regiões de origem dos imigrantes
Cerca de metade dos imigrantes espanhóis vieram da
região da Andaluzia, no Sul da Espanha. Também foram
expressivos os fluxos oriundos da Galiza e
de Castela e Leão.
Imigração espanhola no Brasil - Porcentagem por região [1]
|
|||
Região
|
1893-1902
|
1903-1912
|
1913-1922
|
43,6%
|
53%
|
50%
|
|
0,8%
|
2,0%
|
1,4%
|
|
1,1%
|
0,4%
|
0,7%
|
|
0,2%
|
0,4%
|
0,3%
|
|
2,9%
|
1,0%
|
1,0%
|
|
2,0%
|
0,7%
|
0,3%
|
|
0,3%
|
0,1%
|
0,2%
|
|
10,4%
|
12%
|
10,6%
|
|
1,1%
|
1,2%
|
3,0%
|
|
6,9%
|
2,3%
|
1,8%
|
|
0,7%
|
1,2%
|
6,2%
|
|
22,6%
|
14,5%
|
10,3%
|
|
1,9%
|
0,7%
|
0,7%
|
|
0,7%
|
5,2%
|
8,5%
|
|
1,3%
|
2,0%
|
0,9%
|
|
2,1%
|
1,9%
|
1,8%
|
|
0,7%
|
0,6%
|
0,9%
|
|
Outras
|
0,7%
|
0,8%
|
1,4%
|
A imigração espanhola para o Brasil foi tímida
durante quase todo o século XIX. Os poucos que chegavam eram sobretudo galegos,
homens sozinhos que emigravam por conta própria e se fixavam nos centros
urbanos brasileiros. Um perfil imigratório até então bastante similar ao dos
vizinhos portugueses. A vinda de imigrantes da Espanha para o Brasil foi,
portanto, um movimento migratório tardio, que só se intensificou a partir da
década de 1890, quando o governo brasileiro passou a despender grande quantia de
dinheiro subsidiando a passagem de famílias espanholas com destino às zonas
cafeeiras de São Paulo. A imigração subvencionada funcionou sobretudo na
Andaluzia, região com grande número de camponeses pobres. No porto de Gibraltar
funcionavam duas agências encarregadas de fazer propaganda e recrutar
imigrantes. Muitos espanhóis emigravam utilizando portos alheios, no caso das
pessoas do Norte e Centro o porto de Leixões e o porto de Lisboa, e no caso dos sulistas o porto de Gibraltar. Na
região da Andaluzia formou-se um verdadeiro mecanismo de propaganda e
recrutamento de imigrantes, onde muitos eram ludibriados, acontecendo "uma
sucessão de explorações e amoralidades". Seduzidos pelos ganchos, emissários enviados às
províncias com o intuito de persuadir as pessoas a emigrarem para o Brasil,
"sempre com o chamariz da passagem gratuita e com base numa propaganda
persistente, repetitiva e sugestiva", esses ganchos conseguiam convencer milhares de pessoas a emigrar,
o que não era difícil, haja vista o grande número de pessoas que viviam na
penúria naquela região espanhola. Essas famílias eram levadas até o município
de San Roque, de barco ou de trem. De lá, tinham que caminhar por cerca de três
horas até chegar à região de La Línea de la Concepción,
e de lá cruzavam o estreito de Gibraltar para pegar um navio que os levaria
para uma vida nova no Brasil.
A imprensa espanhola frequentemente fazia denúncias
desse tráfico de pessoas para o Brasil, tanto que o Consejo Superior de Emigración tentou
deter esse fluxo com várias medidas. Em 1910, proibiu a imigração subsidiada de
espanhóis para o Brasil. Em 1912, por Ordem Real, as atividades dos ganchos foram proibidas e, em
1914, criou o departamento de inspeção de emigração em Gibraltar e tribunais em
La Línea e em Algeciras. Por fim, em 1924, a lei de
emigração estabeleceu pena de prisão para quem estivesse envolvido com agências
de emigração, com recrutamento, propaganda e expedição de passagens ou reservas
de viagem.
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