Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Baía de Guanabara na época
da França Antártica.
O continente americano já era habitado desde pelo
menos 10000 antes por povos provenientes de outros continentes. Por volta do
ano 1000, o litoral do estado, com exceção da região da foz do Rio Paraíba do Sul (que
continuou dominada pelos goitacás), foi invadido por povos tupis provenientes
da Amazônia.
As capitanias e a França
Antártica
Esquema da batalha entre
franceses e portugueses, na baía de Guanabara, em 15 de Março de 1560,
que culminou com a destruição do Forte Coligny
À época do estabelecimento do sistema de Capitanias Hereditárias no Brasil, o território do atual estado do Rio de Janeiro encontrava-se
compreendido em trechos da Capitania de São Tomé e
da de São Vicente.
Não tendo sido colonizado pelos portugueses, em
virtude da hostilidade dos indígenas tupinambás (tamoios) e goitacás estabelecidos neste litoral, entre 1555 e 1567, a baía de Guanabara foi ocupada por um grupo de
colonos franceses, inicialmente sob o comando de Nicolas Durand de Villegagnon,
que aqui pretendiam instalar uma colônia de povoamento, a
"França Antártica".
Visando a evitar esta ocupação e a assegurar a
posse do território para a Coroa de Portugal, em Março de 1565, foi fundada a cidade do Rio de Janeiro,
por Estácio de Sá, vindo a constituir-se, por
conquista, na Capitania Real do
Rio de Janeiro.
O século XVIII
A prosperidade da Capitania foi definitivamente
assegurado quando o porto da cidade do Rio de Janeiro começou a exportar
o ouro e os diamantes extraídos de Minas Gerais, no século XVIII, de tal forma que, a partir de 1763,
a cidade do Rio de Janeiro tornou-se a sede do Vice-reino do Brasil e a capital
da colônia.
A família real
Com a mudança da Família Real Portuguesa para
o Brasil, em 1808, no contexto da Guerra Peninsular, a cidade do Rio de Janeiro foi muito
beneficiada com várias reformas urbanas para abrigar a Corte portuguesa.
Dentro das mudanças promovidas destacam-se: a transferência de órgãos de
administração pública e justiça, a construção de novas igrejas, hospitais,
quartéis, a fundação do primeiro banco do país, o Banco do Brasil, a criação da Imprensa Régia, com o primeiro jornal oficial do País, a Gazeta do Rio de Janeiro e
da Intendência Geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil. Nos anos
seguintes também surgiram o Jardim Botânico,
cursos de Medicina e Cirurgia em Salvador (hoje Faculdade
de Medicina da Universidade Federal da Bahia) e no Rio de Janeiro (hoje Faculdade
de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro), a Biblioteca Real (hoje Biblioteca Nacional)
e a Academia Real Militar, antecessora da atual Academia Militar
das Agulhas Negras.
Assim, ocorreu um processo de revolução
sociocultural, influenciada não somente pelas informações e pessoas trazidas
através da chegada da Família Real, mas também pela presença de artistas
europeus que foram contratados para registrar a sociedade e natureza
brasileira. Nessa mesma época, nasceu a Escola Real de
Ciências, Artes e Ofícios (a atual Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro).
A província do Rio de Janeiro
Após a transferência da Corte portuguesa para
a cidade do Rio de Janeiro,
a autonomia, que a província tanto aspirava, não foi alcançada da mesma forma
que as demais, já que ao ministro
do Reino, cargo que foi praticamente um substituto para o de Vice-rei
com relação ao Rio de Janeiro, era confiada a sua administração.
Aliado a isto, estava o fato de que a cidade do Rio
era a capital do Império, o que fazia com que o ministro administrasse a
província inteira por meio de "avisos", os quais dirigia às Câmaras Municipais de
cidades que, naquela época, cresciam a passos largos devido à ampliação e
fortalecimento da lavoura cafeeira, que já sobrepujava à força da lavoura
canavieira na região Norte Fluminense.
Essas diferenças com relação às demais unidades
administrativas do Brasil fez com que no ano de 1834 o
município do Rio de Janeiro fosse transformado em Município Neutro,
permanecendo como capital do império, enquanto a província passou a ter a mesma
organização político-administrativa das demais, com um presidente escolhido
pelo imperador e uma Assembleia Legislativa, tendo sua capital na Vila Real da Praia Grande, que no ano
seguinte passou a se chamar Niterói.
Já a cidade do Rio de Janeiro passava, também, a
ter uma Câmara Municipal eleita pela população local e que cuidaria da vida
daquela cidade sem interferência do presidente de província ou do gabinete dos
ministros, com exceção do serviços que ficavam subordinados ao governo nacional.
Em 1889, após a implantação da República no Brasil, a cidade continuou como capital do país, e o
então Município Neutro transformou-se em Distrito Federal após
a proclamação da Constituição de 1891. Com
a mudança da capital do país para Brasília, o antigo Distrito Federal,
torna-se o estado da Guanabara.
A despeito da grande rotatividade ocorrida no poder
da província fluminense logo após a criação do Município Neutro (que lhe deu 85
governantes até o fim do Império), a expansão da lavoura cafeeira trouxe
prosperidade nunca antes alcançada nesta região.
Mapa do Estado do Rio de
Janeiro, 1892. Arquivo Nacional.
Tanto com o surgimento de novos centros urbanos
pela província, quanto pelo esplendor exibido nas fazendas dos "barões do
café" via-se a prosperidade trazida pelo "Ouro Verde", que
também trouxe desenvolvimento da educação, notado pela construção de várias
escolas por todas as cidades.
Com isso convivia, porém, o trabalho escravo, base
de sustentação da sociedade cafeeira fluminense e que crescia sem parar à
medida que as lavouras se ampliavam pelo Vale do Paraíba. Nesse
período, a província se tornou a mais rica e poderosa no país e sua principal
exportadora.
Essa situação perdurou até por volta de 1888.
Com a abolição da escravatura, a
aristocracia fluminense se empobreceu, já que não tinha mais sua mão de obra e
ainda viu a exaustão do solo e a redução das safras colhidas ano após ano.
O estado do Rio de Janeiro
Cidade do Rio de Janeiro em
1895
A decadência foi a tônica na província nos últimos
dias do regime imperial. Na luta pela República, vários foram os fluminenses
que se distinguiram, cabendo citar Antônio da Silva Jardim, Lopes
Trovão, Francisco Rangel Pestana, entre outros. Também forte foi a presença na
campanha abolicionista.
Com a proclamação da República, logo ocorreram
problemas políticos que foram, com o tempo, lhe retirando a grandeza e o
destaque conseguidos durante o Império.
Após a aprovação da nova constituição estadual,
em 9 de abril de 1892, a capital foi transferida para a cidade de Petrópolis, devido às agitações que ocorreram durante o
governo do Marechal Floriano Peixoto nas cidades do Rio e de Niterói, e
também à Revolta da Armada,
ocorrida naquela época.
Após diversos anos em que lutas políticas fizeram o
Estado perder o rumo administrativo, fato comprovado pela dualidade de Assembleias
Legislativas por três períodos, estas fazem aumentar ainda mais
a crise econômica fluminense, que se arrasta de tal maneira a transformar,
gradualmente, suas plantações de café em pastagens para a pecuária e a fazer
com que o mesmo não acompanhe o desenvolvimento industrial experimentado por São Paulo.
A revolução de 1930 e o Estado Novo
Com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, vários
interventores foram nomeados, o que não alterou o quadro socioeconômico
fluminense até que, em 1937, foi nomeado Ernani do Amaral Peixoto,
genro de Vargas (este casou-se com Alzira Vargas em 1939) e que pôde realizar
muito pelo Estado, dando incentivo ao seu desenvolvimento industrial, com a
construção, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN)
em Volta Redonda, no Vale do Paraíba
fluminense e da Fábrica Nacional de Motores (FNM),
em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, bem
como a expansão da malha rodoviária estadual.
Amaral Peixoto ainda mobilizou a população
fluminense no esforço de guerra, que resultou na aquisição, com os recursos
arrecadados, de um novo navio para a Marinha de Guerra brasileira.
Data desse período, também, a formação de várias
instituições de ensino superior e centros de estudo sobre a cultura e história
fluminenses, que procuravam resgatar a memória e construir uma identidade para
a população do Estado, esvaziado econômica e politicamente desde o fim do Segundo Império.
A redemocratização e o Golpe de 1964
Com a queda de Vargas, Amaral Peixoto foi afastado
do comando do Estado e cinco interventores sucederam-se no governo fluminense
até a eleição, em 1947 de Edmundo de Macedo Soares e
Silva, construtor da usina de Volta
Redonda, que reorganizou a administração e as finanças estaduais, bem como
continuou o incentivo à industrialização e à produção agropecuária.
Foi sucedido, entretanto, por Amaral Peixoto, que
dá nova força à expansão industrial e rodoviária, datando desse período a
criação da Companhia Nacional de Álcalis.
Até o ano de 1964,
os governos estaduais procuram dinamizar a economia fluminense, reformando a
estrutura do estado, organizando sua educação superior (cria-se em 1960 a
"Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro",
posteriormente Universidade Federal Fluminense),
melhorando a infraestrutura elétrica (é desse período a criação das Centrais
Elétricas Fluminenses, posteriormente Companhia de Eletricidade do Estado do Rio de Janeiro) e dando
nova feição à cidade de Niterói.
Após o Golpe de Estado no Brasil em
1964, o governador Badger da Silveira,
recém-eleito em 1963, foi afastado do cargo, sendo substituído pelo
general Paulo Torres, que tratou de criar a
Companhia de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro.
Seguiram-se a ele Jeremias Fontes e Raimundo Padilha, que seria o último governador do estado do Rio de
Janeiro antes da fusão com o da Guanabara, datando do seu governo a conclusão
da Ponte Presidente Costa e Silva e
o início da construção do Central Nuclear
Almirante Álvaro Alberto.
O novo estado do Rio
Após a edição da Lei Complementar nº20 em 1974, assinada pelo presidente Ernesto Geisel, fundiram-se os estados da Guanabara e do Rio de Janeiro em 15 de março de 1975. A capital do novo estado (que manteve o nome de
Rio de Janeiro) passou a ser a cidade do Rio de Janeiro,
voltando-se a situação político-territorial anterior a 1834,
ano da criação do Município Neutro. Foram mantidos ainda os símbolos do estado
do Rio de Janeiro, enquanto os símbolos do antigo estado da Guanabara passaram
a ser os símbolos do município do Rio de Janeiro.
Alguns alegam que a motivação por trás do
presidente Geisel para a fusão foi neutralizar a força oposicionista do Movimento Democrático
Brasileiro no estado da Guanabara. O estado do Rio de Janeiro,
tradicionalmente foi considerado um polo de conservadorismo, vide governos
sucessivos do Partido Social
Democrático e posteriormente da Aliança Renovadora Nacional,
apesar da grande força do Partido Trabalhista Brasileiro (que
elegeu os dois últimos governadores antes de 1964), e depois do Movimento
Democrático Brasileiro nessa região, o que levou à errônea conclusão que esta
viria a neutralizar a oposição emedebista guanabarina, evitando maiores
problemas para o governo militar, que acaba por indicar como primeiro
governador do "novo" estado o almirante Floriano Peixoto Faria Lima.
Apesar de Faria Lima assumir o estado com promessas
do governo federal de maciços investimentos, a fim de compensar os problemas
que poderiam advir da fusão, esses não se concretizaram plenamente, mesmo com a
implantação das usinas nucleares em Angra dos
Reis e a expansão da
Companhia Siderúrgica Nacional, o que acarretou problemas que viriam a ser
sentidos, principalmente nas áreas de habitação, educação, saúde e segurança
partir da década de 1980.
Com a abertura política e a volta das eleições diretas
para governador, os fluminenses elegem no ano de 1982 Leonel de Moura Brizola(Partido Democrático Trabalhista), exilado político desde 1964 que voltava ao
Brasil com a bandeira do trabalhismo varguista, o que conquistou o eleitorado
insatisfeito com o segundo governo de Chagas Freitas.
Brizola angaria nesse primeiro mandato a antipatia
do eleitorado conservador devido às suas políticas de amparo às comunidades
carentes, encaradas como de cunho populista. No seu primeiro governo, Brizola
constrói o Sambódromo e dá
início aos Centros
Integrados de Educação Pública (CIEPs), escolas projetadas
por Oscar Niemeyer e
idealizadas pelo professor Darci Ribeiro para funcionarem em tempo integral. A
crescente crise na área da segurança pública e os desgastantes atritos com
as Organizações Globoacabaram
por impedir que ele fizesse seu sucessor.
Nas eleições de 1986, Moreira Franco foi eleito governador pelo Partido do
Movimento Democrático Brasileiro numa ampla aliança
antibrizolista, que ia do Partido da Frente Liberal ao Partido Comunista do Brasil. Moreira teve a ajuda do Plano Cruzado, plano econômico lançado no governo do
presidente José Sarney que visava o controle da
inflação e que malogrou ante a acusação, por parte da oposição, de ter sido
eleitoreiro. A decepção com o governo Moreira Franco, que não cumpriu a
promessa de acabar com a violência em seis meses, levou o eleitorado fluminense
a eleger Leonel Brizola novamente, em 1990.
Em seu segundo mandato, Brizola concluiu os Centros
Integrados de Educação Pública, construiu a Via Expressa Presidente João
Goulart, a Universidade
Estadual do Norte Fluminense, ampliou o sistema de abastecimento
hídrico do Rio Guandu e deu início ao Programa de Despoluição
da Baía de Guanabara. Porém
os problemas crônicos na área de segurança, bem como nas contas públicas
estaduais, fizeram o estado sofrer uma "intervenção branca" do
governo federal no ano de 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento e,
também, no ano de 1994. A utilização de tropas das Forças Armadas no
patrulhamento das ruas da capital foi amplamente apoiada pela população.
Em meio a esses problemas, Brizola renunciou ao
mandato a fim de concorrer às eleições presidenciais. O governo estadual foi
assumido pelo seu vice, Nilo Batista, que, após 8 meses, passou o comando para Marcello Alencar, eleito pelo Partido da
Social Democracia Brasileira em 1994 graças ao bom desempenho
de sua passagem pela prefeitura da cidade do Rio e ao sucesso do Plano Real. Marcello retomou as obras do metrô, paralisadas
desde a gestão Moreira Franco, construiu a Via Light e implementou uma política de segurança pública
mais voltada ao confronto armado, o que acabou por gerar antipatia da população
de baixa renda, mais exposta aos enfrentamentos entre a polícia e bandidos.
Na eleição seguinte, Anthony Garotinho, apadrinhado à época por Brizola e que,
anteriormente, havia perdido a eleição para Alencar, foi eleito governador pelo
Partido Democrático Trabalhista, apoiado por uma aliança de esquerda que
incluiu, como vice na chapa, a então senadora Benedita
da Silva,
do Partido dos Trabalhadores,
que o substituiu em 2002, quando ele também renunciou, como Brizola, visando à
corrida presidencial. Benedita assumiu em meio a problemas de ordem política -
Garotinho rompeu a aliança com o Partido dos Trabalhadores, sob acusações de
fisiologismo - e fiscal que acabaram por impedi-la de se reeleger, sendo
derrotada por Rosinha Garotinho, esposa
de Anthony Garotinho, que procurou, após eleita, manter o estilo por vezes
controvertido de governar de seu marido, enfrentando ainda duras críticas com
relação à situação da segurança pública.
Nas eleições de 2006, o eleitorado fluminense
elegeu Sérgio Cabral Filho como
o novo governador. A vitória ocorreu no segundo turno, após vencer a
ex-juíza Denise Frossard, apoiada
por Cesar Maia. Apesar de pertencer ao mesmo partido de Garotinho
e Rosinha (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), Cabral vem
dissociando, desde a campanha, sua imagem da do casal. A aproximação com o
presidente Lula, a nomeação de Benedita da Silva e Joaquim Levy para o seu secretariado e a extinção de
projetos como o Cheque-Cidadão e Jovens pela Paz (considerados como marcas
registradas do período Garotinho/Rosinha) foram atitudes tomadas por Cabral que
sinalizam este distanciamento, mas que permitiram, ao mesmo, alcançar a
reeleição no ano de 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário