01 maio 2013


Fandango Caiçara, um Patrimônio Cultural Brasileiro.
Um dedo de prosa...



Foto:” Grupo Manema” Festival Caiçara -Peruíbe
 O Fandango é uma manifestação cultural popular, fortemente associada ao modo de vida das Comunidades Tradicionais Caiçaras residentes no litoral sul de São Paulo e norte do Paraná, onde dança e música são indissociáveis de um contexto cultural mais amplo. Sua prática sempre esteve vinculada à organização de mutirões - nos roçados, nas colheitas, nas varações de canoa, puxadas de rede ou na construção de benfeitorias - onde o organizador oferecia como pagamento aos ajudantes voluntários, um fandango, espécie de baile com comida farta. O fandango era a principal diversão e momento de socialização dessas comunidades, estando presente em diversas festas religiosas, batizados, casamentos e, especialmente, no carnaval, onde comemorava-se  os quatro dias ao som dos instrumentos do fandango: as violas, as rabecas, os adufos e os tamancos, com grande variação de toques e danças, como: São Gonçalo, chamarrita,dandão,bailado,engenho,passadinho,recortado e outros.
Segundo a maioria dos pesquisadores Brasileiros, a origem do fandango se da na Península Ibérica, de onde teria chegado ao Brasil através dos colonizadores portugueses, e aqui teria se mesclado a outras influências, adaptando-se e diferenciando-se regionalmente.
Atualmente é cada vez mais rara a realização de mutirões, embora estes ainda sejam organizados em algumas pequenas localidades isoladas. Com o avanço da especulação imobiliária e a transformação de grandes áreas da região em unidades de conservação ambiental de proteção integral, inúmeras comunidades tradicionais foram obrigadas a migrar para as periferias urbanas de seus municípios ou de municípios vizinhos, desarticulando importantes núcleos organizadores de fandangos.
 Diante das limitações impostas por uma nova realidade, os fandangueiros encontraram outras formas de vivenciar o fandango, através da organização de clubes de baile, de festas comunitárias, formação de grupos artísticos. Desde os anos de 1960, e mais intensamente a partir do final da década de 1990, começaram a surgir na região muitos grupos de Fandango, que se reuniram na expectativa de se apresentar em festas e eventos locais, gravar CDs e divulgar o Fandango em outros municípios. Mais recentemente a criação de inúmeras associações locais, vem desenvolvendo importantes projetos de estímulo ao fandango e a fabricação de seus instrumentos. Ex: a viola branca e rabeca, onde é utilizado a caixeta, madeira branca e leve existente na mata atlântica e outras para as emendas e os detalhes. E também utilizando os espaços de apresentações para manifestar a necessidade de permanência em seu território para garantir a continuidade da sua cultura.
“AJJ-Associação dos Jovens da Jureia” Iguape                          Uma grande conquista dos Caiçaras, no final do ano de 2012, dia 29  de novembro se reuniram no Rio de Janeiro o Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN em sua 71º Reunião, o qual decidiu por unanimidade a inscrição do Fandango Caiçara  no Livro de  Registro das formas de Expressão. (Fonte: Alexandre Pimentel, Museu Vivo do Fandango e Instrumentos Musicais do Fandango Caiçara e Associação dos Jovens da Jureia)
Adriana Souza Lima,
Caiçara da Comunidade do Guaraú.
Outono de 2013.

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